Resenha: Filha das Trevas - Queria Estar Lendo

Resenha: Filha das Trevas

Publicado em 2 de mai. de 2019

Resenha: Filha das Trevas

Uma releitura poderosa e impactante sobre o Conde Vlad Dracul e seu império de terror, centrando a história em dois órfãos abandonados pela guerra. Kiersten White entrega, em Filha das Trevas, uma obra arrebatadora.

Sinopse: Lada Dragwlya e o irmão mais novo, Radu, foram arrancados de seu lar em Valáquia e abandonados pelo pai – o famigerado Vlad Dracul – para crescer na corte otomana. Desde então, Lada aprendeu que a chave para a sobrevivência é não seguir as regras. E, com uma espada invisível ameaçando os irmãos a cada passo, eles são obrigados a agir como peças de um jogo: a mesma linhagem que os torna nobres também os torna alvo. Lada despreza os otomanos. Em silêncio, planeja o retorno a Valáquia para reclamar aquilo que é seu. Radu, por outro lado, quer apenas se sentir seguro, seja onde for. E quando eles conhecem Mehmed, o audacioso e solitário filho do sultão, Radu acredita ter encontrado uma amizade verdadeira – e Lada vislumbra alguém que, por fim, parece merecedor de sua devoção. Mas Mehmed é herdeiro do mesmo império contra o qual Lada jurou vingança – e que Radu tomou como lar. Juntos, Lada, Radu e Mehmed formam um tóxico e inebriante triângulo que tensiona ao limite os laços do amor e da lealdade. Sombrio e devastador, este é o primeiro livro da mais nova série de Kiersten White. Cabeças vão rolar, corpos serão empalados… e corações serão partidos.

Lada e Radu se tornam reféns da guerra travada por seu pai, e cada um aprende a sobreviver nesse cenário caótico. Abandonados por Vlad, os irmãos dividem experiências e aprendizados, mas se tornam distantes conforme a guerra se estende e a certeza de que são peões nesse jogo de poder cresce; Lada, uma guerreira nata e feroz, selvagem até o último fio de cabelo, e Radu, um jovem recatado e polido, de coração grandioso e inteligência sagaz. É um livro sobre guerra, conquista e poder.

- Então qual é a escolha certa? Cometer um mal por um bom motivo ou evitar o mal, sabendo que as consequências serão piores?

Maravilhoso nem começa a cobrir a complexidade dessa obra. Kiersten White desenvolveu uma história completa; mistura ficção e história de tal maneira que alguns fatos fictícios quase parecem reais. Quase dá para acreditar que as coisas realmente aconteceram do jeito que ela diz. O livro tem um desenvolvimento lento, mas equilibra isso ao crescimento dos seus protagonistas, dos descobrimentos e do amadurecimento de ambos.

- Mas as mãos pintadas de vermelho são as que fazem o que precisa ser feito.

Foi uma leitura demorada exatamente por ser tão detalhista. A trama acompanha os irmãos, dando pontos de vista para ambos - o que ajuda a diferenciar suas personalidades, escolhas e reações aos acontecimentos que os cercam. Lada e Radu são o caos e a ordem, a vingança e a justiça. 

Resenha: Filha das Trevas


Os dois são absolutamente diferentes entre si, por isso a dinâmica é tão rica e tensa. Lada é rebelde, arisca e perigosa; mortífera, mesmo quando criança. Ela é a definição perfeita do Caos, aliada à sede de violência e a vontade de se provar. Em um império onde mulheres se escondem atrás de véus e segredos, Lada quer ser uma voz, uma líder, uma guerreira - e precisa passar por cima de muitas pessoas para se provar capaz. Ela não aceita as coisas simplesmente como são, quer lutar por elas. Quer lutar por sua terra natal, abandonada à lembranças e história e a um pai cruel que preferiu virar as costas para os filhos do que guerrear por eles. Lada quer retribuição por ter sido esquecida, vendida a terras inimigas, escravizada como prisioneira de guerra. Ela quer ser respeitada e temida, tanto por aqueles que lutam com ela quanto os que lutam contra ela.

Um dragão não rastejava diante dos inimigos, implorando ajuda. Um dragão não receberia os infiéis em sua própria casa depois de jurar exterminá-los. Um dragão não fugiria de seus domínios no meio da noite como um criminoso qualquer.

O desenvolvimento dela foi brilhante. Lada é uma personagem tão rica em atitude e ferocidade; é uma predadora. Suas interações com os personagens coadjuvantes se equilibram com perfeição com tudo que foi mostrado dela. Principalmente com Radu, com quem ela divide um amor estranho e possessivo, ao mesmo tempo em que o odeia por ser doce e gentil e por encarar o mundo com tanta ingenuidade - principalmente um mundo que os tratou como se fossem sombras dispensáveis.

Com Mehmed, herdeiro do trono do reino onde é prisioneira, a relação nasce como uma amizade conturbada, uma vez que Lada não se dobra facilmente aos próprios sentimentos, e se torna algo mais. Mehmed é extremamente fiel aos irmãos, entregue a Lada de todas as maneiras, mas a narrativa arrasta uma dúvida a respeito da entrega da própria Lada. Até que ponto ela está disposta a deixar o amor - aquele sentimento que detestou, que destrói e deixa ruínas no lugar do que um dia foi belo - entrar em sua vida.

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Radu, por outro lado, é a Ordem. Um garoto civilizado, contido e educado, de beleza angelical e postura calma. Ele é razão onde a Lada é o extremismo; é estratégia onde a irmã é pandemônio. Radu é um pensador e estudioso, bastante inocente e quebradiço durante boa parte do livro. Uma criança assustada; sentenciado a um mundo em guerra, ao abandono e à incompreensão, ele encontra no Islã e nos ensinamentos religiosos uma maneira de reger sua personalidade frágil. Para desgosto da irmã, Radu encontra a própria força longe da terra natal, muito distante do pai e do que nunca foi um lar para ele.

- Não julgue meu país pela crueldade de alguns poucos.

Em relação a Mehmed, Radu é muito de um amigo e família. Ele realmente se acha junto ao garoto, pertence a tudo que Mehmed apresentou para ele. Radu ama Lada, mas ama o mundo que conheceu depois que a guerra destruiu sua antiga casa, depois que o pai os abandonou à própria sorte. E tanto Lada quanto Radu aprenderam a construir sua sorte.

Outro ponto muito interessante e maravilhoso desse personagem tem a ver com suas escolhas; seu coração e a quem Radu decide entregá-lo e como isso o afeta. A dinâmica dos dois protagonistas com seus amores e desamores não é a trama principal, mas se desenvolve junto à guerra e aos afastamentos, às traições e escolhas irremediáveis.

Resenha: Filha das Trevas

E o cenário, senhoras e senhores... Que construção de cenário. A ambientação é tão verossímil e bem detalhada que chega a encher os olhos. Kiersten sabe por onde está caminhando. Sabe escrever batalhas em campos tão bem quanto disputas verbais. Divide a ação com conflitos internos, equilibra muito bem a obra com todos os pontos políticos e estratégicos.

A questão religiosa e a abordagem das diferentes culturas, da maneira com que os muitos personagens veem a situação da guerra e encontram medos nas conquistas e perdas de territórios, o que guia cada um deles dentro desse grandioso conflito, tudo é muito bem entregue na história. É uma ambientação perfeita.

- Não sou mais a filha do dragão. Eu sou o dragão.

Filha das Trevas foi uma leitura incrível. O tipo de livro completo, com uma trama brilhante e bem orquestrada; o início de um grande império, definitivamente, com um final que promete coisas grandiosas para ambos os personagens principais - assim como toda a leva de secundários.

Título original: And I Darken
Autora: Kiersten White
Editora: Plataforma21
Gênero: Fantasia | Ficção
Nota: 5
Skoob

2 comentários:

  1. Oi, Nizz!
    Eu adoro esse livro.
    Lada maravilhosa! Radu, meu filho que pari e criei, só me dá orgulho. Já o Mehmed, pode morrer esse olho junto. Abusivo manipulador do cacete!
    Beijos
    Balaio de Babados

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  2. Oi Denise!! Gostei de saber que é uma narração rica em detalhes e gostei tb da descrição dos personagens. Sem contar essa capa que é bem bonita!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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