Resenha: Qualquer Outro Lugar - Queria Estar Lendo

Resenha: Qualquer Outro Lugar

Publicado em 28 de jun. de 2016


O volume final da trilogia Splintered, que reconta a magia por trás do País das Maravilhas, traz um inteligente, louco e incrivelmente satisfatório fechamento para uma história criativa. A.G. Howard finaliza a sua série com pontos importantes, revelações inesperadas e decisões imutáveis, e aquele que de loucura que só Alyssa e o seu mundo mágico têm.
Sinopse: Alyssa está tentando entrar novamente no País das Maravilhas. Os portais para o reino se fecharam, não sem antes levarem sua mãe. Jeb e Morfeu estão presos em Qualquer Outro Lugar, reino em que intraterrenos expulsos do País das Maravilhas estão vivendo. Para resgatá-los, ela precisa recorrer à ajuda de seu pai. Juntos, eles iniciam uma missão quase impossível para tentar resgatar entes queridos, restaurar o equilíbrio dos reinos e o lugar dela como Rainha. Alyssa precisa lutar não só com a Rainha Vermelha, um espírito malicioso que tem a intenção de refazer o País das Maravilhas à própria imagem, mas também reconstruir seu relacionamento com Jeb, o mortal que ela ama, e Morfeu, o ser fantástico que também reivindica seu coração. E, se todos tiverem sucesso e saírem vivos, eles poderão finalmente ter o felizes para sempre.
Jeb e Morfeu foram arrastados para as terras sombrias e incontroláveis de Qualquer Outro Lugar, sua mãe, para o País das Maravilhas, e Alyssa é sua única chance de salvação. O problema é que todas as entradas estão lacradas e a única pessoa que conhece uma nova passagem não tem lembranças de sua vida do outro lado do espelho. Disposta a tudo para salvar e proteger quem ela ama, Alyssa decide investigar as memórias do pai, devolvendo-lhe o seu passado sombrio, e investiga também as lembranças da Rainha Vermelha, sua arqui-inimiga, em busca de uma fórmula para deter o avanço dela sobre o País das Maravilhas. A corrida contra o tempo para salvar as terras loucas e fantásticas começa, e Alyssa, como rainha, tem um dever para com os intraterrenos. Só ela pode salvá-los de um destino horrendo.
O País das Maravilhas é violento e bizarro, mas tem seu charme. Qualquer Outro Lugar está em outro nível de crueldade. Um hospício descontrolado.
Como volume final, Qualquer Outro Lugar fez o seu papel excelentemente, mas também como uma história arrebatadora e surpreendente. A.G. Howard trabalhou todos os pontos deixados em abertos nas obras anteriores, e também apresentou soluções novas e loucuras ainda mais inesperadas conforme a trama avançava para o seu fim. O bom dessa história é que nada é súbito demais, nada é louco demais; você sempre espera algum momento mais "o que acabou de acontecer?".


- Pensar duas vezes a cada passo restringe o ímpeto de avançar. Confie em si mesma, perdoe-se e siga adiante.
A jornada da Alyssa encontra seu ponto chave no amor que ela tem pelas pessoas à sua volta, por seu reino e por ela mesma. Ela é uma rainha, mas também uma garota assustada e uma mestiça disposta a se encorajar para manter sua família, seus amantes e seu povo sob sua proteção. Alyssa age de acordo com a lei do País das Maravilhas, o que significa: loucura, egoísmo e muita pouca cautela. Por isso ela se encaixa tão bem no mundo intraterreno, Alyssa é parte dele. Sempre será. Independente da sua linhagem amaldiçoada, ela é muito mais do que isso. É a salvadora, a protetora e a governante. Alyssa é indomável e impiedosa quando precisa, amorosa e dedicada quando necessário. Ela é aquilo que acreditar ser melhor para o momento, equilibrando insanidade à razão.
Os nós combinam bem, pois é assim que me sinto por dentro: caótica, mas exaurida. A metade intraterrena de meu coração se expande para se libertar das emoções humanas não enredadas.
Seu amor pelos pais, por Jeb e por Morfeu é o principal gatilho de suas atitudes. Viajar até Qualquer Outro Lugar é de um risco mortífero, enfrentar a Vermelha em um embate mental é pior ainda, mas ela está ali, e ela vai fazer o que for preciso para livrar todos da condenação.



Jeb sofreu muito ao ser arrastado para o mundo além do espelho. Apesar do meu desgosto pelo personagem, não dá para negar a evolução que ele sofreu no decorrer das páginas. A loucura do País das Maravilhas combina muito bem com ele; um pintor insano que, tragado por magia, consegue dar vida ao que suas tintas criam. Qualquer Outro Lugar mexe com a cabeça dele, com sua sanidade, e também com seu coração. Alyssa precisa agir com cautela quando se trata desse novo Jeb, porque o anterior, aquele a quem pertence o seu coração, pode estar inalcançável demais para a salvação.
Jeb é uma âncora; ele me mantém conectada à minha humanidade e compaixão. Mas Morfeu é o vento; mesmo me debatendo e gritando, ele me arrasta para o precipício mais alto, me empurra e fica me observando voar com asas de intraterrena.
Morfeu, por outro lado, sempre a parte sombria intrínseca de Alyssa. Sempre o louco, o arriscado, o intraterreno que desperta nela os sentimentos mais ardentes e descontrolados. Eu amo a química dos dois, especialmente pela evolução da Alyssa no que concerne à ela. Morfeu a entende e Alyssa o entende e os dois trabalham incrivelmente bem juntos; eles estão destinados, independente do lado humano do coração dela ser só de Jeb. A magia do mundo intraterreno chama por Morfeu e Alyssa, e ela finalmente entende que nunca vai poder deixar esse lado para trás. Que abraçá-lo é a melhor maneira de entendê-lo e subjugá-lo aos seus próprios desejos. Alyssa finalmente manipula o poder ancestral que vinha manipulando seu coração.


- Ele é glória e reprovação - a luz do sol e as sombras -, o escapulir de um escorpião e a melodia de um rouxinol. A respiração do mar e a canhonada de uma tempestade. Pode falar essas coisas com sua língua?
Quanto ao País das Maravilhas e a guerra interna por seu controle, muito do que foi profetizado nos outros livros se cumpre aqui. A Rainha Vermelha ainda quer seu trono e Alyssa é a chave para ela conquistá-lo. A Rainha de Copas ganha grande participação nesse volume, sentenciada ao exílio eterno em Qualquer Outro Lugar. Outros personagens icônicos retornam, novos aparecem, e a luta entre o bem e o mal, ambos igualmente insanos, se desenvolve em um surpreendente final. Um final agradável para ambos os lados, para o coração humano e para o sombrio, para a Alyssa do mundo real e do mundo intraterreno.
É incrível como os humanos têm vivido lado a lado com o mundo mágico sem que a maioria não tenha a mínima ideia de que ele existe.
Como fez com os outros volumes, a editora Novo Conceito caprichou na diagramação e na edição deste livro. A capa é a minha segunda favorita - porque a de Atrás do Espelho tem o Morfeu e claro que é a minha preferida - e não encontrei erros de revisão em nenhum momento.


A falta de magia é o que leva os humanos a fantasiar, em primeiro lugar. E, Alyssa, que força maravilhosa e cheia de poder a imaginação pode ser...
Com um toque de loucura, porque as pessoas loucas são as melhores, já dizia o Chapeleiro, Qualquer Outro Lugar encerra a jornada de Alyssa em busca do equilíbrio insano que o País das Maravilhas sempre pediu.


Título original: Ensnared
Autor: A.G. Howard
Editora: Novo Conceito
Gênero: Ficção fantástica
Nota: 5

Saiba mais: Skoob | Buscapé
 Saraiva

3 comentários:

  1. Oi Denise!

    Não li nenhum livro da trilogia, mas acho todas as capas lindas!!! Ainda quero conferir pq acho o País das maravilhas um universo incrível!


    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  2. Oi Denise!
    Preciso ler o primeiro livro pra conferir se a trilogia é boa mas confesso que não estou muito animado. Enfim, espero gostar também!

    Abraço!
    http://leituraforadeserie.blogspot.com/

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  3. Anônimo11.4.17

    Essa série parece bem interessante.

    Duas dúvidas: sei que parte da história envolve as dúvidas amorosas da Alyssa pelos dois rapazes, mas os livros não giram em torno disso, giram? Espero que não...

    E é dada alguma explicação pra Rainha Vermelha ser uma ameaça? Porque nos livros do Lewis Carroll, a rainha perigosa era a de Copas (no primeiro livro), enquanto a Vermelha (no livro do País dos Espelhos) era antipática mas inofensiva, não falava coisa com coisa e corria o tempo todo. Ao contrário dos filmes do Tim Burton, o Carroll inclusive coloca a Rainha Vermelha e a Rainha Branca como amigas...

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