Resenha: Feminismos - Uma história Global, de Lucy Delap

Feminismos, de Lucy Delap, é um livro que busca refletir sobre a pluralidade do feminismo e os erros de tentar colocá-lo em uma única caixa homogênea. O livro foi cedido em parceria com a editora Companhia das Letras para resenha.

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Confesso que quando vi Feminismos, não fiquei muito interessada. Nos últimos anos, eu tenho buscado expandir um pouco a minha visão sobre o feminismo e, a princípio, fiquei com receio que fosse "mais do mesmo".

Mas assim que comecei a ler, percebi que não era isso. Em Feminismos - Uma História Global, Lucy Delap se propõe a discutir o feminismo como uma movimento universal - mas não homogêneo.

Seu principal ponto é que: o feminismo precisa levar em conta diversas diferenças entre as mulheres ao redor do globo. Sejam elas culturais, regionais, raciais, étnicas, etc...

Lucy Delap aponta que, sempre que o feminismo tenta ser um movimento homogêneo, acaba apagando outras minorias. E exemplifica ao apontar os movimentos sufragistas, que comumente ignoravam mulheres negras - que a época, nem mesmo eram consideradas seres humanos.

E até mesmo a ideia de que mulheres brancas britânicas e norte-americanas precisavam "salvar" as mulheres indianas - ignorando que, em parte, a opressão dessas mulheres vinha justamente dos ingleses, inclusive outras mulheres.

Feminismos - Uma história global acaba falando de um movimento interseccional que, embora falho, uma vez que também tenta abraçar todo mundo, está em busca de reconhecer as diferenças e o papel dessa luta em cada uma delas.

Para isso, Lucy Delap discute o feminismo em 8 campos distintos:

• Sonhos
• Ideias
• Espaços
• Objetos
• Visuais
• Sentimentos
• Ações
• Canções

Gostei bastante do livro, porque senti que deu respiro para alguns sentimentos meus em relação ao feminismo e as falhas que vejo, especialmente na forma como mulheres tem apoiado (ou deixado de apoiar) outras mulheres, ou na exclusão de pessoas que a grande massa não considera "dignas" desse espaço.

Foi bom ler algo que levasse essas considerações e sentimentos em conta, e que levantasse questões sem medo de dizer que o movimento não é perfeito, nunca foi, e que hoje precisamos fazer melhor do que fizemos ontem.

Totalmente recomendo para quem gosta do assunto ou quer começar por algum lugar. E as pessoas que, como eu, gostam muito de livros, vão gostar especialmente das discussões no campo das ideias, onde a autora traz a produção literária feminista ao redor do globo.

Sinopse: Embora a origem do feminismo muitas vezes se restrinja à narrativa de “ondas”, protagonizadas por um grupo restrito de mulheres, o movimento foi e continua a ser global. Amparada por uma sólida pesquisa, a historiadora Lucy Delap parte de oito grandes temas ― sonhos, ideias, espaços, objetos, visuais, sentimentos, ações e canções ― para examinar as diferentes formas pelas quais mulheres se mobilizaram pela igualdade de gênero ao redor do mundo. Abrangendo uma gama ampla de revoluções, religiões, impérios e lutas anticoloniais, Feminismos esmiúça as complexidades do movimento, sem deixar de lado o paradoxo central de que as feministas também praticaram as próprias exclusões, ouvindo determinadas vozes e silenciando outras. Ao jogar luz sobre esses episódios e figuras, Delap nos mostra como conhecer o passado pode ajudar a direcionar o futuro desta luta.

Título original: Feminisms: a global history

Autora: Lucy Delap

Tradução: Isa Mara Lando e Laura Teixeira Motta

Editora: Companhia das Letras

Gênero: Não ficção | Feminismo

Nota: 5

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