Resenha: A Rainha Sol - Nisha J. Tuli - Queria Estar Lendo

Resenha: A Rainha Sol - Nisha J. Tuli

Publicado em 18 de jul. de 2024

Resenha: A Rainha Sol - Nisha J. Tuli

A Rainha Sol - lançado aqui pela Editora Seguinte, que cedeu este exemplar em cortesia - é o primeiro livro de uma série fantástica que envolve feéricos e uma competição mortífera pela coroa daquela que vai governar todo um reino.

Lor é uma prisioneira em uma prisão tenebrosa. Ela não sabe por que foi jogada ali aos doze anos, mas muito tempo se passou e ela e os irmãos continuam sobrevivendo ao lugar. Tudo que ela sabe é que isso foi a comando do Rei Aurora, e que ela quer vingança.

Quando o fim parecia próximo em uma sentença mortífera, Lor é resgatada e levada até o reino vizinho, onde uma competição pelo trono da Rainha Sol está prestes a começar. Quem vencer essa competição vai ter a chance de reinar ao lado do Rei Sol como a mais poderosa das feéricas - mas, para isso, ela precisa sobreviver.

Se você jogar A Seleção, Jogos Vorazes e Corte de Espinhos e Rosas em um liquidificador, tem A Rainha Sol como resultado; e, infelizmente, eu não digo isso de maneira positiva.

Queria muito ter gostado, porque a premissa e o começo da história prometiam muito. Uma garota sentenciada a uma prisão terrível, vivendo atrocidades a torto e a direito, ganha uma chance de conquistar poder e se vingar. A execução, no entanto, deixa muito a desejar.

Eu sinto que esse livro não teve um editor. Tem tanto furo no roteiro e tanto buraco na história que faz parecer que foi lançado assim que a autora terminou de escrever. E que ela só escreveu pra bater martelo em tropos e semelhanças com outras histórias, porque a originalidade mandou abraços.

Resenha: A Rainha Sol - Nisha J. Tuli

Eu não me importo nem um pouco em ler tramas semelhantes, contanto que elas ofereçam novas perspectivas e visões dentro desses cenários já "familiares". A questão com a corte dos feéricos, a guerra entre elas, a competição por um casamento cheio de poder, a gente já viu tudo isso. E, aqui, eu vi de novo, porque a autora não oferece nenhuma abordagem interessante.

E ô livro bagunçado. A protagonista começa badass e cheia de atitude, não deita pra ninguém, faz tudo o que for necessário por quem ela ama - que são os irmãos; aí vai para a corte do Rei Sol e se torna uma pamonha. Uma PAMONHA! Ela só tem peito pra ofender as outras competidoras. Quando é pra questionar figuras de autoridade, essa competição perigosa, as opressões silenciosas que está vivendo ali, aí ela fica quietinha.

E a sensação que eu tive era de estar lendo um livro escrito por um homem. Preciso fazer essa crítica aqui. Todas as descrições das personagens femininas, quando não as estava ofendendo simplesmente por existir e estar competindo, só falavam do corpo delas. Os seios fartos, os quadris largos, as cinturas finas, as coxas grossas. E de um jeito bem sexualizado mesmo, não de um jeito que me fizesse pensar "hm, talvez ela goste de garotas!". Porque, quando ela descreve os machos, aí é músculos dourados pra cá, abdomens sarados pra lá.

Ninguém - eu repito: ninguém, além da Holly Black - sabe escrever feéricos. E eu culpo a Sarah J. Maas por isso.

Os feéricos de A Rainha Sol são tão genéricos que se você colocar eles na banheira do Gugu com todos os outros que saíram nesses últimos tempos, eu não vou saber diferenciar um do outro. O Rei Sol é um protótipo de Rhysand que na verdade tem mais de Tamlin do que tenta disfarçar. O guri que é o príncipe do Rei Aurora é o Rhysand sem 1% do carisma (e olha que sou eu quem tá elogiando o Rhysand!).

O worldbuild... não tem. Mas finge que tem. É tão mal explicado e conduzido pela narrativa que eu só fui entender que tem DOIS REINOS nessa birosca quando o Rei Sol explicou sobre o acordo com o outro rei lá.

O jogos vorazes proposto... Tentou. Mas não tem um pingo da profundidade, e eu ouso dizer que até A Seleção faz melhor em trabalhar a tensão e a instabilidade de estar competindo pela coroa. Olha o que eu estou sendo forçada a elogiar aqui!


A Rainha Sol tenta ser um livro muito adulto colocando sexo e palavrões, mas os personagens são tão infantis que, mais uma vez, só fica na tentativa mesmo. A protagonista principalmente.

Tem todo um problema ao redor do fato de a Lor ter sido vítima de agressões sexuais e físicas na prisão e do livro lidar com isso da maneira mais estúpida possível, que é tipo "eu vou superar". Não tem um trauma, um desenvolvimento do horror que foi isso, uma conversa sobre o quanto essas situações a transtornaram.

Resenha: A Rainha Sol - Nisha J. Tuli

E, meu deus, a quantidade de vezes que eu tive que ler que "homens não conseguem se controlar" e é dever das mulheres ter controle quase me fez explodir minha própria cabeça. Independente da personagem passando esse diálogo para as outras, é tão problemático que chega a ser uma piada isso ter sido publicado assim.

Porque o livro não critica isso; acaba mostrando que sim, realmente, os homens não conseguem se controlar, o Rei Sol quer tanto comer a protagonista, oh, protagonista, melhor você parar ele agora antes que ele te arruíne! (e ela faz isso).


A tradução do Guilherme Miranda ficou muito boa, mas não tem como salvar um texto tão fraco quanto o dessa autora.

De verdade, gente, eu tentei. Mas A Rainha Sol é um livro vazio. Sem tempero algum. Promete muito e não entrega nada e, quando termina, com um cliffhanger que promete revolucionar o romance (um espelho de ACOTAR novamente), só deixou um amargo na minha boca.

Sinopse: Lor e seus irmãos estão há onze anos em Nostraza, a prisão do Reino de Aurora, e o último lugar em que qualquer um gostaria de estar. Até que, depois de uma libertação inesperada, Lor descobre que foi convocada para participar das Provas da Rainha Sol, uma competição de vida ou morte entre dez mulheres cuja vencedora se tornará a nova esposa do rei. A jovem não está nem um pouco interessada em casamento ou amor ― mas sim na liberdade (e na possibilidade de vingança) que a vitória significa. Porém, Lor definitivamente não pertence àquele lugar, e precisará confiar nas pessoas certas e dar tudo de si para sobreviver às Provas ― e qualquer passo em falso pode pôr tudo a perder.

Título original: Trial of the Sun Queen
Autora: Nisha J. Tuli
Editora: Seguinte
Tradução: Guilherme Miranda
Gênero: Fantasia


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