Resenha: Belgravia - Queria Estar Lendo

Resenha: Belgravia

Publicado em 2 de jan. de 2017


Talvez você já tenha ouvido falar de Julian Fellowes em outro contexto que não seja o meio literário, visto que ele é o criador da aclamada série britânica de tv Downton Abbey. Aqui, em seu livro, Belgravia, Fellowes aproveita tudo o que utilizou para fazer de sua série televisiva um sucesso e tenta repetir a fórmula criando um cenário de nobreza, segredos e intrigas. 


Sinopse: Ambientada nos anos 1840, quando os altos escalões da sociedade londrina começam a conviver com a classe industrial emergente, e com um riquíssimo rol de personagens, a saga de Belgravia tem início na véspera da Batalha de Waterloo, em junho de 1815, no lendário baile oferecido em Bruxelas pela duquesa de Richmond em homenagem ao duque de Wellington.Pouco antes de uma da manhã, os convidados são surpreendidos pela notícia de que Napoleão invadiu o país. O duque de Wellington precisa partir imediatamente com suas tropas. Muitos morrerão no campo de batalha ainda vestidos com os uniformes de gala.No baile estão James e Anne Trenchard, um casal que fez fortuna com o comércio. Sua bela filha, Sophia, encanta os olhos de Edmund Bellasis, o herdeiro de uma das famílias mais proeminentes da Bretanha. Um único acontecimento nessa noite afetará drasticamente a vida de todos os envolvidos. Passados vinte e cinco anos, quando as duas famílias estão instaladas no recente bairro de Belgravia, as consequências daquele terrível episódio ainda são marcantes, e ficarão cada vez mais enredadas na intrincada teia de fofocas e intrigas que fervilham no interior das mansões da Belgrave Square.

A trama tem início no mês de junho de 1815, às vésperas da Batalha de Waterloo que transformaria a vida de muitos jovens devido a seu desfecho sangrento. Como meio de prestar uma homenagem ao Duque de Wellington, que comandaria as tropas britânicas contra Napoleão, a Duquesa de Richmond oferece um baile em Bruxelas, convidando boa parte do exército e os nobres que estavam na cidade na ocasião para participar dos festejos.

O que James Trenchard, fornecedor de mantimentos para o exército, não imaginava é que sua própria família seria convidada para o glamouroso baile. James, trabalhador e homem de negócios esforçado, sempre sonhou com o dia em que sua família ascenderia socialmente e coloca todos os seus sonhos nas costas de sua filha, a bela Sophia, que compartilha dos mesmos desejos do pai. Embora a família Trenchard tenha prosperado por seus próprios esforços, a mania de grandeza de James o faz sempre seguir adiante, aspirando um casamento vantajoso para sua filha que possa colocá-los dentro do círculo restrito da nobreza. Anne, esposa de James, apesar de ter sido educada com esmero por sua família, é mais realista no que se refere a entrar para um círculo social do qual não fazem parte, e não compartilha de tais sonhos. Anne se orgulha dos esforços do marido no trabalho, mas está plenamente satisfeita com a posição que a família ocupa atualmente.

Antes do baile terminar, no entanto, chega a notícia de que Napoleão invadiu o país e todos precisam correr. É nesse contexto em que a jovem Sophia Trenchard precisa se despedir do galante Lord Edmund Bellasis, herdeiro de uma das famílias britânicas mais proeminentes da época. No entanto, a jovem pensa ter descoberto uma trama infame por parte de Edmund para seduzi-la, e toda a história que acompanharemos a seguir parte desse momento. A trama salta 25 anos no tempo e agora, em 1840, começamos a descobrir os desdobramentos do segredo que Sophia descobriu e como isso impactará na vida de todos os envolvidos, da família Trenchard até a família Bellasis.

Não posso negar que Julian Fellowes trabalhou com esmero em Belgravia. Toda aquela atmosfera idílica que me fez fã de Downton Abbey está presente aqui - e talvez por isso eu tenha sentido durante toda a leitura que tudo não passava de uma repetição daquilo que eu já havia visto na série de televisão. Apesar de, obviamente, os personagens serem outros e os contextos também, não conseguia deixar de lado a sensação de que toda a história era um grande clichê. Talvez seja culpa da quantidade de dramas históricos que acompanhei durante a vida - tanto em formato de livro quanto de seriados ou filmes - mas consegui prever absolutamente todos os passos da trama como se eu mesma a tivesse criado.

Os personagens são carismáticos e é possível se importar com a maior parte deles, mas a trama e o mistério envolvendo o que Sophia descobriu em 1815 é bem simples e fácil de descobrir. Tanto que me incomodou muito o fato dos envolvidos na história terem demorado um quarto de século para começar a pensar sobre o incidente em Bruxelas. De qualquer forma, mesmo com a trama óbvia, consegui me divertir por alguns momentos enquanto lia: a mãe de Edmund Bellasis, Lady Caroline Brockenhurst, é uma personagem fantástica - ainda que evoque a personagem de Maggie Smith em Downton Abbey, a Condessa viúva Violet Crawley - e a energia e determinação dela são implacáveis. É possível dizer o mesmo de Anne Trenchard - que, no caso, representa a Condessa Cora Crawley - que apesar de ser mais gentil e amável do que Lady Caroline, é tão forte e decidida quanto a outra.

O fato é que  muito da trama de Belgravia se desenrola por conta das personagens femininas: o segredo que Sophia descobriu, as ações de Anne e Lady Caroline quando entendem o que aconteceu 25 anos depois e o amor que Lady Maria Grey sente pelo comerciante de algodão Charles Pope. As mulheres não se deixam conduzir pelos costumes da época e pegam as rédeas das próprias vidas - e isso é digno de nota para o autor. Belgravia pode ser uma boa porta de entrada para quem não conhece muito do gênero drama histórico e pode encantar alguns leitores com suas descrições detalhadas e elegantes, mas deixará a desejar para os aficionados do gênero. Vendido como um livro com uma rede intricada de fofocas e intrigas, Belgravia não terá muitos mistérios para um leitor atento mas vale pela imersão nas mansões de Belgrave Square.

Título original: Belgravia
Autor: Julian Fellowes
Editora: Intrínseca
Gênero: Romance histórico

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2 comentários:

  1. Oi Thay, tudo bem?
    Eu tenho vontade de assistir essa série porque muita gente que eu conheço diz que é ótima. Imagine Minh surpresa em saber que a pessoa que escreveu esse livro, que pela sua resenha, parece ser muito bom.
    Valeu a dica.
    Beijos
    Quanto Mais Livros Melhor

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  2. Oieee

    Confesso que me interessei pela história pelo fato de ter sido escrita por Julian Fellowes, criador da série de TV Downton Abbey. Mas não esperava me envolver em uma história tão rica em detalhes. Simplesmente amei esse livro e indico para todo mundo.

    www.EveryLittleBook.com.br

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