Resenha: Killer Clown Profile - Retrato de um Assassino - Queria Estar Lendo

Resenha: Killer Clown Profile - Retrato de um Assassino

Publicado em 3 de nov. de 2020

Resenha: Killer Clown Profile - Retrato de um Assassino

Killer Clown Profille - Retrato de um Assassino é um livro que cobre a investigação e julgamento de John Wayne Gacy, um dos assassinos em série mais cruéis dos Estados Unidos. Escrito por um dos promotores do caso, Terry Sullivan, em parceria com o jornalista Peter T. Maiken e publicado pela primeira vez em 1983, chegou ao Brasil em 2019 pela editora DarkSide Books - que nos cedeu um exemplar para a resenha.


Sinopse:  Ele era um cidadão modelo. Voluntário no hospital. E um dos serial killers mais sádicos de todos os tempos. Mas poucas pessoas conseguiam ver o monstro por debaixo da maquiagem colorida de palhaço que John Gacy usava para entreter as crianças no subúrbio de Chicago. Poucos podiam imaginar o que estava enterrado sob sua casa dos horrores - até que um garoto adolescente desapareceu antes do natal de 1978, levando o promotor Terry Sullivan pela maior caçada de sua carreira. Reconstruindo a investigação - a patir dos registros de violência do passado de Gacy até a terrível descoberta de 29 corpos de garotos abusados por Gacy no vão de sua casa e mais 4 encontrados no rio - os chocantes testemunhos de testemunha ocular de Sullivan nos leva onde poucos livros de true crime já levaram: para dentro do coração da investigação e julgamento de um serial killer.


Tem muitos anos que histórias de true crime me fascinam - na mesma proporção em que me apavoram - e a história de John Wayne Gacy e a casa dos horrores, onde enterrou 29 pessoas, foi uma das primeiras que li sobre. E mesmo depois dos textos que li na internet, dos programas de TV e episódios de podcast que já ouvi sobre, ler Killer Clown Profile: Retrato de um Assassino fez parecer que eu não sabia nada sobre o caso.


Assim como aconteceu com Máscara da Maldade - BTK, neste livro temos a chance de conhecer mais a fundo a investigação e o julgamento do palhaço assassino. A impressão que sempre temos com esse tipo de caso é que assim que descobriram os crimes, prenderam o assassino e jogaram a chave fora. No entanto, a realidade é bem diferente.


Resenha: Killer Clown Profile - Retrato de um Assassino


Os autores passam bastante tempo explicando sobre a vigilância feita com John Wayne Gacy, com início em suas suspeitas do envolvimento dele no sequestro do adolescente Robert Piest, até as suspeitas de múltiplos assassinatos.


Fisicamente estávamos todos esgotados, mas era talvez a compreensão do mal que havíamos revelado que nos desanimava mais do que tudo.


Assim, acompanhamos o dia a dia dos policiais na vigilância, com todas as inconveniências - desde carros ferrados do departamento, perseguições em alta velocidade enquanto Gacy tentava despistá-los e até refeições que dividiram com o assassino. Bem como o dia a dia dos promotores, que tentavam a todo o custo garantir um caso sem brecha, por onde Gacy não fosse capaz se livrar de seus crimes - como já tinha acontecido antes.


No entanto, pra mim, muito mais do que me aprofundar na investigação, Killer Clown Profile - Retrato de um Assassino realmente me marcou por conta do foco que deu as vítimas. É comum nas séries e documentários o foco estar todo no assassino - bem do jeito que eles gostam. No entanto, aqui pudemos conhecer melhor as vítimas - ao menos algumas delas - e sentir a revolta por tudo que aconteceu.


Resenha: Killer Clown Profile - Retrato de um Assassino


John Wayne Gacy assassinou cerca de 33 pessoas - embora tenha quem acredite em que possa ter mais vítimas enterradas por aí que nunca foram encontradas. A época do julgamento, 8 vítimas ainda não tinham sido identificadas e ainda hoje existem corpos esperando a identificação. Nem mesmo o assassino sabia o nome de todas elas, o que causa ainda mais revolta.


[Gacy] Era da opinião de que as pessoas deveriam fazer o que bem entendessem, desde que não violassem os direitos dos outros e não coagissem ninguém a nada;


Aliás, a revolta e a frustração é uma sentimento muito forte durante a leitura e me pegou muito. Enquanto os policiais não fizeram objeções ao desaparecimento de Robert Piest e começaram a busca assim que ele foi reportado - o que era algo até incomum na época, já que tudo isso aconteceu antes da criação do Amber Alert e comumente classificavam adolescentes desaparecidos como fugidos de casa - ele foi só a última de uma longa lista de vítimas que não tiverem a devida atenção da polícia.


E não só esses rapazes: antes de começar a matar, Gacy já tinha estuprado e abusado de adolescentes, chegando a ser condenado por conduta sexual inapropriada. Mas cumpriu apenas 3 anos e saiu da prisão decidido a não voltar - ou seja, decidido a não deixar sobreviventes.


Resenha: Killer Clown Profile - Retrato de um Assassino


É sempre extremamente frustrante ver como crimes sexuais são/eram vistos como "menores", sem falar da crença anterior de que criminosos sexuais não eram violentos. O caso de Gacy é só mais um em uma pilha onde, ao ignorar crimes de natureza sexual, permitiu-se a criação de assassinos.


E aqui ainda podemos adicionar mais a camada do preconceito, já que os crimes foram rapidamente associados a comunidade gay, uma vez que algumas de suas vítimas eram homossexuais. Embora Killer Clown Profile - Retrato de um Assassino não entre muito nesse mérito, é interessante perceber como algumas das vitimas foram simplesmente ignoradas porque era gay ou trabalhavam com prostituição.


Quase tão perturbadora era a confirmação de que sua conduta sádica e violenta continuou sem freio mesmo com às queixas prestadas à polícia por ao menos cinco vítimas conhecidas - três delas em Chicago, onde Gacy sempre se safava.


Ainda assim, chorei quando trouxeram os relatos dos pais, fosse sobre as últimas interações com os filhos ou o momento que perceberam que eles podiam estar entre as vítimas de Gacy. E chorei mais um pouco quando informaram que alguns corpos continuam sem identificação porque muitos familiares não querem:


  • Que seus entes queridos sejam associados a homossexualidade (mesmo que muitas vítimas de Gacy tenham sido garotos que se identificavam como héteros);
  • Descobrir que este foi o destino de seus entes queridos, associando-os aos detalhes horrorosos dos crimes aos quais tem conhecimento.

Resenha: Killer Clown Profile - Retrato de um Assassino


De forma geral, ler sobre true crime é sempre uma montanha russa de sentimentos, por isso não é o tipo de leitura que recomendo para qualquer pessoa. É preciso ter estômago e nervos. Portanto, se você é uma dessas pessoas, vai encontrar uma leitura muito interessante em Killer Clown Profile - Retrato de um Assassino. É uma leitura densa e meticulosa, com informações frustrantes e de dar raiva, mas também bastante completa e definitiva sobre o caso.


Título original: Killer Clown: the John Wayne Gacy murders
Autores: Terry Sullivan e Peter Maiken
Tradutor: Lucas Madgiel e Mariana Branco
Editora: DarkSide Books
Gênero: Não ficção | True Crime
Nota: 5
SKOOB


Resenha: Killer Clown Profile

5 comentários:

  1. Com certeza não é meu estilo. Na verdade, passo bem longe desse tipo de leitura. Não tenho estomago kkkk


    www.vivendosentimentos.com.br

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  2. Eu conheci esse serial killer por conta de uma temporada de American Horror Story. Um dia quem sabe não leio esse livro e fico sabendo mais sobre ele, mas só de pensar que era palhaço já fico me tremendo toda kkkk
    Beijos
    Balaio de Babados

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  3. Olá, Bianca.
    Eu nunca li nenhum livro dessa linha de crimes reais. Eu sou meio fraca para esse tipo de coisa. Quando assisto jornais já fico com as imagens na cabeça e nem durmo direito depois. E pelo que vi esse é bem forte.

    Prefácio

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  4. Eu gosto muito de livros assim, nao tinha ouvido falar sobre esse, mas eu ja quero muito ler. adorei o post. bjs bjs https://beperes.blogspot.com

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  5. Anônimo16.12.23

    O livro é bem escrito, minha única ressalva e a parte da interminável vigilância do Gacy, podiam ter resumido mais pois tem muita coisa que torna a leitura enfadonha.

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