Resenha: Let's talk about love #MLI2020 - Queria Estar Lendo

Resenha: Let's talk about love #MLI2020

Publicado em 6 de jul. de 2020

Resenha: Let's talk about love #MLI2020

Let's talk about love é um YA contemporâneo da Claire Kann que fala sobre amor e assexualidade. Foi uma das minhas escolhas para a Maratona Literária de Inverno 2020 e hoje a resenha é pra falar um pouco mais sobre essa lindeza de história.

Na trama, acompanhamos Alice. Ela é uma universitária bastante indecisa a respeito do que fazer com sua vida acadêmica, com pouco tempo para declarar sua escolha de carreira - totalmente pressionada pelos pais, que esperam muito dela. Não apenas isso, mas Alice está com problemas na vida amorosa também: sua namorada terminou o relacionamento delas pura e simplesmente porque Alice não quer sentia desejo físico por ela.

Porque Alice é assexual. E apesar de amar isso a respeito de si mesma, ela se sente pressionada pelo mundo externo e expectativas e o término só a perturba ainda mais a respeito da própria orientação; isso e o novo contratado da livraria onde ela trabalha, que começa a mexer com seu corpo e mente de jeitos que ela nunca tinha experimentado antes. Isso significa que ela não é mais assexual? Ou que existem exceções e está tudo bem falar sobre isso?

Por que não se apoiar em ficção, fantasia, para ajudar a se sustentar até entender o que é real e o que não é? É melhor do que estar sozinha o tempo todo.

Sua jornada de descobrimento e entendimento a respeito de quem é, quem sempre foi e quem continuará sendo é extremamente sensível e bem trabalhada. A autora apresenta uma protagonista divertida, cabeça dura e emocional. Alice é totalmente movida pelos sentimentos; romântica incurável, apaixonada por abraços e carinhos, o único detalhe a respeito de si mesma que ainda não tem coragem de expor ao mundo é que é assexual. E tá tudo bem sobre isso.

Resenha: Let's talk about love #MLI2020

Não ter saído do armário para o resto das pessoas não a torna menos membro da comunidade, e certamente não tira o peso das suas dúvidas e questionamentos. E durante toda a história, tudo que Alice quer é ficar bem consigo mesma.

Eu amei o modo doce e natural com que a trama tratou sua orientação. Não só a respeito da assexualidade, mas do fato de Alice ser biromântica - o que significa que ela gosta dos dois gêneros, mas não se atrai sexualmente por eles. O livro não cai em esteriótipos bi e ainda quebra ideias preconceituosas a respeito de assexuais; me ver ali nos pensamentos da Alice foi muito importante e poderoso. Ela era eu em tudo que concernia suas dúvidas e aceitações e esse livro é muito impactante por isso.

Meu problema está com o resto das pessoas. Eu não tenho vergonha ou incerteza ou qualquer coisa do tipo. Eu sou assexual. É maneiro. Eu só não quero ser um cartaz de exibição pra ninguém. Não fui feita para estar nas linhas de frente.

Isso sem mencionar os momentos em que abre espaço para falar sobre racismo e sobre a solidão da mulher negra. Afinal de contas, Alice é negra e queer, o que significa que sofre muito mais quando aborda suas emoções e vivências para o mundo.

É também uma comédia romântica, tenha isso em mente, então enquanto Alice sofre suas sofrências dramáticas e engraçadinhas, ela também está se apaixonando lentamente por Takumi, seu colega de trabalho - e sofrendo mais ainda para entender que tipo de sentimento exatamente é esse. É físico, porque Takumi é lindo e maravilhoso? É romântico, porque ele é um amor de pessoa? É nenhum dos dois?

O livro questiona e dá respostas e mais questões e mostra a complexidade que é a relação entre as pessoas; seja essa relação romântica, sexual ou simplesmente tudo.

Além da parte das questões e do interesse amoroso, Alice também passa por crises em relação às suas duas amizades mais duradouras (e únicas) que são Ryan e Feenie. Além de seus melhores amigos e colegas de apartamento, eles namoram, o que coloca Alice em situações que a fazem questionar o quanto essa convivência faz bem para ela.

Resenha: Let's talk about love #MLI2020

Eu queria ter visto um pouco mais de pulso firme dela sobre essa questão, principalmente com a Feenie. Para uma melhor amiga ela foi extremamente abusiva e babaca em MUITOS momentos e a Alice aceitou isso de boas demais pro meu gosto. Entendo seus trejeitos e personalidade pacíficos, mas a narrativa coloca um confronto ali que acaba cedo demais. E que não tira da Alice a situação submissa à toxidade da amiga.

Está tudo bem. Todo mundo passa por momentos onde são menos do que seu melhor.

Com exceção a isso, é um livro fofo, rápido e engraçado. Tem tudo que uma romcom boa tem que ter e ainda trás protagonismo de dois POCs, além de dar voz a uma personagem fofa e com um coração de ouro e uma das melhores representações ace que eu já li na vida.

Sinopse: Alice planejou seu verão todo. Maratona de seus programas de TV favoritos com comida à vontade (melhores amigos totalmente incluídos) com pouco tempo para problemas de adulto - tudo isso enquanto trabalha na biblioteca para pagar sua parte do aluguel. A única coisa faltando em seu plano perfeito? A namorada dela (que terminou as coisas quando Alice confessou que é assexual). Alice está de saco cheio de relacionamentos - não, obrigada, nem tente discutir, enfie um garfo nela, pronto. Mas, então, Alice conhece Takumi e não consegue parar de pensar nele ou nos sentimentos românticos pelos quais ela não pediu (incerteza, borboletas e devaneios, oh meu Deus!). Quando seu verão feliz dá uma guinada inesperada, e Takumi se torna seu cavaleiro com um crachá brilhante de funcionário da biblioteca (perto o suficiente), Alice precisa decidir se está disposta a arriscar a amizade por um amor que pode não ser correspondido ou compreendido.

Título original: Let's talk about love
Autora: Claire Kann
Editora: Swoon Reads
Gênero: YA | LGBTQIA+
Nota: 5

10 comentários:

  1. Aiii que lindo! Eu nunca li livros com protagonistas LGBTQ, e acho que nenhum assexual também, mas já percebemos que eu preciso começar a procurar títulos novos haha Eu acho tão legal que as autoras estão trazendo cada vez mais representatividade, e mostrando personagens assim, principalmente trazendo conhecimento para o público adolescente ou aqueles que também pela mesma situação. O fato da autora também trazer uma personagem negra, e mostrar uma espécia de amizade abusiva também comba com toda a construção do livro. Pena que ela não aprofundou muito a questão da amizade, mas com certeza é uma obra que devo colocar na minha wishlist.
    Beijo!
    http://www.capitulotreze.com.br/

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    1. Oi, Mi!
      Infelizmente tanto por aqui quanto lá fora ainda tem muito poucos, mas é um momento que o mercado tá abrindo espaço para publicações que envolvam representação das outras letras da sigla, então tenho certeza que ainda vamos ver muito protagonismo queer!
      Eu amei tudo a respeito do livro e vou panfletar pra toda editora que aparecer na frente. É a cara da Seguinteeeee.

      Beijos!

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  2. ah precisa mesmo ter mais livros YA com personagens LGBT+ que fala desse descobrimento para que todos possam ter essa identificação das descobertas da adolescencia mesmo sendo LGBT, adorei a indicação

    www.tofucolorido.com.br
    https://www.instagram.com/liviaalli/

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    1. Oi, Livia!
      É muito importante ter mais e mais de representatividade, principalmente em livros pro público juvenil, sim! E o mercado agora tá abrindo esse espaço, awomen <3

      Beijos!

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  3. Olá, Denise.
    Só para constar eu fico muito frustrada quando vejo a resenha de um livro maravilhoso por aqui ou no blog da Luiza e dai vejo que só tem em inglês hehe. Mas se lançar por aqui com certeza vou ler porque eu particularmente não sei muito sobre ser assexual. E para falar a verdade aqui no seu blog foi a primeira vez que vi falar sobre isso naquela postagem sobre as cinco coisas sobre vocês hehe.

    Prefácio

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    1. Oi, Sil!
      AAAAAAAAA desculpa D: eu tento panfletar o máximo possível que é pra ver se alguma editora pega a deixa. Esse livro é perfeito pra vir pra cá.
      Ainda tem muita pouca representação ace em histórias assim, mas os títulos YA que tão saindo lá fora tão se abrindo mais pro resto da sigla, então tenho certeza que vamos ver cada vez mais disso!

      Beijos!

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  4. Mulher, lendo esse lance dela não ter se assumido assexual para o mundo lembrei justamente de um texto que li falando sobre isso; que não se assumir para todo mundo exceto você não te faz menos da comunidade
    Enfim... olha tu me vendeu direitinho esse livro viu? Agora fiquei super tentada. Inclusive achei que era mais um YA no meio de tantos, mas fui fisgada
    Beijos
    Balaio de Babados

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    1. Oi, Lu!
      Menina, pois é! Eu sempre me senti meio mal por ser parte da comunidade mas não ter coragem de falar abertamente a respeito (até porque tenta explicar pro mundo que você é biromântica e ace............) mas nos últimos anos geral tem falado como é importante se sentir aceita e parte mesmo não tendo "saído do armário". E é uma coisa pra desconstruir devagar também.
      Espero que tu consiga ler! É realmente uma história fofa e engraçadinha, e de quebra ainda traz essa discussão bacana sobre aceitação.

      Beijos!

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  5. Oi De! Nossa achei o tema incrível! Primeiro porque nunca li nenhum livro com protagonista assexual, segundo que é a primeira vez que leio o termo biromântica e terceiro porque me parece tudo muito bem desenvolvido. Certamente uma ótima leitura!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  6. eu estava mesmo procurando mais livros ace (sedenta por representatividade que estou), esse livro não só trata disso como de outros temas que me são muito importantes, com certeza na lista de "agora mesmo só faça". Mas já vejo eu com raiva da situação com os amigues tóxicos (sem paciência aqui). Obrigade pela indicação.

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