Resenha: Geekerela #MLI2017 - Queria Estar Lendo

Resenha: Geekerela #MLI2017

Publicado em 22 de jul. de 2017

Resenha: Geekerela

Sabe quando você espera muito por um livro e, quando lê, esse livro faz toda a espera valer a pena? Esse foi o caso de Geekerela, da autora Ashley Poston, lançamento da editora Intrínseca. Eu esperei muito tempo para poder ler essa gracinha, e cada segundo de espera foi recompensado pelo que pode se tornar o meu favorito do ano.
Sinopse: Quando Elle Wittimer, nerd de carteirinha, descobre que sua série favorita vai ganhar uma refilmagem hollywoodiana, ela fica dividida. Antes de seu pai morrer, ele transmitiu à filha sua paixão pelo clássico de ficção científica, e agora ela não quer que suas lembranças sejam arruinadas por astros pop e fãs que nunca tinham ouvido falar da série. Mas a produção do filme anunciou um concurso de cosplay numa famosa convenção valendo um convite para um baile com o ator principal, e Elle não consegue resistir. Na Abóbora Mágica, o food truck vegano onde trabalha, ela encontra a ajuda de uma amiga cheia de talentos para moda que vai criar o traje perfeito para a ocasião. Afinal, o concurso é a chance de Elle se livrar das tarefas domésticas impostas pela terrível madrasta e das irmãs postiças malvadas. Já Darien Freeman, o astro adolescente escalado para ser o protagonista do filme, não está nada ansioso para o evento, embora o papel seja seu grande sonho. Visto como só mais um rostinho bonito, o próprio Darien também está começando a achar que se tornou uma farsa. Até que, no baile, ele conhece uma menina que vai provar o contrário. Esta releitura de Cinderela transporta para o universo nerd os principais elementos do clássico conto de fadas, fazendo uma verdadeira homenagem a todos aqueles que sabem o que é ser fã e se dedicar de coração àquilo que amam.
Geekerella conta a história da Elle; apaixonada por um antigo seriado de ficção científica que conheceu através do falecido pai, Elle vê seus pesadelos ganharem vida com a palavra "remake". Aparentemente, vão rebootar tudo o que ela amou profundamente em todos os seus anos de vida, e farão isso colocando um astro teen para interpretar o seu personagem favorito - como se o remake não fosse ruim o bastante. Enclausurada em sua casa com uma madrasta mesquinha e duas meio-irmãs complicadas, Elle decide se arriscar e tentar a sorte na única chance de vislumbrar o que será feito da sua série favorita, e também a única oportunidade de deixar os infortúnios de sua vida para trás. Do outro lado da moeda, temos Darien, o astro teen que assumirá o papel principal no remake de Starfield. Um garoto modesto, apaixonado pela série de ficção científica, que vive o melhor e o pior da fama ao conseguir o seu papel dos sonhos.
- Seria estranho se eu dissesse que entendo como você se sente? 
- Então podemos ser estranhos juntos.
Esse é o tipo de livro que quem faz parte de um fandom, qualquer que seja, vai se identificar quase que imediatamente. Tem o tipo de história que fala com fãs dos mais variados, que traz aquela sensação de "eu sei o que esse personagem está sentindo porque já senti isso". Geekerela tem um desenvolvimento fantástico do início ao fim; é uma história que encanta, que te faz sorrir e chorar com igual facilidade. E se tornou o meu favorito por equilibrar isso tão bem dentro de uma releitura genial e emocionante.


Resenha: Geekerela

Elle é maravilhosa. Eu a amo profundamente. Elle é tudo o que eu sou na minha vida geek/nerd: fangirl ao extremo, totalmente dedicada aos personagens e a entender todas as nuances dele. Leva muito a sério essa profissão-seriadora que tem, e faz questão de memorizar as coisas mais marcantes da história pela qual ela é apaixonada. Ela é humana ao extremo, cheia de medos e indecisões, marcada pela perda abrupta do pai e de tudo o que ele significava, tudo o que aprendeu com ele e que ele deixou para trás. Sozinha em um lar que não se parece mais com um lar, Elle enfrenta muita coisa pesada em seu dia a dia, e aí eu achei a sacada genial do livro: como a história nos mostra o abuso da madrasta de maneira tão nítida e sutil. Elle sofre abuso psicológico durante quase o livro todo; ela é obrigada a conviver com a madrasta, e essa madrasta a trata como uma sombra de tudo o que a incomodava no marido. Junte isso ao fato de que as filhas gêmeas dessa madrasta - Chloe e Calliope - não fazem muito para impedi-la de tornar a vida de Elle um inferno e vai entender o porquê de a protagonista ser tão contida e amedrontada quanto a se arriscar.
Sou a princesa perdida. A vilã da minha própria história, e a heroína também. Sou um pouco da minha mãe e um pouco do meu pai. E existo neste universo. Sou o possível e o impossível.
A perda do pai foi muito marcante para Elle, e o fato de ele ter morrido tão abruptamente deixou muitos vazios em sua vida. Seu pai era o universo; ele mostrou Starfield, ensinou Elle a entender tudo o que a série tinha a ensinar. Seu pai fundou a convenção anual em homenagem a série e se tornou um grande nome para os fãs, um nome que desvaneceu depois da morte precoce. Elle lutou para manter a chama viva dentro dela mesma, aquela coisa de fã que não quer perder a essência de tudo o que fez dela quem ela é, e muito da sua coragem vem daí. Assim como muitos dos seus medos.


Resenha: Geekerela
- Meu pai disse que as coisas só são realmente impossíveis se a gente nem se der ao trabalho de tentar.
Mesmo apaixonada por Starfield e tão ciente de todas as mensagens de coragem e liberdade presentes na série, Elle carrega as marcas do pesadelo que é a madrasta em seus trejeitos. Fiquei profundamente tocada por cada momento de libertação da protagonista, cada passo que ela decidiu dar em favor do seu bem estar, de quem ela era e quem sempre desejou ser. Elle é maravilhosa, tem um coração grandioso e merece o que o mundo tem a oferecer de melhor, e a narrativa te entrega isso através dos acontecimentos que se desenvolvem ao redor dela.

A coisa mais divertida a respeito dela é como reage a tudo que envolve esse remake. Com ele, vem seu maior medo: ver Starfield arruinada. E, em seu blog, ela faz questão de deixar bem claro o quanto isso pode ser desastroso - inclusive iniciando uma série de críticas ao astro teen escolhido para interpretar seu personagem favorito. Como eles se atrevem? Um dos motivos para ela entrar para o concurso de cosplay da convenção é exatamente para mostrar o quanto ela ama a série e o quanto a série pertence emocionalmente a Elle.
- Como atores, só podemos nos colocar no lugar de outra pessoa por um tempo e dar o nosso melhor. Somos instrumentos. Lemos as anotações nas páginas e as interpretamos.
Com o remake, também vem o segundo ponto de vista do livro: Darien. O astro teen que tem uma legião de fãs, algumas polêmicas traumáticas em seu passado e a certeza de que ele finalmente conseguiu o que sempre sonhou - o papel do seu personagem favorito. O príncipe Carmindor, protagonista da série original. Um nome com o qual Darien sempre se identificou, uma figura que ele admirava e idolatrava, e agora sua chance de dar vida ao novo "ele". Acontece que, para os fãs, Darien não é a melhor escolha para o papel. E aí nasce muito da insegurança que ele carrega dentro da história, a ideia de que ressuscitar esse personagem da maneira errada pode acabar com os seus sonhos. E ele seria o responsável por tudo isso.


Resenha: Geekerela

Darien passa por muita coisa depois de aceitar o papel em Starfield, e não somente receio diante do julgamento que vai haver quando os fãs assistirem ao novo filme. Ele é solitário porque o pai - seu empresário - só o trata como um produto a ser vendido; é inseguro por ter confiado em amigos e ter sido traído descaradamente; é um garoto assustado com a vida e com tudo que ela oferece, sem poder vivê-la completamente por causa da fama e do nome que carrega. Gostei muito das inseguranças dele, do modo como a autora desenvolveu seus temores. O núcleo do Darien tem ótimos personagens, principalmente sua assistente, Gail, e seu guarda-costas, Lonny. Uma adulta atrapalhada e ansiosa e um brutamontes cheio de bom humor.
Como me sentir mais verdadeiro justamente quando estou escondendo minha identidade?
O interessante nesses dois protagonistas é ver realidades tão distantes e distintas e ainda assim personalidades que combinam tão bem. E isso existe pelo fato de que, como uma boa releitura de Cinderela (e de Nova Cinderela, ouso dizer) eles começam a se comunicar por mensagens. Nem Darien nem Elle sabem que estão conversando um com o outro, mas o amor por Starfield os une, e essas mensagens muitas vezes são incentivo para eles tomarem decisões importantes. A relação nasce daí, e é linda e tem um crescimento tão bom. É uma amizade virtual, uma crush à distância, e principalmente aquela ideia de que um desconhecido está te entendendo melhor do que você mesmo. É o tipo de ship que causa comichões e te faz querer rolar no chão porque eles são tão perfeitos e pertencem um ao outro. A conexão se forma e você só torce desesperadamente para que eles se encontrem e descubram quem são!
- Nós somos quem quisermos ser. Qualquer um pode ser o que quiser.
O que é bem engraçado de se esperar, uma vez que a Elle odeia o Darien por ele ser um astro teen prestes a arruinar seu personagem favorito, e o Darien se ressente com a Elle por todos os textões que ela postou em seu blog. 


Resenha: Geekerela

Duas personagens coadjuvantes ganharam meu coração junto aos protagonistas, e foram Hera, a filha da dona do foodtruck onde a Elle trabalha, e Calliope - sim, uma das meio-irmãs gêmeas da protagonista. Hera é excêntrica, cheia de boa vontade e comentários sarcásticos. Com seu cabelo verde-azulado e suas roupas confeccionadas em casa, ela é uma incógnita para Elle principalmente porque Elle não sabe se relacionar com outras pessoas, nem fazer amigos - e é aí que a Hera entra. Porque, quando as duas se aproximam por causa do concurso de cosplay, percebem que têm muito em comum e minha nossa, como elas não eram melhores amigas desde sempre?

E Cal, como gosta de ser chamada, foi uma incógnita para o leitor em boa parte da história, mas garanto que tem gratas surpresas vindas da sua personagem. Ela se mantém à sombra da irmã e da mãe, mas ganha um arco incrível lá para o fim da obra.


Resenha: Geekerela

Ah, e falando nos diabos... A madrasta, Catherine, e Chloe, a gêmea do mal, são realmente a representação do que é uma família abusiva. Catherine e seu jeito controlador e as respostas sempre voltadas para "é o melhor para você", o que significa que não existe liberdade e nem possibilidade de diálogo. Ela tem uma obsessão com perfeições, e Elle aparentemente não se encaixa nisso. Elle é a "aberração" em seu círculo familiar; e o nojo que eu tive em toda cena que Catherine se referiu a Elle como algo do tipo. Chloe, por outro lado, é uma amostra do que esse tipo de criação pode fazer com uma pessoa. Não, eu não senti pena dela; Calliope, sim, teve minha empatia. Mas é como a própria história diz: algumas pessoas só são más; porque é confortável, porque elas gostam, porque aprenderam e não quiseram mudar. Simples assim. É a releitura de Cinderela, afinal de contas, e a autora trouxe uma excelente representação do que a madrasta significava na vida da personagem do conto de fadas.
Até podemos ser diferentes, torcer por casais diferentes, ou ser fãs de histórias diferentes, mas, se aprendi alguma coisa nestes vinte e três dias enfiado num uniforme da cor errada, interpretando um personagem que eu nunca pensei que seria capaz de interpretar, foi que, quando nos transformamos nesses personagens, partes de nós se acendem como fogos de artifício. E brilham. Nós brilhamos. Juntos.
O clima geek e toda a fantasia de Starfield - claramente inspirada em Star Trek, mas com referências a outros grandes nomes da cultura sci-fi - foram ótimos. Ashley Poston realmente trouxe toda uma sensação de imersão na cultura nerd de maneira natural; você lê a convenção, os cosplayers, os personagens apaixonados por outros personagens, tudo isso é real. Crível. E maravilhoso, especialmente para quem também ama algum universo fictício.


Resenha: Geekerela

A edição da Intrínseca ficou a coisa mais linda! Todos os detalhes que compõem a obra tornam o visual dela impecável. Diagramação e tradução estão ótimas, a revisão também. E, de novo, preciso elogiar esse trabalho de capa/contra-capa e orelhas e atrás delas, porque ficou belíssimo!


Resenha: Geekerela
É o tipo de beijo que cria possibilidades.
Geekerela ganhou meu coração e minha devoção até algum outro young adult conseguir me causar tudo o que esse livro causou: risos, lágrimas, e a sensação de estar em casa dentro dos sonhos e das realizações desses personagens.


Título original: Geekerella
Autora: Ashley Poston
Editora: Intrínseca
Gênero: Romance / YA
Nota: 5 +

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6 comentários:

  1. Oi Denise,
    São tantos elogios a essa obra que estou mega curiosa para conhecê-la.
    Adoro a premissa, tem tudo para me conquistar.
    Além dessa capa delicada e bonita, né?
    Ah, vou tentar ir hoje na semana do livro nacional, espero te encontrar lá!
    beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com.br/

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  2. Olá, Denise.
    Em primeiro lugar parabéns pela excelente resenha. Eu vi bastante alvoroço em torno desse livro, mas não sabia muito sobre ele. E agora eu quero para ontem. Já sinto que vou me identificar muito com a protagonista. E essa edição parece estar muito linda.

    Prefácio

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  3. Oi Denise! Nossa, rola uma super identificação com a protagonista mesmo, adorei! A história parece muito boa e sua resenha ficou sensacional! Já coloquei na lista de leituras!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  4. Oi, Denise!
    Menina, com certeza eu vou me identificar e muito com a Ella hahahahaha
    Essa edição da Intrínseca está um amor mesmo. Confesso que estava com um pé atrás com a história, mas com certeza vou dar uma chance depois dessa resenha maravilhosa.
    Te indiquei numa tag super mara no blog (aqui ó)
    Beijos
    Balaio de Babados
    Participe do Sorteio de Férias: cinco livros, um ganhador!

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  5. Desde que soube do lançamento desse livro fiquei com vontade de ler! Ele chamou muito minha atenção. Adorei a resenha.
    Bjs
    https://eternamente-princesa.blogspot.com.br

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  6. já li esse livro a um tempo, amei muito ele inteiro! adorei a resenha.

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