Resenha: O rei das cinzas - Queria Estar Lendo

Resenha: O rei das cinzas

Publicado em 14 de jul. de 2018

Resenha: O rei das cinzas

O Rei das Cinzas é o primeiro livro d'A Saga dos Jubardentes, de Raymond E. Feist o consagrado autor da série A Saga do Mago, e foi publicado pela editora HarperCollins - que nos cedeu um exemplar para resenha. O livro é um prelúdio do que pode ser uma grande fantasia por vir.

A Saga dos Jubardentes começa a ser contada em meio a sangue e traição, em um campo de batalha onde os corpos caídos ainda estão quentes e as decisões ali tomadas vão mudar e moldar os anos a frente.

Um rei é traído e massacrado, sua família covardemente assassinada e suas terras saqueadas. Mas o sangue Jubardente não foi extinto, e um bebê pode ser a peça inicial de um plano longo e  bem orquestrado para a derrubada de um tirano.

A história é contada através de três núcleos: Declan um aprendiz de ferreiro que vive em uma vila na área da Aliança; Hatu um órfão em treinamento na ilha de Coaltachin; e Daylon, o barão de Marquensas, responsável por esconder o último da linhagem dos Jubardentes. É pelos olhos destes três personagens, principalmente dos órfãos Declan e Hatu, que se desenvolve narrativa dessa aventura.

Não foi a primeira vez na vida que o Barão Daylon Dumarch perguntou-se sobre aquele homem que via no espelho.

Declan acaba de se tornar mestre ferreiro e precisa começar a pensar qual o rumo dará a sua vida, até o momento que um ataque à sua vila tira a decisão de suas mãos. É em Marquensas que ele encontra Daylon, para cumprir uma promessa de seu ex-mestre, e acaba se dirigindo até Cerro de Beran, onde poderá finalmente se estabelecer e começar uma nova fase da sua vida.

Declan não é um personagem muito difícil de se gostar, é justo, honesto e tem um bom coração. Mas irrita em alguns momentos com suas atitudes indecisas quanto a determinado assunto, e que não acrescentam em nada à história.

Resenha: O rei das cinzas

Hatu, por sua vez, é um menino complicado e que vive em fúria. Treinado na arte da espionagem e assassinato ele é um estrangeiro na ilha de Coatachin, muito diferente dos demais com sua pele clara e cabelos vermelhos flamejantes. Seu papel é claro e importante, e existe um amadurecimento perceptível do personagem, mas isso não impede que as passagens de seus capítulos sejam lentas e em certos aspectos desestimulantes.

Sua relação com Hava não conquista, bem ao contrário, de tal modo que as imensas e intermináveis passagens de seus pensamentos sobre o corpo da amiga e seu desejo por ela, assim como seus sentimentos, só fazem sufocar a leitura.

- Não existe farsa - sussurrou Rodrigo - quando o sangue é de verdade.

Declan parece a princípio não ter tanto a agregar à história quanto Hatu, mas o seu desenvolvimento é muito mais prazeroso de se acompanhar. Ainda que a trajetória de Hatu seja mais interessante, repleta de elementos instigantes e que despertam a curiosidade do leitor, o personagem não vinga e não consegue carregar a leitura.

Daylon Dumarch, o barão de Marquensas, é uma incógnita a ser apreciada. Suas passagens de núcleo são mais escassas e curtas, não entregando ao leitor sua visão ou real posicionamento até os minutos finais. Um articulador nato e que não pertence ao clube dos heróis, ainda que possa estar ao lado deles. Possivelmente um dos personagens que virá a crescer com o decorrer da série, e de quem eu mais terei prazer em acompanhar.

Resenha: O rei das cinzas

A Saga dos Jubardentes conta com elementos clássicos de fantasia, e algumas coisas novas e inesperadas, que estou curiosa para descobrir mais. Muitos segredos e jogos políticos ainda nos aguardam nos livros por vir, e quero muito entender o papel que terá a Igreja do Deus Único, sinto que coisa boa não é (nunca é!).

- Quando quatro dos cinco Grandes Reis declaram que só uma fé é verdadeira e todas as outras são heresias, acho que você pode prometer qualquer coisa.

A leitura em um contexto geral foi um pouco complicada e aquém do esperado. As descrições sem fim e sem necessidade ajudaram a deixar o ritmo mais lento, impedindo um mergulho completo e visceral na trama apresentada. Cento e cinquenta páginas a menos poderiam ter feito dessa uma leitura muito mais agradável. Mas o livro possui o que é necessário para uma boa história, e acredito que os próximos livros suprirão as lacunas deixadas aqui.

O Rei das Cinzas é um primeiro passo na trajetória a ser contada, o prólogo de uma grande saga que se iniciou.

Sinopse: O mundo de Garn já foi composto de cinco grandes reinos, até que o rei da Itrácia foi derrotado e todos os membros de sua família foram executados por Lodavico, o implacável rei de Sandura, um homem com ambições de dominar o mundo. A família real de Itrácia eram os lendários Jubardentes, e representavam um grande perigo para os outros reis. Agora restam quatro grandes reinos, que estão à beira de uma guerra.Mas há rumores de que o filho recém-nascido do último rei de Itrácia sobreviveu, levado durante a batalha e acolhido pelo Quelli Nacosti, uma sociedade secreta cujos membros são treinados para infiltrar e espionar os ricos e poderosos de Garn. Com medo de isso ser verdade, e a criança crescer com um coração cheio de desejo de vingança, os quatro reis oferecem uma enorme recompensa pela cabeça da criança. Na pequena vila de Oncon, Declan é um aprendiz de ferreiro, aprendendo os segredos da produção do fabuloso aço do rei. Oncon está situada na Covenant, uma região neutra entre dois reinos. Desde que a área de Covenant foi declarada, a região existiu em paz, até a violência explodir com traficantes de escravos indo até a vila capturar jovens homens para serem soldados em Sandura. Declan precisa escapar, para levar seu conhecimento precioso para o barão Daylon Dumarch, comandante de Marquensas, talvez o único homem que pode derrotar Lodavico de Sandura, que agora se aliou à fanática Igreja do Deus Único e está marchando pelo continente, impondo sua forma extrema de religião sobre a população e queimando descrentes pelo caminho.Enquanto isso, na ilha de Coaltachin, o domínio secreto da Quelli Nacosti, três amigos estão sendo instruídos nas artes mortais de espionagem e assassinato: Donte, filho de um dos mais poderosos mestres da ordem; Hava, uma menina séria com habilidades de luta que poderiam derrubar qualquer oponente; e Hatu, um rapaz estranho e conflituoso no qual fúria e calma lutam constantemente, e cujo cabelo é de um tom brilhante e ardente de vermelho.

Título original: King of Ashes
Autor: Raymond E. Feist
Editora: HarperCollins
Tradução: Guilherme Miranda
Gênero: Fantasia
Nota: 3,5
SKOOB


10 comentários:

  1. Oiii Duda

    Eu gostei dessa aparição da Igreja do Deus ÚNico, é o tipo de elemento que sempre dá pra muita história de conspiração e conflitos. Minha colega d blog está lendo esse livro e está gostando muito, eu quero ler futuramente também, tenho curiosidade em conferir a escrita desse autor.

    Beijos

    www.derepentenoultimolivro.com

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    1. Oi Alice,
      eu também adoro quando misturam religião em livros de fantasia, sempre gera grandes conflitos e ótimas reflexões! Eu acho que os próximos livros da série tem tudo para serem muito bons!

      Att.,
      Eduarda Henker

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  2. Oi, Eduarda!

    Essa é a segunda resenha que leio hoje desse livro e tô vendo que a série vai fazer sucesso, já tá ganhando vários comentários positivos, e tem tudo pra ser uma grande história!

    xx Carol
    http://caverna-literaria.blogspot.com

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    1. Oi Carol,
      pois é o autor é bem famosinho então a aposta é bem grande na série. Espero que cumpra o que vem prometendo!

      Att.,
      Eduarda Henker

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  3. Oi Eduarda,
    Ixi, eu estava tão empolgada por esse livro... Acho melhor voltar a ter os pés no chão, rs.
    Como estou lendo muitas fantasias, fiquei mega animada com esse lançamento.
    Beijos
    https://estante-da-ale.blogspot.com/

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    1. Oi Alê,
      então é muito questão de gosto, né? Eu sei que a Sil, por exemplo, curtiu bem mais que eu. Talvez seja o seu caso também!

      Att.,
      Eduarda Henker

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  4. Oi, Duda!
    Se tem algo que me brocha nas leituras é justamente as descrições demais. OK que vamos apresentar um mundo novo e tals, mas custa muito ser sucinto?
    Beijos
    Balaio de Babados

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    1. Oiis Lu,
      menina o que me pegou foi que as descrições nem tinham muita função ali, sabe? Não eram construção de mundo, não tinham um sentido ou uma boa justificativa, sei lá.

      Att.,
      Eduarda Henker

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  5. Olá, Eduarda.
    Pelo jeito gostei mais do livro do que você. Não achei o ritmo lento, consegui ler ele muito rápido. E gostei muito dos personagens e sei que nos próximos volumes eles irão crescer mais. Entendo seu ponto de vista sobre o romance, mas achei que por eles terem aquilo de tomar banho junto foi que teve essa coisa dele ficar pensando no corpo dela. Mas vamos ver o que dá nos próximos volumes.

    Prefácio

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    1. Oi Sil :)
      Sim eu vi que tu gostou, fiquei bem feliz. Porque eu queria muito ter amado a leitura, então assim eu fico com esperança de poder curtir mais os próximos. Sobre o romance o que me incomodou não foi a parte sexual de ficar pensando sobre a Hatu e o corpo dela, sabe, mas o fato de que ele ficava o tempo todo pensando nisso. Eu tava meio que "Ok, entendi que tu gosta e tem tesão nela, agora me conta algo novo", porque fora isso e saber que ele tem problemas com controle de raiva, eu fico me perguntando o que eu sei sobre o personagem, e a resposta era meio que "nada".

      Att.,
      Eduarda Henker

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