Resenha: Reino de Cinzas - Sarah J. Maas - Queria Estar Lendo

Resenha: Reino de Cinzas - Sarah J. Maas

Publicado em 12 de nov. de 2018

Resenha: Reino de Cinzas - Sarah J. Maas

Reino de Cinzas é o último capítulo na grandiosa saga Trono de Vidro, da Sarah J. Maas. Um livro sobre guerra, sobre esperança e sobre a coragem de uma heroína inesquecível. Um final magnífico para tudo que essa série prometeu.

Esta resenha pode conter alguns spoilers dos títulos anteriores da série.

A trama se divide entre os muitos personagens que protagonizam essa história junto à Aelin. Para mostrar a imensidão da ameaça e da guerra que se assoma sobre o mundo, a autora espalha os núcleos entre várias partes do continente, com um único fim: reunir forças suficientes para derrotar o grande exército sombrio que se aproxima e ameaça destruir o último bastião de esperança que ainda resiste.

Era uma vez, em uma terra que há muito se tornou cinzas, uma jovem princesa que amava seu reino...

Falar sobre finais é sempre desesperador. Você chega neles morrendo de medo de não ter as expectativas correspondidas; aqui, a sorte é que elas foram superadas. Sarah J. Maas entregou, com perfeição, o fechamento que cada um desses personagens e seus núcleos mereciam. Entregou aos fãs da série, como eu, um livro para guardar no coração e jamais se esquecer. E aí está o desespero. Parece que nada que eu falar vai ser suficiente para cobrir o que foram essas 992 páginas.

Aelin é e sempre será o grande nome dessa série. A assassina, campeã do Rei, herdeira do fogo e de um reino de cinzas enfrenta as sombras e o medo em sua jornada para reconquistar seu trono e garantir um futuro a Terrasen e todos que dependem dela.

Presa a um caixão de ferro e sentenciada à crueldade de Maeve, Aelin depende de seus aliados para escapar daquele terror. Não é nenhum spoiler dizer que, em determinado momento da trama, ela vai se ver livre daquele tormento; o caminho dessa personagem envolve mais do que recobrar a própria coragem e a esperança, mas se trata de representar essa coragem e essa esperança para aqueles que a seguem. Aelin vivencia muitos horrores que podem e vão influenciar em sua maneira de lidar com a guerra.

Resenha: Reino de Cinzas - Sarah J. Maas

Eu nunca vou elogiar o desenvolvimento dela o suficiente. De uma garota resmungona para uma guerreira determinada até uma rainha régia e poderosa, Aelin tem, certamente, um dos melhores arcos de toda série. Eu chorei e sorri e vou guardar sua história em meu coração por muito tempo. Aelin me mostrou o que é bravura, lealdade e amor e mostrou o que é ser uma comandante benevolente e uma heroína, acima de tudo. Esse livro é um marco para sua jornada, para a assassina liberta das minas de sal até a herdeira que sonha com a liberdade do seu povo e com o peso da sua coroa.

"Há um mundo melhor lá fora. E eu lutarei por ele."

Ao seu lado, Rowan se mostrou, mais uma vez, um companheiro equilibrado e forte, um igual à sua amada. O arco do guerreiro neste livro tem muito a ver com encontrar o seu lugar na corte prometida por Aelin, não só ao lado dela, mas entre os muitos apoiadores dela. Rowan é uma voz e uma figura impiedosa, mas também um coração de ouro e um feérico apaixonado que sonha com a paz que foi perdida há tanto tempo.

As cenas entre eles encheram meu coração. É o tipo de companheirismo e amor que transcende a guerra, a incerteza; que promete um futuro, mesmo que esse futuro seja incerto. Não só Rowan e Aelin, na verdade, mas todos os casais dessa saga representam essa igualdade e essa entrega equilibrada, a ideia de que onde um estiver, o outro estará logo ao seu lado, seja em um campo de batalha ou em uma paisagem pacífica.

Manon e Dorian roubaram a cena em relação ao desenvolvimento de suas histórias individuais. Eu falo com tranquilidade que o arco de Manon Bico-de-Ferro é o melhor que esse livro entregou; o de Aelin foi magnífico, sim, mas o da Manon e das Treze foi transcendental. O que a Sarah guardou para as bruxas, sua redenção e sua aliança, toda a jornada de Manon em busca do seu lugar entre as guerreiras do ar, entre aquelas que foram renegadas - assim como ela - meu irmão, como eu chorei. Como eu berrei. Como eu me emocionei.

Uma cena, em particular, me deixou soluçando abraçada ao meu Kindle por muito, mas muito tempo.

Resenha: Reino de Cinzas - Sarah J. Maas

A irmandade entre Manon e suas Treze companheiras de luta é uma das coisas mais lindas que já tive a alegria de ler; o quanto as Treze se dedicam à guerra, à causa da sua superior, o quanto elas acreditam e vivem para ver Manon triunfando sobre uma ideia que, para todas as bruxas, não passa de uma lenda. Todas ali estão em busca do seu lar, da paz há muito prometida, e foi uma das coisas mais lindas que esse livro me deu.

"Seja a ponte, seja a luz. Quando o ferro derreter, quando botões de primavera florescerem nos campos outrora manchados de sangue... deixe que a terra testemunhe. E retorne para casa."

A força e a voz da Manon junto às suas irmãs de luta, sua postura frente aos conselhos de guerra, sua determinação em lutar por um mundo melhor, como prometeu a Aelin. São vários os motivos que a levam às decisões que toma, aos momentos mais emblemáticos da obra. É de tirar o fôlego e te deixar roendo as unhas porque toda a adrenalina das batalhas que Manon vivencia chega até você.

Do outro lado da moeda, Dorian está bem solitário em meio às bruxas, mas nem por isso menos determinado. Ele tem uma missão, uma bem difícil e perigosa, mas sabe que precisa cumpri-la para dar ao mundo - e a Aelin - uma chance de escapar de toda aquela escuridão.

- Eu não preciso da misericórdia de um garoto. 
- É a misericórdia de um rei que você recebe.

Eu quis GRITAR E BERRAR E ABRAÇAR E SOCAR o Dorian durante boa parte do livro. Ao mesmo tempo em que era conciso e coerente, ele agia de maneira precipitada e desesperadora e meu desejo era de entrar no livro pra arrastar ele pelos cabelos ao mesmo tempo em que nunca mais o soltava de um abraço. Dorian se mostrou uma grata surpresa como nos títulos anteriores; se alguma parte de mim achou que não havia mais o que crescer em seu arco pessoal, essa parte estava muito errada.

Resenha: Reino de Cinzas - Sarah J. Maas

E eu amo como o caos da Manon encontra a ordem do Dorian e como eles combinam tão perfeitamente bem. Como os sorrisos mortíferos dela são um equilíbrio aos bem humorados, como eles se veem no mesmo patamar de poder e se respeitam dentro disso. Como seus corações são ressentidos por todas as perdas e crueldades do mundo e mesmo assim encontram uma razão para sentir um no outro. Que ship poderoso que SJM nos deu.

De novo e de novo, a canção de fogo e escuridão a atravessou em direção ao mundo.

Aedion vivencia momentos tensos e perturbadores junto a Lysandra e outros personagens do seu núcleo; mesmo que todos neste livro passem por provações aterradoras, é notável e louvável a coragem que moveu Lysandra a sustentar a esperança. A não desistir, não importa quão sombrio o horizonte se mostrasse. Aedion, por outro lado, mostra um lado problemático e sombrio que eu não esperava encontrar no personagem.

Junto com a Manon e as Treze, o arco dos dois foi o que mais me deixou na ponta da cadeira, o que mais me fez tremer em medo e nervosismo, rezando pra que uma luz aparecesse logo sobre cada um deles. Sarah soube dosar muito bem o tempo entre os capítulos e a forma como eles se desenvolveram, o que ajudou a construir uma montanha-russa bem nítida dentro da guerra; uma subida lenta e torturante até o estouro de subidas e descidas e a sensação sufocante de que as batalhas nunca teriam fim.

Lysandra, aliás, outra das mulheres muito poderosas que comandam este livro. Aedion pode ser o general responsável pelas tropas, mas é sobre a metamorfa que reside o plano para impedir que tudo desmorone. Não só isso, mas toda firmeza na tomada de decisões, todos os questionamentos, tudo que move Lysandra para continuar lutando; é de um poder e de uma presença impressionantes e que combinam tão bem com tudo que Aedion representa. Se eu chorei com esse casal? Ô se eu chorei.

Elide e Lorcan fazem parte da comitiva de Aelin, mas têm espaço para seus desenvolvimentos solitários também. Afastados por causa do fim de Império de Tempestades, eles agora confrontam um horizonte de guerra e a incerteza que isso traz; Lorcan, com todo o peso de ter servido à Maeve e de ter dado as costas a ela para se juntar à sua inimiga, e Elide pelo que isso representava para Lorcan, incerta quanto a conhecê-lo realmente dentro daquele cenário caótico.

Tal como os outros personagens, eles tiveram seus momentos de glória na história. Sarah encaixou, dentro de cada núcleo, um grande acontecimento para cada nome importante para a história; uma maneira grandiosa de dizer adeus a esses personagens e suas respectivas tramas. O de Elide, devo dizer, foi de tremer na base - e o de Lorcan está conectado a esse momento.

Por último, mas definitivamente não menos importante, Yrene e Chaol, que retornam ao continente com o exército khagan, como acordado ao fim de Torre do Alvorecer, mas com seus próprios problemas em meio a isso. O alcance da guerra se estendeu além de Terrasen; assim como os outros, Chaol e Yrene precisam confrontar as sombras antes de avançar para uma possível reunião com a resistência. Mesmo seus números parecem ínfimos perto ao poder de Erawan, mas eles trazem consigo a esperança. A união de povos distantes que encontraram na liberdade um motivo para lutar lado a lado.

Resenha: Reino de Cinzas - Sarah J. Maas

Eu amo meus pais Chaol e Yrene e vou louvá-los para todo o sempre. Torre do Alvorecer soou muito como um ponto final no crescimento do Chaol, e aqui ele se mostra um líder ainda mais competente e ciente dos sacrifícios e dos problemas que vai enfrentar. Ao lado de Yrene, sua igual, parte do seu coração e de sua força, Chaol tem forças para continuar; para lutar por Adarlan, Dorian e por Terrasen, por Aelin e seus amigos. Por um futuro e um mundo melhor.

"Eu estou mais feliz do que posso expressar, Yrene, de dividir isso com você. Tudo que precisar, eu sou seu para comandar."

YRENE
YRENE
YRENE
Quem leu vai entender.

Essa personagem que começou tão escondida lá nos contos reapareceu para se tornar uma das peças principais do jogo de poder correndo pelo continente. Yrene representa a cura e a vida e, para ela, Sarah J. Maas reservou momentos magníficos e de um poder difícil de descrever. Eu me vi gritando e rolando pelo chão porque o que essa mulher faz neste livro, a força que ela carrega, só lendo para entender esses surtos.

A participação de Nesryn e Sartaq também é vital, uma vez que são os comandantes de boa parte das tropas do exército khagan. Eu talvez não tenha sentido tanto a falta deles na narrativa por causa da quantidade de personagens e também pela sensação de que Torre do Alvorecer foi a promessa do futuro deles; aqui, eles participaram como coadjuvantes bastante importantes, mas com a promessa ainda ecoando para o que acontecerá caso a guerra tenha um fim positivo.

Deus do céu, olha o tamanho da resenha e eu sinto que não falei nem metade o que tinha para falar de cada personagem e núcleo. Isso sem contar a própria história.

Com esses arcos estabelecidos, a autora desenvolve sua obra prima. As cenas de ação são carregadas em adrenalina e destrincham nervosismo a cada página, fazendo você devorar os capítulos em busca de um momento de calmaria.

E os momentos de calmaria, em sua maioria, são tão carregados em incerteza e medo que dá ainda mais nervoso sobre o que está por vir; Sarah, no entanto, não mostra apenas sombras e terror. Esse livro também tem amor, de todos os tipos. Fala sobre a força da família, do companheirismo, da amizade. Fala sobre a força entre os amantes e seus corações, a força entremeada nos sonhos de cada um desses personagens.

Resenha: Reino de Cinzas - Sarah J. Maas

Minha única crítica é mais uma birra e um detalhe que eu achei um pouco engraçado e tem a ver com o fato de as cenas de batalha serem muito, mas muito semelhantes a várias que ocorreram em O Senhor dos Anéis. Como fã, foi impossível não reconhecer o padrão dos cercos e das cenas e eu só conseguia pensar "hmmm, já vi isso antes". Por sorte, não foi em absoluto e Sarah conseguiu entregar mais momentos originais e surpreendentes, deixando essas semelhanças de lado com o tempo.

O que as sombras - Erawan e Maeve - representam é bem desenvolvido, dá medo porque parece impossível de derrubar, mas o que importa realmente é pelo que se luta. Um mundo melhor. E é tudo pelo que você torce em todas as 992 páginas; pode parecer gigantesco, mas te prometo que passa rápido. Rápido demais. Ao fim, a sensação que ficou foi de vazio e de saudade, uma dor boa, uma despedida digna.

Não havia escuridão na história dela.

Eu termino esta resenha aqui porque, se pudesse, falaria por mais páginas e páginas sobre como Kingdom of Ash marcou meu coração para sempre. É um livro lindo, emocionante e definitivamente a despedida perfeita para tudo que Trono de Vidro representou para mim, em todos esses anos acompanhando a série. 

Adeus, minha Fireheart, e obrigada por tudo.

Sinopse: A jornada de Aelin Galathynius de escrava para assassina para rainha chega ao seu fim  com a guerra que irrompe em seu mundo. Ela arriscou tudo para salvar seu povo - mas a um custo grandioso. Trancada em um caixão de ferro pela rainha dos Fae, Aelin precisa resistir aos meses de tortura infligidos a ela. O conhecimento que Maeve quer arrancar dela, as informações que podem condenar aqueles que ela ama, isso a impede de quebrar, mas sua determinação está se desfazendo a cada dia que passa. Com Aelin presa, Aedion e Lysandra são a última linha de defesa que impede Terrasen de ser destruído. Contudo, até mesmo os muitos aliados que eles reuniram para combater as hordas de Erawan podem não ser suficientes para salvar o reino. Espalhados pelo continente e correndo contra o tempo, Chaol, Manon e Dorian devem forjar seus próprios caminhos para alcançar seus destinos. E do outro lado do mar, Rowan avança para encontrar sua esposa e rainha capturada - antes que ela se perca para sempre. Alguns laços se aprofundarão e outros serão cortados para sempre, mas, à medida que os fios do destino se entrelaçam, todos devem lutar para encontrar a salvação - e um mundo melhor.

Título original: Kingdom of Ash
Autora: Sarah J. Maas
Editora: Galera Record
Tradução: Mariana Kohnert
Gênero: Fantasia
Nota: 5

9 comentários:

  1. Impossivel ler esse post e não querer conhecer os livros, tão bom quando uma história surpreende tanto a ponto de ficar marcada para sempre em nós!

    www.kailagarcia.com

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  2. Oiii

    Sarah J Maas arrasa,ela consegue escrever um calhamaço sem cansar o leitor de jeito nenhum, uma rainha. Eu só li o primeiro dessa série e apesar de ter gostado muito acabei não lendo ainda os demais por falta de tempo... Pretendo compensar isso em breve e finalmente conhecer a série toda.

    Beijos

    www.derepentenoultimolivro.com

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  3. Nunca li nenhum livro dessa série, mas da para ver na sua emoção da escrita da resenha, que essa história é maravilhosa!

    www.vivendosentimentos.com.br

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  4. Oi, Nizz!
    Mana, eu achei que seria capaz de ler essa resenha, mas não consegui. Eu só vou poder ler esse livro lá por meados de dezembro e eu sei que se eu ler essa resenha não vou conseguir fazer nada! MIM PERDOA E NÃO DESISTE DE MIM! Mas saiba que vou surtar muito na DM do ig hahahaha
    Beijos
    Balaio de Babados

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  5. Menina, vc arrasou!!! *palmas*
    Terminei o livro agora, e estava aqui com esse emaranhado dentro de mim. Obrigadaaaa por esse elaborado. Arrasou!!

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  6. Série extraordinária... Inesquecível... Terminei agora depois de dias e dias de leitura...passando por tdos os livros...com o objetivo de confirmar tdo o que ja ja ti ouvido falar sobre essa série incrível... Nao Achei que ela conseguiria fazer outra obra tao incrível como Corte Rosas e Espinhos ... Mais ela se superou... Final épico...me sinto recompensada ... E órfã dessa história maravilhosa... Agora... Vem a ressaca..vou ficar meses achando tdoo que pego pra ler medíocre...

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  7. Esse foi o livro mais emocionante que eu já li em toda minha vida, eu dei risada, gritei de raiva, chorei horrores, até mesmo fiz os três ao mesmo tempo em certos capítulos. A saga de TOG deixou uma saudade enorme em mim, KOA me deixou sem chão em alguns capítulos, as vezes eu sentia minha alma indo embora, mas amei ele, foi um final digno, Aelin, Rowan, Elide, Fenrys, Manon, Dorian e todos os outros personagens sempre vão ter um lugar especial no meu coração, terminei a saga hoje e ainda dói saber que acabou :'(

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    1. Oii,já estou no terceiro livro da trilogia e gostaria de saber se o final é feliz e todos ficam bem no final. Não ligo bem com finais tristes :(

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    2. Oi, Anony! O final é bem de novela, pode ler de boas. Tem poucas mortes nesse livro.

      Bjs!

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