1) Vamos começar com a apresentação básica aos leitores e leitoras do blog: em poucas palavras, quem é Jorge?
Eita, socorro, eu não sei. Acho que é alguém surtado
capaz de passar o dia inteiro assistindo desenhos animados e aberturas de
desenhos animados antigos. Dá pra me definir em picos de alegria e de tristeza
e amor por lontras, basicamente. Jorge é trouxa e acredita em amor ao estilo
HSM e, ao mesmo tempo, acredita que tudo não passa de um grande acaso porque
todo mundo vai morrer um dia e nada do que acontece no mundo inteiro faz
sentido algum. Acho que dá pra perceber esse medinho do futuro nos meus
personagens, porque coitados, né.
2) Você tem histórias tanto na área da Fantasia quanto na
parte Contemporânea. Fala um pouquinho pra gente sobre as diferenças entre
compor esses universos tão distintos – mas que, no cerne, acabam sendo
semelhantes, porque é sempre “sobre os personagens”. Só muda o fato de ter ou
não bruxas.
Eu acho que a diferença é que, quando você trabalha em
uma fantasia, você tem muito mais coisa pra pensar antes de começar a escrever
a história. São sistemas de magia e relações entre as raças e classes e armas e
monstros, e isso toma tempo e disposição e as vezes é bem irritante de fazer.
Mas uma história contemporânea também não fica muito atrás, principalmente
quando você cria uma cidade fictícia e precisa pensar em como as coisas
funcionam ali.
Eu sempre gostei muito de dar atenção ao emocional e aos
relacionamentos dos personagens, às reações deles com o que há ao redor e na
forma como eles veem as pessoas que conhecem, então é realmente essencial
construir o mundo antes de começar a narrativa. Isso funciona da mesma forma
tanto na fantasia quanto fora dela (pra mim, pelo menos), porque de qualquer
forma você precisa conhecer aquela realidade tanto quanto o narrador da
história.
3) No Meu Lugar tem uma narrativa bem pesada e
equilibrada. Acompanhar os pensamentos do Pedro é incômodo, ao mesmo tempo em
que cria aquele laço de empatia bem poderoso com o protagonista. A pergunta, no
entanto, é sobre os coadjuvantes da obra. Como foi a composição deles? São
diversos tipos de personalidades para compor um “background” bem rico ao redor
do seu principal; você sabia para onde queria ir com cada um dos personagens?
Ou alguns ganharam vida e tom diferentes do esperado?
No Meu Lugar saiu de um limbo da minha imaginação, até
hoje não sei direito como essa história nasceu – e isso inclui os personagens;
O primeiro capítulo do livro tem trechos de Como Nossos Pais, música cantada
pela Elis Regina, e isso não foi proposital. A música tá no livro porque eu
escrevi enquanto a ouvia, e foi ela que fez a minha mente criar Porto Girassol
e todos os habitantes dela.
O Pedro e o Guilherme vieram do nada e todos os amigos
deles nasceram junto. O único trabalho que tive foi o de parar a escrita depois
de terminar o capítulo e lapidar direitinho aquela realidade. Tenho um caderno
onde defini a linha temporal de tudo o que aconteceria na história e do que já
tinha acontecido antes do primeiro parágrafo, e foi a partir daí que comecei a
conhecer essas pessoas.
4) Eu sou apaixonada pelo Guilherme e você sabe! Gosto
muito dessa coisa de primeira pessoa nos livros porque acaba criando um
mistério sobre os coadjuvantes. A gente nunca realmente sabe o que eles são e o
que estão sentindo, então queria saber um pouco mais sobre o Gui. É difícil
escrevê-lo sobre o ponto de vista do Pedro? Ou é muito mais fácil estar
observando o Guilherme do que, quem sabe, estar na cabeça dele?
É difícil escrever pelos olhos do Pedro porque o Pedro
não tá no melhor momento dele, e a depressão muda a forma como a gente processa
as coisas. Com o Guilherme não foi diferente. O Gui é extremamente fiel e tem
aquele anjinho nos ombros que faz ele querer superproteger as pessoas que ama
(isso é um ponto em comum que ele tem com a Lara, a diferença é que o Guilherme
é um Golden retriever e a Lara é uma leoa protegendo os filhotinhos). Ele nunca
abandonaria o Pedro, mas o Pedro não sabe disso, e a parte mais difícil foi
essa: saber que os dois são leais um ao outro e, mesmo assim, ver que o medo
deles é crescente a cada página.
5) Aproveita e fala um pouquinho sobre o desenvolvimento
do ship! A gente ama e vive por um slow burn, e dá pra dizer que os meninos se
encaixam perfeitamente nesse tipo de casal. A dinâmica foi fácil de criar? Ou,
tal como é difícil para o Pedro, foi difícil estabelecer essa conexão entre
eles, colocá-los em sintonia para daí a faísca de atração e dos flertes se
intensificar?
EU AMO UM SLOWBURN QUE ME DÁ VONTADE DE SOCAR OS DOIS
GRRR. Foi bem fácil fazer os dois interagirem porque eles funcionam melhor do que a
minha escrita, se isso fizer algum sentido. Eles já eram amigos antes da
história começar e o Gui já sentia coisas fortes pelo Pedro, então as conversas
entre os dois fluíam fácil na minha cabeça.
Eu gostei muito de fazer eles sofrerem por não saberem se
podiam investir na relação, porque eu sou uma pessoa horrível E VOU TOTALMENTE
FAZER ISSO DE NOVO ATÉ NÃO PODER MAIS E ALGUÉM TENTAR ME SOCAR POR SER TÃO ESTÚPIDO
COM OS MEUS SHIPPS. Eu gosto da tensão sexual que fica quando os personagens se
recusam a perceber que há uma tensão sexual, e o Pedro é meio taradinho, então
tudo ficou bem maravilhoso, obrigado.
6) Podemos esperar encontrar os meninos em mais alguma
história? Ou já tivemos tudo deles?
Ah, eu não quero fazer uma espécie de “No Meu Lugar 2”
porque sinto que o Pedro já disse tudo o que queria dizer. A história dele teve
um começo, meio e fim, e a forma como ele se despediu de mim me deixou bem
satisfeito. MAS eu definitivamente não terminei de construir o
universo de Porto Girassol, e existem outros personagens que vão ganhar uma
história própria – eu tô falando com você, Carla, te amo.
Minha próxima história se passa no mesmo universo de No
Meu Lugar, tendo capítulos narrados em Porto Girassol e outros narrados em Bela
Alma, uma cidade vizinha que foi palco do conto “Natal em Bela Alma”, já ná
Amazon (comprem por favor, o miojo tá caro). Além disso, há boatos de que existe uma outra saga, de
outra autora, que se passa no mesmo universo de No Meu Lugar, e que há um conto
unindo essas realidades pronto para ser escrito assim que a Denise parar de me
enrolar (diz pra Lílian que o Pedro mandou um beijo)
7) Qual personagem foi mais fácil de escrever até agora?
E o mais difícil?
A Carla foi a mais fácil de todas. Ela já surgiu na minha
mente praticamente pronta e tem uma voz bem realista na minha mente. Eu baseei
parte da personalidade dela em uma amiga que tinha na faculdade, então acabou
que eu só precisava pensar nela na hora de escrever, e isso facilitou muito.
O mais difícil foi o Pedro, principalmente porque as
crises que ele tinha eram crises reais que eu tinha durante o processo de
escrita, e as vezes eu precisava fechar o arquivo do livro e esquecer que
aquilo existia até que o Pedro parasse de ser um gatilho pra mim – porque sim,
isso aconteceu.
O Pedro tem muitas partes minhas, e era bem complicado
colocar algumas coisas para fora. Isso atrasou bastante o tempo de escrita (e
estressou alguns amigos meus que não aguentavam mais me ouvir reclamando sobre
os bloqueios de escrita quase semanais rs), mas no fim, gostei de como ficou.
8) O que podemos esperar do Jorge para o futuro?
Continuo na vibe dos Young e New Adults, então acho que
vou ficar nessa onda por algum tempo. Já disse ali em cima que meu próximo
projeto é uma extensão do universo de Porto Girassol, e é um mundo (na verdade,
dois mundos, risos) que eu tô amando montar. Espero que dê certo e que faça
sucesso, porque eu preciso de verdade comprar miojo (brincadeira)
Perguntas rapidinhas:
- O que você está lendo agora: Com Amor, Simon –
Becky Albertalli
- Autor(a) favorito(a)
do momento: Rainbow Rowell
- Série favorita do momento: Doctor Who, sempre
- Escolha um personagem seu pra matar e outro pra salvar:
Ah, pronto. Que tipo de brincadeira é essa, querida? Salva o Guilherme pois é um bolinho fofo. Mata o Caio
(sinto muito).
- É seu aniversário, pra qual dos seus personagens vai o
primeiro pedaço do bolo: Vai pro Pedro, meu guerreirinho que não desistiu
<3
Compre os livros:
No Meu Lugar | Natal em Bela Alma (conto) | A Pistoleira
Compre os livros:
No Meu Lugar | Natal em Bela Alma (conto) | A Pistoleira
Olá, meninas.
ResponderExcluirSocorro, e esse autor que eu não conhecia e já considero pacas? Hahahaha
Já começou falando que é surtado, é dos meus!
Já começou bem tendo sido.inspirado por Elis, é diva que fala?
E eu ri aqui com ele falando que tem vontade de socar os personagens... eu também sou dessas que fica meio violenta, estilo Felícia, quando o afeto extrapola níveis aceitáveis! Hahahahaha
Beijos
- Tami
https://www.meuepilogo.com
Oi Meninas,
ResponderExcluirAdorei a entrevista com autor, achei ele super para cima rsrs.
Não conhecia suas obras, vou procurar saber mais.
Bjs e uma boa semana!
Diário dos Livros
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Oi, meninas!
ResponderExcluirAdorei conhecer o autor. Ele parece ser super simpático e o tipo de pessoa que eu me daria muito bem se nos conhecêssemos...
Beijos
Balaio de Babados
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