Resenha: É assim que se perde a guerra do tempo - Queria Estar Lendo

Resenha: É assim que se perde a guerra do tempo

Publicado em 12 de fev. de 2021

Resenha: É assim que se perde a guerra do tempo

É assim que se perde a guerra do tempo, dos autores Amal El-Mohtar e Max Gladstone, é uma das apostas da Editora Suma e com certeza uma aposta certeira. Através de cartas e relatos que acompanham uma guerra temporal sem fim, duas inimigas no campo de batalha se apaixonam perdidamente em meio ao cenário impossível.

Para quem gosta de livros de ficção científica, pode se interessar por:

O livro acompanha Blue e Red, agentes de dois lados de uma guerra infinita. Nessa guerra, a Agência e o Jardim estão lutando para perturbar o passado e futuro de diferentes filamentos de tempo e multiverso; é uma bagunça temporal completa, e elas são a causa e a consequência, a ordem e o problema, a resposta e a pergunta para tudo que acontece.

De repente, elas começam a se comunicar. Através de cartas que, a princípio, são provocações de uma inimiga para outra, Blue e Red se aproximam. Se apaixonam. E entendem os perigos em meio a esse sentimento tão grandioso que é o amor em meio a uma guerra temporal.

É assim que se perde a guerra do tempo é um livro bastante bizarro e por isso tão perfeito.

Fico pensando em como somos um microcosmo da guerra como um todo, você e eu. Uma ação e uma reação oposta e igual.

Sem linearidade na trama, tudo que temos para entender o que está acontecendo está nos relatos das agentes. E, ainda assim, fica a sensação de perdição - o que é totalmente compreensível, uma vez que estamos acompanhando uma guerra temporal. Não tem que fazer sentido. Não tem que ser linear. A beleza dessa obra está justamente em ser tão inesperada, tão esquisita e tão belamente composta nessa bizarrice.

Resenha: É assim que se perde a guerra do tempo

A narrativa de Amar e Max mescla tantas emoções tão bem que é fácil se afeiçoar a Blue, sua racionalidade e concisão, e a Red, o lado mais caótico e fervoroso de uma guerreira temporal. Aos poucos, suas personalidades se encontram e se moldam uma a outra; aos poucos, Blue se torna mais esperançosa e enérgica e Red, mais emotiva e viva.

Mas quando penso em você, eu quero ficar sozinha junto. Eu quero lutar contra e a favor. Eu quero viver em contato. Quero ser um contexto para você, e que você seja para mim.

A guerra deixa de ser o centro dos seus universos para se tornar um palco em que elas podem cruzar cenas. Um espaço, sem espaço realmente, sem certeza, onde elas eventualmente vão se encontrar - seja no passado, enquanto uma tenta impedir uma ilha de afundar e a outra faz de tudo para causar essa catástrofe; seja num passado ainda mais longínquo, quando criaturas bizarras povoavam um espaço de terra estranho e enquanto uma das agentes precisa incentivar uma criatura a seguir em frente, a outra precisa atrapalhar.

Suas vidas se entrelaçaram assim, ao acaso, e de repente suas cartas e os sentimentos nela também.

Resenha: É assim que se perde a guerra do tempo

Eu amei tanto essa leitura que é difícil me expressar, como sempre acontece com meus favoritos. As personagens são um completo pandemônio e são maravilhosas por isso. Eu me apaixonei pela Blue e pela Red conforme elas se apaixonavam, sofri com os percalços das jornadas e dos segredos entre as cartas, passei nervoso com o destino e as possibilidades.

É incrível quanto azul há no mundo, quando se presta atenção.

Afinal de contas, quando a gente shippa enemies to lovers é uma sofrência só, né?

As cartas que elas trocam, a evolução da curiosidade pra simpatia pra amizade pra atração e flertes até finalmente o amor, é tudo tão, tão lindo. Tão emocionante. Você lê e se sente imersa dentro daquela realidade sem sentido em que elas vivem. Você quer que dê certo, mas não faz ideia de como isso pode funcionar.

O livro mescla bastante essa tensão do futuro desconhecido com a esperança que nasce do amor entre as duas. Um sentimento que nenhuma delas conhecia e que de repente se torna tão essencial.

Resenha: É assim que se perde a guerra do tempo

Eu sofri, chorei e terminei esse livro querendo mais, mas sabendo que era o final perfeito que ele precisava ter. É o tipo de história que vai roubar seu fôlego e atenção e te manter com a atenção fixa em tudo que está acontecendo até o final.

E que final! Conforme vai se aproximando e as consequências das ações de cada uma delas desencadeiam em respostas e reviravoltas, eu só conseguia gritar e rolar pelo chão de tanto que estava sentindo ao mesmo tempo.

Você precisa encontrar minha presença em seus pensamentos, enredada entre eles como a luz do sol na água.

Eu sinto que nunca vou falar o suficiente sobre esse livro, mas é difícil quando a beleza dele está justamente em ler. Falar não faz jus à poesia que é a narrativa, as personagens, esse universo de guerra e tempo que os autores criaram.

É assim que se perde a guerra do tempo entrou pra minha lista de favoritos do ano e da vida. O romance entre Blue e Red se divide em infinitas linhas temporais e mostra o poder desse sentimento, mesmo em meio a tanto caos e complicações. Eis uma história que vou indicar para todo mundo até o fim dos tempos - e além disso, quem sabe?

Sinopse: Entre as cinzas de um mundo em ruínas, uma soldada encontra uma carta que diz: Queime antes de ler. E assim tem início uma correspondência improvável entre duas agentes de facções rivais travando uma guerra através do tempo e espaço para assegurar o melhor futuro para seus respectivos times. E então, o que começa como uma provocação se transforma em algo mais. Um romance épico que põe em jogo o passado e o futuro. Se elas forem descobertas, o destino será a morte. Ainda há uma guerra sendo travada, afinal. E alguém precisa vencer.

Título original: This is how you lose the time war
Autores: Amar El-Mohtar e Max Gladstone
Editora: Suma
Tradução: Natalia Borges Polesso
Gênero: Romance | Ficção científica
Nota: 5+

Se você gosta de histórias com romance e viagem no tempo, vai gostar de ler Mil Pedaços de Você, da Claudia Gray.


15 comentários:

  1. Eu queria ter gostado mais, mas ainda assim eu curti na medida do possível. Minha única reclamação era que eu queria saber mais sobre as agências e essa tal guerra
    Beijos
    Balaio de Babados

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    1. Oi, Lu!
      Ah sim, a questão de ser tudo jogado ali acho que funcionou na história justamente por tratar de uma coisa tão "difícil de explicar" quanto o tempo. Pra mim funcionou pelo cenário e pela ideia do etéreo e atemporal, mas entendo não ter curtido.

      Bjs, Nizz.

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  2. Oi Denise,
    Eu até vi esse e-book disponível no netgalley, mas acabei deixando passar, não estou muito no clima de ler sobre guerras. Gosto dessa questão do amor ser um sentimento forte, mas no plano em que ele acontece, não está muito fácil de ser lido agora.
    beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

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    1. Oi, Alê!
      O legal desse livro é que a guerra é bem background, a gente fica totalmente perdida nela porque o foco é nas agentes e no romance - principalmente nas cartas.
      Espero que você consiga ler um dia!

      Bjs, Nizz.

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  3. Eu entendi o bizarro porque fiquei bem confusa com a descrição dessa guerra. Mas eu entendo que é isso que chama a atenção do leitor, se gostarem do estilo da história. Eu acho legal essa ideia de inimigos se atraírem e como isso pode implicar em situações sérias. Não tinha lido nenhuma resenha a respeito do livro antes mas fiquei curiosa a respeito da obra.
    Beijo!
    http://www.capitulotreze.com.br/?m=1

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    1. Oi, Mi!
      É beeeeeem fora da casinha mesmo, mas funciona dentro da proposta da história. Não vejo como se explica uma guerra do tempo, ela só existe junto com todas as linhas do tempo infinitamente.
      Tomara que você consiga ler eventualmente, vale muito a pena!

      Bjs, Nizz.

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  4. Oi, Denise

    Eu li de coração aberto mesmo, pois depois da aclamação eu não poderia deixar de dar uma chance. Infelizmente pra mim essa bizarrice toda não funcionou não, muito menos o romance. De interessante pra mim só ficaram as metáforas e só. Mas que bom que você gostou tanto.

    Beijos
    - Tami
    https://www.meuepilogo.com

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    1. Oi, Tami!
      Que pena tu não ter curtido tanto. Eu acho que falta mais de livros bizarros e originais assim publicados por aqui, nosso mercado fica muito numa zona de conforto e a gente perde tantas histórias legais e diferentes por isso :/

      Bjs!

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  5. Ooi!
    Eu já estava para ler esse livro pois só pela capa e o titulo eu adorei. Sua resenha é a primeira que eu li dele e já adorei tanto... Ainda mais você relacionando um pouco com Mil Pedaços de Voce que é um dos meus lviros favoritos da vida.

    Silviane, blog kzmirobooks.com• Siga no Instagram: @kzmirobooks

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    1. Oi, Silviane!
      AAAAAA que bom que se interessou com a resenha! O livro é bem diferentão, mas é maravilhoso por isso. Se você gostou dessa coisa toda de multiversos e viagem no tempo, vai curtir a ideia desse!

      Bjs!

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  6. Oi Denise! A sua é a terceira resenha que leio do livro e em nenhuma encontrei a mesma opinião e a sua foi a única positiva. Acho que este livro atinge cada leitor de uma maneira e não descarto ler futuramente para entender tantas opiniões diversas. Bjos!! Cida
    Moonlight Books

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    1. Oi, Cida!
      É um dos famosos 'ou goste muito ou desgoste bastante', o que é uma pena porque eu queria que todo mundo amasse como eu amei. Foi um impacto atrás do outro, e eu quero ler mais coisas assim agora!
      Espero que você consiga conferir algum dia.

      Bjs!

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  7. Oi,por favor poderia me falar a idade recomendada para ler esse livro?

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    1. Oi! Pela narrativa mais complexa e tal, eu diria que para um público adulto ou para adolescentes acostumades a ler ficção científica e livros que têm uma narração mais complicadinha ;)

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  8. Oi, Denise! Acabei de ler o livro, e fiquei tãooo impactada com a história, que corri aqui na net para achar alguma resenha sobre o livro, e a sua foi a primeira que achei! É uma narrativa complexa no início, eu me perdi um pouco no começo, porque gosto de fazer uma imagem de pessoas e lugares ( acho que todo leitor faz isso), mas não conseguia fazer isso.Mas a poesia e narrativa tão inigualável, as metáforas tão bem encaixadas, e a história tão fluida, que isso ficou até mesmo em segundo plano. Cada momento, cada virada de página, Red é Blue ganhavam novas nuanças na minha mente, que foi tão triste quando o livro acaba!! É um crescendo, que desabrocha numa beleza sensorial nunca antes experimentada por mim!! Acho que vou ter que ler tudo de novo, para saborear bem devagar toda essa beleza é poesia de novo!! Simplesmente fantástico!!

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