Sinopse: Publicado com sucesso nos Estados Unidos, o romance A Cor Púrpura tornou-se conhecido, principalmente, após a adaptação para o cinema por Steven Spielberg, num filme estrelado por Whoopi Goldberg (Celie) e Oprah Winfrey (Sofia). A personagem principal, Celie, negra, semianalfabeta, no sul dos Estados Unidos, vive entre cuidar da família e planeja uma história diferente da sua para a irmã, Nettie. Acompanhamos sua vida por mais de trinta anos, por meio das cartas que escreve para Deus e, posteriormente, para a irmã. Em oposição à solidão, pobreza, brutalidade e violência, Celie vai descobrir outras maneiras de sentir.
A história começa quando Celie tem apenas 14 anos e escreve sua primeira carta para Deus, contando sobre o abuso sexual que sofreu nas mãos do pai. Ela, uma jovem negra vivendo no interior no sul dos Estados Unidos, em uma época ainda mais machista e racista, se vê sem ter a quem recorrer e, por tanto, escreve a Deus.
E nós acompanhamos sua vida pelos próximos 30 anos enquanto ela escreve suas cartas, também, para Nettie, a irmã desaparecida que Celie acredita estar morta. E é através das cartas que lemos sobre o abuso que ela sofreu nas mãos do pai, dos filhos que teve com ele e foram arrancados de seus braços, do casamento forçado com o Sinhô, da violência que sofre nas mãos deles e, principalmente, de sua solidão.
Nettie é a única pessoa que já amou Celie, e ela, por sua vez, ama a irmã ferozmente, fazendo de tudo para impedir que ela também seja abusada pelo pai. Porém, ao longo dos anos e através da amizade que firma com Shuga Avery, uma cantora da cidade que já foi amante de seu marido, e com Sofia, a esposa de seu enteado mais velho, Celie passa a descobrir que seu mundo pode ser muito maior do que trabalhar e servir o Sinhô e apanhar dele.
Eu nem olho pros homem. Essa é que é a verdade. Eu olho para as mulher, sim, porque não tenho medo delas.
Aos poucos, ela descobre a amizade e o amor e a força, o poder da educação e o direito a ser reconhecida como um ser humano. A Cor Púrpura levanta temas muito relevantes ainda hoje, não só ao tratar da violência contra a mulher e o racismo, mas também ao falar da precária educação das mulheres - em especial as negras -, do machismo, do patriarcado, da segregação, da vivência da mulher negra, da espiritualidade versus a religião, da descoberta (e aceitação) da própria sexualidade.
Ao passo em que é um livro de leitura muito fácil, quebrado em cartas geralmente curtas que você lê e lê sem ver o tempo passar, ele traz reflexões grandes de formas descomplicadas. Quando terminei de ler, fiquei parada um tempo absorvendo o fato de que essas personagens não são reais, algo que parece tão absurdo visto o nível de envolvimento que tive com elas.
Ao falar da espiritualidade, especialmente, foi onde Alice Walker mais me pegou. Mostrar Celie se voltar para Deus em busca de ajuda, se frustrar, o negar e então finalmente entender a diferença entre espiritualidade e fé, e a religião foi, para mim, muito importante.
Mas eu num sei como brigar. Tudo o queu sei fazer é cuntinuar viva.
A Cor Púrpura fala de uma realidade distante e, ao mesmo tempo, muito próxima. Ela não marca, exatamente, o tempo em que foi escrita. Não cita propriamente datas ou grandes acontecimentos para que possamos nos localizar, mas não é apenas isso que o torna atemporal. Infelizmente, muitas das mazelas vividas por Celie - e pelas mulheres a sua volta - ainda são bastante atuais.
Porém, são justamente essas mulheres que constroem a melhor parte do livro. Celie, Nettie, Sofia, Shuga, Mary Agnes... Elas são tão diferentes entre si e, ainda assim, conseguem firmar laços de amizade e gerar cenas de pura sororidade. Chorei com elas, ri com elas, sofri por elas e também as aplaudi. No fim, faz pensar que se essas mulheres tão diferentes conseguiram se amar e se apoiar, porque nós temos tantos problemas para fazer isso?
Você deveria ver como elas mimam o esposo. Louvam suas menores realizações. Enchem eles com vinho de palmeira e doces. Não é de admirar que os homens quase sempre sejam tão infantis. E uma criança adulta é uma coisa perigosa, especialmente quando, como entre os Olinka, o marido tem o poder de vida e morte sobre sua esposa.
No fim de tudo, A Cor Purpura chegou ao topo dos meus favoritos. Celie agora anda de mãos dadas com Mariam, a protagonista de A Cidade do Sol, no meu ranking de protagonistas preferidas, e se tornou uma leitura que eu indico para todo mundo. Uma leitura rápida, direta, o retrato de uma sociedade que ainda, infelizmente, existe, cheia de reflexões tão extraordinárias quanto suas personagens.
Título original: The Color Purple
Autora: Alice Walker
Tradutora: Betúlia Machado, Maria José Silveira e Peg Bodelson
Editora: José Olympio
Gênero: Romance
Nota: 5 +
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Quero muito ler esse livro, apesar de ter uma temática muito forte, meu coração já ficou apertado só de ler a resenha. Gostei muito da forma que você descreveu, vou ler sim!
ResponderExcluirhttps://www.submersaempalavras.com/
Oi, Monyque!
ExcluirSuper indico. A temática é forte, mas a forma como a Alice trabalhou ele faz com que seja uma leitura rápida, fluída e mais fácil.
bjs
Oi Bibs!
ResponderExcluirEsse livro é de uma simplicidade e profundidade ao mesmo tempo que me deixou de cara! É uma leitura que eu adorei fazer tbm, cheia de temáticas importantes!
Bjs
http://acolecionadoradehistorias.blogspot.com
Oi, Carol!
ExcluirÉ bem isso mesmo, que bom que você também curtiu! <3
bjs
Oi, Bibs
ResponderExcluirÉ revoltante ver que muitas das coisas retratadas no livro ainda acontecem. Parece que o tempo passa, mas não há mais evolução. Alguns preconceitos são tão arraigados que nunca se dissipam, passam de geração para geração sem nunca serem questionados.
É triste olhar um livro como esse e dizer "é uma história atual", pois não deveria ser, ele deveria ser aquele tipo de história que existe para nos lembrar de como as coisas eram e para nunca deixarmos ela se repetir. Me pergunto quando chegará esse dia...
Beijos
- Tami
https://www.meuepilogo.com
Oi, Tami!
ExcluirSIM, é muito revoltante pegar um livro com mais de 30 anos e ver que ele retratava coisas que ainda acontecem - mesmo porque, ele retrata uma época bem anterior aquela em que foi escrita...
Enfim, é horrível.
bjs
Olá, Bianca.
ResponderExcluirEu fiquei a resenha toda lembrando do livro A Cidade do Sol e depois você citou ele no final hehe. É um livro que já quero ler. Infelizmente como disse a Tamires ai em cima, era para esse tipo de coisa ser passado, mas continua acontecendo e muito.
Prefácio
Oi, Sil!
ExcluirMinha Mariam e minha Celie lindas, mds <3
Realmente, deveria ser algo do passado e é enfuriante que ainda aconteça. Mas por um lado, é feliz que a gente perceba os problemas e lute para melhorar.
bjs
concordo com sua opinião
ExcluirOlá, Bianca.
ResponderExcluirEu nunca tinha ouvido falar nesse livro, mas adorei saber a temática.
Estamos precisando de mais livros assim, quem sabe as coisas passem a melhorar.
Abraços,
Naty
http://www.revelandosentimentos.com.br/
Oi, Naty!
ExcluirA Cor Púrpura é extremamente relevante, de fato. Foi há 30 anos e continua sendo hoje.
bjs
participarei hoje do debate sobre o livro
ExcluirOi, Bibs!
ResponderExcluirEsse livro chegou a ser discutido em um clube que participo, mas infelizmente eu perdi essa discussão :(
Beijos
Balaio de Babados
Oi, Lu!
ExcluirAh, que pena :/ Deve ter sido uma discussão bem legal. Mas olha, super vale a pena pegar ele para ler, viu? Recomendo.
bjs
Adoro o livro, mas me deixou bastante triste, não sei se conseguiria ler o livro =/
ResponderExcluirMas amei sua resenha!
Oi, Dora!
ExcluirSurpreendentemente, eu achei ele mais esperançoso do que desesperador, sabe? O começo foi muito triste, mas o crescimento da Celie e a felicidade eventual dela me encheu de amor.
bjs
Oi Bianca,nossa eu acho que é a primeira resenha que leio deste livro e adorei as características que você passa sobre ele pois até então apesar de ser um clássico eu tinha pouco conhecimento do livro.
ResponderExcluirBjs
https://eternamente-princesa.blogspot.com