Resenha: As Letras do Amor - Queria Estar Lendo

Resenha: As Letras do Amor

Publicado em 13 de set. de 2016


O mais recente lançamento da editora Novo Conceito, As Letras do Amor chegou até nós através da parceria. Um romance da literatura nacional contemporânea que promete uma história de amor adorável, mas que escorrega nos clichês atrasados de obras do tipo.


Sinopse: Bianca acabou de largar um curso de graduação de que não gostava, seus pais vão se divorciar e seus irmãos pequenos estão cada dia mais barulhentos. A oportunidade perfeita de escapar surge quando seu namorado, Miguel, resolve ir a Roma abrir uma empresa para o pai. Bianca decide que aprender italiano, arrumar um trabalho temporário e ajudar Miguel em seu negócio será um bom começo. O que parecia um sonho, porém, torna-se uma incerteza ainda maior quando Miguel fica sempre fora de casa, os empregos de Bianca não duram mais que uma semana, e, cada dia mais próxima de Enzo – o melhor amigo de Miguel, com quem moram –, ela começa a questionar seus sentimentos.

Bianca está de malas prontas para morar na Itália por um tempo. Acompanhada do namorado, um empresário animado com as possibilidades que as terras italianas guardam, Bianca está ansiosa com o que vai poder ver e aprender em um novo mundo. Ela só não esperava que junto às novas experiências surgisse uma nova opção para o seu coração; indecisa quanto às escolhas que deve fazer, o livro acompanha essa jornada da Bianca enquanto ela se apaixona pela Itália e, principalmente, por um certo italiano.



As Letras do Amor tem a premissa de um romance água com açúcar adorável, e pelo menos durante as primeiras cinquenta páginas se sustenta assim. O meu problema com o livro foi o fato de os esteriótipos serem carregados demais, e de os personagens terem sido tão afixados em um só tipo de personalidade - o namorado problemático, a garota virgem perfeitinha, o interesse amoroso sem defeitos - que tornou a leitura enfadonha. Não li nenhum crescimento, nenhum ápice de mudança, nenhuma situação que forçasse a protagonista a se desenvolver. Do início ao fim, você já sabia qual seria o destino final dela. Nunca houve nenhuma dúvida, apesar da promessa de um triângulo amoroso. 


Ele sorri complacente, ao que retribuo. É quase como nosso ritual particular. Se ele sorri, eu sorrio de volta.



Gosto de ler young adult porque, em sua maioria, acompanhamos personagens jovens vivenciando as coisas assustadoras da vida - e por assustadoras não digo monstros e batalhas medievais, mas sim as coisas que realmente dão medo: escolhas, perdas, amores e outras situações que testam o crescimento dessas personagens. Livros contam histórias, contam jornadas, e infelizmente aqui eu não enxerguei nada além de uma grande volta para acabar no mesmo lugar. Sim, a Bianca confrontou alguns momentos tensos, situações desesperadoras, mas ela acabou tal como começou. Só porque é um livro de romance não significa que sua protagonista não vai crescer, muito pelo contrário. Livros que ambientam a realidade precisam de um desenvolvimento forte para mostrar que a história está ali porque ela importa. A Bianca não me convenceu disso. Em todos os seus monólogos interiores, todo o seu laudo psiquiátrico sobre a vida e seus amores, quase nada disso contribuiu para colocar a personagem principal de um patamar acima daquela que havia começado essa história. Por isso minha maior decepção.



Quanto ao triângulo amoroso, aqui ele incomodou demais. Veja bem, amo triângulos amorosos. Quando bem construídos, todo o drama em volta deles é delicioso de se ler. Quando você tem dois amigos e uma garota se apaixonando por ambos, cara, as possibilidades de drama e de reviravoltas são imensuráveis. Aqui, a Bianca já deixou claro sua escolha logo nas primeiras cem páginas, o que levou a uma enrolação completamente desnecessária pelo resto do livro. E eu preciso comentar sobre duas cenas que foram muito incômodas: A) traição não justifica traição. B) "conceder" a sua virgindade é um termo muito errado e ruim e precisa ser evitado, especialmente quando coloca a personagem em uma situação desconfortável.



Miguel foi a minha primeira escolha, e talvez minha vida pudesse ser uma pilha de erros que surgiram dela. Ou eu poderia escolher o caminho alternativo, Enzo, e enfrentar as dificuldades.

Miguel e Enzo foram caricaturas dos interesses amorosos básicos em histórias que já não conquistam mais como deveriam. De um lado, o cara ausente, avoado, que de repente para de dar atenção para a namorada, o que abre caminho para: o amigo simpático, nerd, companheiro, extremamente cauteloso e atento a tudo. Queria dizer que amei o Enzo, mas toda a perfeição não me comprou, e pelo Miguel eu senti apenas a necessidade de que ele sumisse do mapa depois de duas situações específicas.


Seus lábios estão sorrindo. Não sei por que, mas algo em meu modo de agir e falar sempre o faz mostrar esse sorriso.


A edição da Novo Conceito está impecável. Formato de página e fonte agradáveis, capítulos breves, que não se tornam enfadonhos, e uma trilha sonora ótima. No início de cada capítulo, duas músicas embalam os acontecimentos dele.

A parte que eu mais gostei em todo o livro foi a ambientação. A Paula nos transportou para a Itália com uma narrativa leve e nos apresentou a um cenário bastante real, colocando os personagens em cenários lindos e bem descritos. Se não fossem os pontos citados acima - coisas que podem ser trabalhadas em histórias futuras que combinem o mesmo tema - As Letras do Amor teria sido um livro leve e adorável de se ler, tal como os romances juvenis devem ser.

Título original: As Letras do Amor
Autora: Paula Ottoni
Editora: Novo Conceito
Gênero: Romance / YA
Nota: 2,5

Saiba Mais: Skoob | Saraiva

6 comentários:

  1. Olá.
    Eu gostei de como o livro se desenrolou. Sim, desde o início já sabemos como o livro irá terminar, mas a forma que a Paula narrou, deixou tudo mais simples e gostoso de ler. Uma pena você não ter gostado tanto do livro. :(

    Beijos. | * Blog PS Amo Leitura *

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    1. Oi flor, tudo bom?
      Poxa, que ótimo que a leitura foi prazerosa pra ti! Eu queria muito ter gostado, mesmo. Adoro a Paula e acho que a narrativa dela tem muito a se engrandecer; as partes focadas na viagem em si me agradaram muito. O problema mesmo foi com os personagens e o romance, pra mim não deu :/
      Obrigada pelo comentário!

      Beijos,
      Denise Flaibam.

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  2. Oi!!
    Amei a capa parece ser um livro muito interessante que pena que você não gostou muito.
    Beijoss

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    1. Oi Maria, tudo bom?
      A capa é linda demais. O trabalho gráfico do livro todo é incrível! Uma pena a história não ter funcionado pra mim, mas quem sabe não funciona pra ti? :D
      Obrigada pela visita!

      Beijos,
      Denise Flaibam.

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  3. Oi Denise!

    Puxa, tinha uma premissa que parecia ser tão interessante! Que pena! Eu não me importo com clichês, mas se o autor não sabe trabalhar com eles complica demais.....

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  4. Anônimo10.6.22

    Terminei o livro com muito esforço. Achei um extremo clichê, muito previsível e acabei criando ranço da personagem principal por encarar traição como algo normal e romântico. A escrita da autora me agradou bastante, mas acho que não sou muito fã desses tipos de enredo.

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