A segunda leitura do Clube do Livro do QEL não poderia ter sido melhor. O suspense As garotas que eu fui, de Tess Sharpe, foi publicado aqui pela Editora Rocco. Nele, acompanhamos Nora, sua namorada e seu melhor amigo sendo feitos de reféns num assalto a banco. O problema é que os bandidos estão presos nesse banco com Nora, e não ao contrário.
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Nora, Iris e Wes não esperavam que suas vidas virassem de cabeça para baixo naquela manhã, quando foram ao banco fazer um depósito. Mas quando dois homens chegam armados e anunciam um assalto, tudo vai para o ar.
O que nenhum dos bandidos imagina, no entanto, é que Nora não é uma garota qualquer. Ela já foi Rebecca, Samantha, Haley, Katie e Ashley. O seu nome verdadeiro se perdeu no meio de todas as garotas que ela já foi; filha de uma golpista, ela foi criada para enganar. E vai fazer de tudo para garantir a sua sobrevivência e o bem estar daqueles que ama.
As garotas que eu fui fez comigo o mesmo que Manual de assassinato para boas garotas: eu não conseguia parar de pensar no livro, não queria parar de ler, não tinha mais unhas de tanto que as tinha roído enquanto lia.
Será que eu sou uma garota que chora? Eu não sei.
Desde o primeiro capítulo, Tess Sharpe estabelece um ritmo frenético. Através de capítulos curtos, frases rápidas e bem pontuadas e a entrega da informação certa no momento certo, a autora nos faz atravessar essa situação absurda junto com três adolescentes abalados. Mais do que tudo, As garotas que eu fui nos faz entrar na pele da Nora - e das outras garotas que ela já se fingiu ser.
O livro entrega as informações no decorrer dos capítulos. Faz um paralelo muito interessante do passado com a Nora com o que ela está vivendo no presente, destrinchando aos poucos quem ela foi obrigada a ser. Entendemos muito da protagonista através dos flashbacks e das identidades que a mãe a obrigou a assumir; entendemos muito da Nora através das atitudes dela na situação do assalto.
A Nora é maluca. Da melhor maneira possível. Ela não deita para ninguém porque sabe que é a pessoa mais inteligente ali; só precisa achar onde encaixar a sua inteligência nas situações de tensão. Ter sido criada pela mãe foi um inferno particular que entendemos as camadas a cada passagem no passado, mas ao menos agora ela pode usar para sobreviver.
As garotas que eu fui é um YA de suspense. Em alguns momentos, eu precisava me lembrar de que estava lendo adolescentes, porque às vezes eles são meio irritantes (eu sei disso porque já fui uma adolescente irritante!). Mas isso só contribuiu para deixar a história ainda mais emocionalmente relevante. Porque eram adolescentes! Lidando com um assalto! A Nora, mais ainda, lidando com tudo que já tinha vivido em tão pouco tempo de vida!
Nem por isso o livro é 100% sério, tá? Ele é muito engraçado também. A Nora tem um humor ácido, bastante provocativo, que me arrancou boas risadas.
As garotas que eu fui. As filhas perfeitas das mulheres que minha mãe se tornou para enganar seus alvos.
Eu gostei demais de como a autora nos apresentou a Iris e o Wes e como desenvolveu os dois dentro do cenário. Eles importam muito para a Nora e, aos poucos, importam muito pra gente também. Iris é irreverente e badass, Wes é engraçado e carrega um passado sombrio. Junto com a protagonista, eles formam um trio muito interessante de acompanhar.
O livro traz boas cenas de ação, mas excelentes cenas de tensão. Você nunca sabe qual vai ser o próximo passado dos dois bandidos, por que eles estão ali e o que querem. A Nora é esperta, mas eles são perigosos. Mortíferos, com as armas em mãos. Ela tem ajuda do lado de fora - o papel da irmã mais velha, Lee, é essencial na história também, mas acho que a graça dela está justamente nas surpresas que ela oferece - mas, ali dentro, está por conta própria.
O problema de provavelmente é que é provavelmente.
A graça de As garotas que eu fui está justamente na surpresa. Eu já falei do que importa, o resto tem que vir da leitura, porque é uma sequência sem fim de "meu deus" e "eita!" e "caralho, ela fez isso mesmo?!" que eu amei demais.
A edição da Rocco tá ótima. Gostei da diagramação, é confortável para ler, e a tradução de Laura Folgueira ficou muito boa - com revisão excelente também.
As garotas que eu fui me surpreendeu do começo ao fim. Eu esperava um livro legal e encontrei um dos melhores do ano.
Sinopse: O nome dela é Nora... no momento. Ela já foi muitas outras garotas: Rebecca, Samantha, Haley, Katie e Ashley. A vida de mentiras não foi sua escolha, e sim sua herança enquanto filha de uma golpista. A criminosa, cujos alvos sempre foram homens fora da lei, usava a filha como acessório em todos os seus trambiques. Mas quando um dos esquemas da mãe se transformou em paixão, Nora resolveu que era a sua vez de aplicar um golpe e desapareceu. Já faz cinco anos que Nora finge ser normal, mas ela sabe que, na sua vida, as coisas nunca permanecem calmas por muito tempo. Em meio a uma situação que já era esquisita, junto com o ex-namorado e a amiga deles (com quem ela está saindo atualmente), Nora se vê vítima de um assalto a banco. Por um lado, ela sabe que tem a lábia necessária para tirar os reféns vivos dali. Por outro, os assaltantes não sabem quem ela realmente é – uma garota que tem muito a esconder…
Título original: The girls I've been
Autora: Tess Sharpe
Editora: Rocco
Tradução: Laura Folgueira
Gênero: Suspense
Nota: 5
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