Controle remoto: Por Lugares Incríveis - Queria Estar Lendo

Controle remoto: Por Lugares Incríveis

Publicado em 4 de mar. de 2020


Tem um motivo pelo qual nem eu e nem a Bianca conseguimos resenhar Por Lugares Incríveis antes, e é simples: não sabemos falar sobre essa história. Ela é linda, sensível, extremamente triste e importante. É uma história sobre luto e sobre emoções e sobre questões psicológicas que ainda são tabu na sociedade. E a adaptação da Netflix faz um trabalho impecável ao entregar tudo que o livro criou.

A história acompanha Violet (Elle Fanning). Um ano após um acidente de carro que matou sua irmã, ela está na beira da ponte, meio fora de si por causa das emoções pesadas, quando Theodore Finch (Justice Smith) a encontra. A partir daí, nasce uma relação entre eles; de estranhamento, a princípio, até que um trabalho de escola onde os dois devem conhecer alguns lugares incríveis de Indiana os aproxima mais e mais - até que eles passam a entender um pouco mais um do outro; o lado fácil e o difícil.

Por Lugares Incríveis é um livro pesado, apesar de ser direcionado para o público jovem adulto. É uma história sobre a dor do luto, da vida, de não se entender e não ser entendido. É mais do que uma história sobre superação, é sobre sofrimento, principalmente. Todos os tipos dele. É o tipo de narrativa que fala sobre encontrar salvação, mas que nem todo mundo consegue ser salvo.



A história da Violet e do Finch é aquele tipo que pega nos lugares mais inesperados, que fala com você de maneiras diferentes. É denso às vezes, leve em outras. É cheio de sensibilidade e emoção e é de partir o coração em muitas cenas - tanto no livro quanto na adaptação. A adaptação, aliás, chegou a um ponto mais difícil pra mim justamente por contar com o lado visual. A minha imaginação podia não ir tão longe, mas os olhares que a Elle e o Justice empregam pros personagens são difíceis de evitar. São carregados de hesitação, de terror, de perdição e então de amor, de alegria, de liberdade.

O filme fala de assuntos delicados como suicídio, depressão, luto e outras questões psicológicas que não vou me aprofundar para não dar mais spoilers. São coisas que assombram e a história não tem medo de mostrar o quanto perturbam e o quanto são perigosas quando deixadas nas sombras.

É justamente aí que está o desenvolvimento e é justamente aí que a gente se quebra; a história fala de esperança, mas nem todo mundo consegue ser salvo. É uma realidade pesada e é tão DIFÍCIL falar sobre isso, explicar a angústia e a tensão que eu senti enquanto estava assistindo. É um filme honesto porque promete algumas coisas, mas não faz mágica para que aconteçam. A vida não é um conto de fadas, e muitas vezes dói demais. Tem ganchos pra ajudar as pessoas a se sustentar, mas alguns não conseguem alcançar. E se a gente não falar sobre a dor, ela não vai embora.



A Violet e o Finch experimentam diferentes tipos de dores e de medos e de momentos por todo o desenvolvimento da película. Vivem seus sorrisos e gargalhadas e suas tristezas e lágrimas, e a gente vai junto com eles. Porque esse é o poder dessa história.

O motivo de Por Lugares Incríveis ser tão importante pra mim, tão doce e amargo ao mesmo tempo, é por mostrar esse lado bom e o lado ruim sem medo de ser transparente. E é por isso que é também importante falar que esse não é um filme pra todo mundo; não a toa ele está classificado como 16 anos pela Netflix. Porque tem cenas pesadas, tem cenas perturbadoras e pode não te fazer bem se você não estiver bem.

É uma narrativa linda e melancólica sobre a vida e os problemas e caminhos que aparecem para resolvê-los. Sobre atalhos que são perigosos e sobre companhias que são o essencial para ajudar, mas nem sempre para salvar. Eu com certeza vou passar muito tempo, de novo, pensando na história da Violet e do Finch e em como eles me marcaram para todo o sempre.


9 comentários:

  1. Oi, Denise
    Acho que essa obra tá deixando ou muita gente apaixonada ou decepcionada. Aqui em casa quem leu foi minha irmã e ela amou o livro. Só que eu queria assistir mas pelos comentários e pelo tema, não sei se seria a melhor decisão neste momento.
    Mesmo assim espero poder tirar uma conclusão melhor futuramente.
    Beijo
    https://www.capitulotreze.com.br/

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    1. Oi, Mi!
      Se não é o melhor momento, guarda pra assistir em outro. É uma experiência válida e bem intensa, então quando tu puder assistir vai valer a pena sim!

      Bjs, Nizz.

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  2. Oi Denise!
    Eu tenho muita vontade de ler o livro, mas agora todo mundo falando do filme tenho pensado bastante em apenas assistir (nao decidi ainda kkk). Mas gostei muito da sua resenha, é um tanto diferente das impressões que eu to vendo por aí.
    Os Delírios Literários de Lex

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    1. Oi, Lex!
      O livro e o filme tem suas diferenças, mas ambas as experiências são bem válidas se tu estiver bem com os gatilhos e a história. É uma trama muito importante e a Violet e o Finch são apaixonantes <3

      Bjs, Nizz.

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  3. Oi, Nizz!
    Bem, vamos concordar em discordar sobre esse filme. Eu já achei que a autora não soube trabalhar bem alguns detalhes do livro. O que mais me incomodou foi a falta de tato ao trabalhar a condição do Finch. Por ser uma empresa que vive tomando represálias por conta dos gatilhos sempre presentes em 13 Reasons Why, eles deveriam ter tido um maior cuidado ao abordar a doença do personagem.
    Beijos
    Balaio de Babados

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    1. Oi, Lu! Tudo bom?
      Então, dentro da minha vivência (óbvio, meu caso específico) como alguém que passou por problemas similares (não da gravidade do Finch, mas o suficiente pra entender o que ele sentiu) eu discordo. Tal como no livro, é tudo bem nu e cru na tela. Não tem nenhuma poesia e nenhuma romantização do lado suicida dele, não tem irresponsabilidade da parte do roteiro e da cinamatografia como foi o caso de 13RW. Ele existe junto com os momentos felizes e de repente é tudo que existe na cabeça dele. Veio do trauma e também não é colocado como "vingança" pelo que ele sofre na escola; só está ali e ao mesmo tempo em que ele tenta entender, ele tenta escapar e melhorar, tem pessoas que não conseguem ser salvas. E aí que tá a parte dolorosa e realista - tanto do livro quanto no filme. O que falta pra gente é a voz dele, mas isso o Justice fez muito na interpretação e passou pra mim tudo que a obra tinha passado.
      Passa bem longe da falta de noção da Netflix com 13RW, definitivamente. É sensível e consciente e por isso tão importante. Como eu disse na resenha, não oferece uma fórmula mágica, mostra exatamente onde dói sem romantizar.

      Bjs, Nizz.

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  4. Oi De, o pessoal está bem dividido sobre esse filme, como eu não li o livro, ficou a impressão, ao menos pra mim, que o roteiro poderia ter sido mais profundo em alguns aspectos. Por outro lado, a mensagem que pra mim é bem positiva. E particularmente gostei das atuações.

    Bjs, Mi
    O que tem na nossa estante

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