Desde o anúncio deste livro, faz uns bons meses, eu e Eduarda estávamos
animadas. Porque A Rainha Vermelha estava sendo vendida, antes mesmo
da publicação americana, como um dos melhores romances. E a autora, Victoria Aveyard, vendeu os
direitos de adaptação cinematográfica por MILHÕES. Então todo aquele bafafá de
livro novo bom que entusiasma. Só que não foi bem assim, amigos.
A Rainha Vermelha é uma distopia; temos os
vermelhos, que são o povo oprimido, possuidores do sangue plebeu e que vivem
para servir os prateados. Os prateados são a elite, os especiais, eles têm
poderes e eles mandam no mundo e naqueles debaixo do seu reinado. Mare é uma
vermelha em uma família de vermelhos, só que ela é diferente. Ela tem poderes.
Quando a coroa descobre isso, eles a "adotam" e a sentenciam a
participar daquela farsa para garantir sua sobrevivência e a sobrevivência da
família; enquanto Mare se fingir de prateada, mesmo com o sangue vermelho
pulsando em seu corpo, ela fica viva.
Um passo em falso e é adeus. Em meio à
corte, Mare vai se unir a uma rebelião, vai dividir seu coração entre dois
príncipes, e vai ver o alcance de seus poderes inéditos criar uma alternativa
para toda aquela vida de servidão. Mare vai se erguer, vermelha como a
aurora.
A única coisa que nos diferencia - ao menos por fora - é que os prateados andam eretos. Já nossas costas são curvadas pelo trabalho, pela esperança frustrada e pela inevitável desilusão com nosso fardo na vida.
Este livro é muito sobre o que já vimos e lemos em várias
distopias, e muito sobre frases marcantes. É um livro bom, a leitura flui bem
rápido, você não quer parar de ler até chegar ao fim, mas é só isso. Não tem
absolutamente nada de espetacular ou muito inédito. Não tem nada que me
prometeram com toda a propaganda em cima, com toda a euforia que me fizeram
criar com a história.
É A Seleção quando descobrimos que há um
"concurso" para o príncipe herdeiro escolher sua noiva entre as
prateadas, e quando Mare vai parar dentro da corte; é Jogos Vorazes pela
opressão e pelas arenas, onde os vermelhos assistem ao poder dos prateados e
devem temê-los por isso, pela mocinha oprimida que tem um melhor amigo mais
oprimido que ela.
É Divergente pela Guarda Escarlate, o levante
rebelde, esgueirando-se mesmo dentro da sociedade prateada; é Estilhaça-me e X-Men porque
os prateados têm poderes e oprimem seus súditos pela normalidade e fraqueza
deles. É toda e qualquer distopia que já vimos até agora, mesmo as mais antigas
e clássicas, bem escrita, bem trabalhada, mas mais do mesmo e absolutamente
comercial.
A Mare é uma boa protagonista; ela tem presença, tem um
desenvolvimento bacana, seus poderes são muito maneiros e a evolução de garota
ladra até a vermelha e prateada na corte real foi bem trabalhada.
A interação
dela com os outros personagens me foi um pouco rasa, especialmente com a
família; não senti toda a emoção que ela deveria passar, talvez pelos momentos
entre eles terem sido tão rápidos. A Mare é muito de criar diálogos internos e
questionamentos e isso acaba deixando pouco pra narrativa trabalhar entre as
interações. Ela e a corte real, no entanto, foi demais.
O contraste entre a vida vermelha e a prateada é quase
palpável nas páginas; o medo do poder e a submissão à ele, o que isso fez com
os vermelhos e com a vida miserável, mas o levante rebelde que pode trazer fim
a esse regime tirano. É o que todos esperamos quando lemos uma distopia, e
em A Rainha Vermelha, foi uma questão muito bem trabalhada e questionada.
O Cal é tipo o Maxon. Eu gostei
de como a autora não reduziu a realeza dele e a fidelidade dele ao governo do
pai, mesmo quando o Cal sabe que há muita coisa errada em toda aquela opressão.
Ele quer mudanças, mas dá pra notar que ele tem medo delas; e isso acontece
durante os melhores momentos da história. É uma verossimilhança bem forte pro
personagem, eu amei isso!
Diferente do babacão de A Seleção, o Cal é fiel
ao que ele cresceu vendo, e, apesar de querer mudar, não vai tentar fazer isso
de uma hora pra outra, como a Mare ou os rebeldes querem - e o Maxon é tão
bocó que mesmo querendo não fez nada, vide A Herdeira.
Agora, o meu favorito: Maven. O irmão mais novo. A sombra
da chama do príncipe herdeiro. O designado noivo de Mare pelo rei e pela rainha
- sua mãe, a Charlize Theron (só consegui pensar nela com a descrição) - é
tímido, contido e misterioso. Ele é o esquecido, solitário e muito coitadinho.
Durante todo o livro; eu repito, todo o livro, eu queria abraçá-lo e prometer que
tudo ficaria bem. Há um contraste forte entre a personalidade dele e a do
irmão, e eu queria muito ter visto mais do relacionamento dos dois.
Espero que
o livro dois traga isso! Maven é um idealista, e ele topa ajudar a Mare nas
infiltrações rebeldes dentro da realeza, o que vai acabar por trazer
consequências fortíssimas ao governo.
O bom do livro, diferente de outros do gênero, foi que o romance e o triângulo amoroso foram bem rasos. Eu agradeci mentalmente por isso, porque até meu ship - Maven e Mare, claro - teve seus momentos curtos e rápidos, e foi o suficiente para eu amá-los fortemente.
Não quero mais do que isso nos próximos volumes,
porque a autora acerta quando mantém o tom do romance rápido; é uma guerra, é
um mundo de opressão, não tem porque focar em "oh, eu te amo" quando
o foco tem que ser na reconquista de um lugar dominado pela tirania.
Eu costumava imaginar os prateados como deuses intocáveis que nunca se sentiam ameaçados ou amedrontados. Agora sei que é o contrário. Passaram tanto tempo no topo, protegidos e isolados, que se esqueceram de que podem cair. Sua força se converteu em fraqueza.
O trabalho da editora Seguinte, como sempre, está
impecável. A capa metálica é maravilhosa e dá vontade de lamber o livro de tão
linda que é a diagramação.
Enfim, foi uma leitura prazerosa, rápida e agradável. Não
é o tipo de livro que me deixou arfando e rolando pelo chão, definitivamente. A
narrativa é bem desenvolvida, os personagens são bem construídos, a ação e as
surpresas na trama constroem uma história admirável. Mas eu descobri tudo que
ia acontecer no final logo no começo; sério, é muito óbvio.
Não foi todo o estardalhaço que fizeram em cima dele não, nem pensar. Eu acabei
de sair da leitura de Herdeira do Fogo, aquilo sim foi de tirar o fôlego!
Fãs de distopia podem procurar A Rainha Vermelha para uma
leitura familiar e bem legal. Mas não façam igual eu e apostem todas as suas
fichas em cima dela; vão perder um pouquinho com isso.
Sinopse: O mundo de Mare Barrow é dividido pelo sangue: vermelho ou prateado. Mare e sua família são vermelhos: plebeus, humildes, destinados a servir uma elite prateada cujos poderes sobrenaturais os tornam quase deuses. Mare rouba o que pode para ajudar sua família a sobreviver e não tem esperanças de escapar do vilarejo miserável onde mora. Entretanto, numa reviravolta do destino, ela consegue um emprego no palácio real, onde, em frente ao rei e a toda a nobreza, descobre que tem um poder misterioso… Mas como isso seria possível, se seu sangue é vermelho? Em meio às intrigas dos nobres prateados, as ações da garota vão desencadear uma dança violenta e fatal, que colocará príncipe contra príncipe - e Mare contra seu próprio coração.
Autora: Victoria Aveyard
Editora: Seguinte
Tradução: Cristian Clemente
Gênero: Fantasia, Distopia
Nota: 3
SKOOB
Gênero: Fantasia, Distopia
Nota: 3
SKOOB
Se você gostou do universo fantasioso de A Rainha Vermelha, pode curtir a leitura de O Príncipe Cruel, da autora Holly Black.
Eu super gostei de A Rainha Vermelha, mas concordo que o livro é uma mistura de todas as distopias que já lemos, é um livro comercial, mas tem suas peculiaridades que acabam cativando, um ponto a favor é o estilo leve e fluído da escritora, torna a leitura rápida e agradável.
ResponderExcluirÉ para ler em grandes expectativas...
xoxo
Mila F
@camila_marcia
www.delivroemlivro.com.br
Oi Camila!
ExcluirEntão, ler sem grandes expectativas não existe com um livro que tem um baita trabalho de marketing + tanto bafafá em cima UHASUHAHUSAHUUHA
Esse foi o problema de Red Queen. Se eu não tivesse lido TANTO a respeito de como ele era fantástico e incrível e inovador e etc, eu teria gostado mais. Mas me prometeram uma coisa e cumpriram nada dela, então... :/
A leitura é boa, e só. Diverte, dá uma angústia, mas não é o livro que eu releria porque me apaixonei por cada detalhe - como eu achei que seria.
Obrigada pela visita!
Beijos,
Denise Flaibam.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAinda lerei esse livro!!! (Mesmo não querendo muito.... tá lá para o final da minhas lista de leituras)
ResponderExcluirÓtima resenha.
Beijos :*
ASHUUHASUHASUHASUHASUHASHUAS isso, foca em livros bons tipo Trono de Vidro, deixa esse pra depois, beeem depois :P
ExcluirObrigada pela visita, sua linda!
Beijos,
Denise Flaibam.
Oie!
ResponderExcluirAinda estou lendo o livro e já concordo com você. To achando o relacionamento dela com os outros personagens bem raso, mas como você disse a Mare é de pensar muito então talvez isso a atrapalhe. Também sou team Mave hahahaha e estou sofrendo antecipadamente porque sinto vibes dele ser o secundário, não sei. Vejo sofrimento a nossa frente. Agora deixa eu voltar pro livro.
Bjs :*
Oi Patrícia!
ExcluirPois é, narração em primeira pessoa é ótima, quando a narradora sabe entender os personagens secundários. A Mare é muito pensativa, a cabeça dela não cala a boca HUASHUASHASHASUHSAHUSUAH daí os coadjuvantes ficam meio apagados ç_ç
O MAVE <3 ele é precioso demais para o mundo, viu? Um lindo. Ame forte ele, e segura o coração porque sim, tem sofrimento pela frente.
Quando terminar de ler, comenta o que achar!
Beijos,
Denise Flaibam.
Eu gostei desse livro porque achei a capa muito bonita rs, e ele tá super comentado no momento. Gostei muito da resenha!
ResponderExcluirSe puderem passar no meu blog, agradeço <3
http://sweetlikecaramel.blogspot.com.br
Oi flor! HUASHUASUHASHUAHUASUH amar o livro pela capa, quem nunca né? Faço isso o tempo todo.
ExcluirA arte é maravilhosa mesmo, pena que o conteúdo não foi tão surpreendente quanto parecia ser :/
Apareceremos lá no seu blog sim!
Beijos,
Denise Flaibam.
Oi Denise, tudo bem?
ResponderExcluirAcho que o bafafá deste livro contagiou toooodo mundo, porque bombou nas redes sociais, em blogs e na euforia, muita gente leu. A Iza lá do blog adorou a leitura e tal. Mas lendo sua resenha, sei que pra mim terá o mesmo efeito que teve pra ti: leitura normal e mediana.
Nós que lemos tantos livros épicos ou distópicos de qualidade, nos acostumamos a esperar muito deles, ainda mais com o marketing bombando em cima e tudo. Então é fácil nos decepcionarmos né?
De certa forma o livro é legal, não parece ruim, mas tem muitas características de outros livros do gênero mesmo, o que o torna "mais do mesmo" definitivamente. Se lerei um dia? Talvez, pegando emprestado.
O ponto mais forte dele é a edição, porque a capa é linda!
Beijo, gostei bastante da resenha e da sinceridade!
http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br/
Oi Camila, tudo bom e contigo?
ExcluirExato, flor, tu comentou exatamente o que eu sinto. Ultimamente paro e penso que estou ficando chata para as leituras, mas a verdade é que eu estou mais crítica. Sei que se pegasse vááários livros que eu amava no passado pra reler hoje sentiria algo totalmente diferente.
Red Queen foi muito bem vendida e distribuída e teve um marketing fodástico, mas não cumpriu pra mim tudo o que tinha prometido. Eu comecei a ler no maior AGORA VAI e acabei UÉ.
O livro é realmente mais do mesmo, o que é uma pena. Talvez a autora inove no próximo, pelo menos espero que faça isso, dado aquele final "bombástico". Vale a pena ler? Vale. Vale o estardalhaço todo? Nunca.
A capa é maravilhosa, SIM! A diagramação também derruba forninhos!
Muito obrigada pela visita, sua linda!
Beijos,
Denise Flaibam.
Ajuda aqui, a Mare beija alguém? E se beija Cal ou Maven? Ou os dois?
ResponderExcluirAjuda aqui, a Mare beija alguém? E se beija Cal ou Maven? Ou os dois?
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