Resenha: O Espadachim de Carvão - Queria Estar Lendo

Resenha: O Espadachim de Carvão

Publicado em 17 de jun. de 2017

Resenha: O Espadachim de Carvão

O protagonista de O Espadachim de Carvão é Adapak, um jovem e filho de um dos quatro deuses que criaram a vida no mundo de tantan. Diferente da maioria dos filhos de deuses que conhecemos e vemos em outros livros e filmes, ele não possui uma beleza exuberante e humana, mas sim excêntrica, incomum e única, pois não ninguém além dele com essa aparência ou semelhante. Adapak tem a pele negra como carvão, não possui nariz e seus olhos são brancos como leite.
Sinopse: Filho de um dos quatro deuses de Kurgala, Adapak vive com o pai em sua ilha sagrada, afastada e adorada pelas diferentes espécies do mundo. Lá, o jovem de pele absolutamente negra e olhos brancos cresceu com todo o conhecimento divino a seu dispor, mas consciente de que nunca poderia deixar sua morada. Ao completar dezenove anos, no entanto, isso muda. Testemunhando a ilha ser invadida por um misterioso grupo de assassinos, Adapak se vê forçado a fugir pela vida e se expor aos olhos do mundo pela primeira vez, aplicando seus conhecimentos e uma exótica técnica de combate na busca pela identidade daqueles que desejam a morte dos Deuses de Kurgala.
Desde o começo sabemos que ele está fugindo de alguém, de alguma coisa e que seu lar foi destruído. Sua aparência não ajuda muito em sua fuga, pois ele é diferente demais e pode ser reconhecido em qualquer lugar por quem o está procurando. Esse também, é o mistério de quase todo o livro: quem e por que o está procurando.

Resenha: O Espadachim de Carvão
O espadachim ajeitou o capuz e deu o primeiro passo para a praça vazia, mantendo o andar moderado e a cabeça baixa. Ele teve que erguê-la um pouco, contudo, ao notar o pequeno monumento que enfeitava o centro do pátio; quatro esculturas de elegantes seres alados erguiam-se mais de vinte cascos acima da base de um chafariz hexagonal, entrelaçadas como se partissem de uma só espiral. Adapak não identificou que espécie de criaturas era até ler a placa montada na base: NO PRINCÍPIO, KURGALA ERA MAR E ENTÃO OS ESPÍRITOS DE ANU’NÄR, ENLIL’NÄR, ENKI’NÄR E NINTU’NÄR DESCERAM. Desta vez o rapaz sentiu vontade de rir, olhando a escultura que representava Enki’När e divertindo-se com a imagem que o mundo tinha de seu pai.
Ao longo da aventura de Adapak o vemos em fuga, conhecendo inúmeros lugares de seu mundo e pessoas, sua aflição ao correr de lugar em lugar e se esconder de todos, tentando passar despercebido, mesclado a capítulos dedicados à lembranças de sua infância e adolescência, sua relação com o pai, seus poderes e habilidades, seus mentores e aprendizado. Ao poucos vamos entendendo o que o fez estar onde está e o por que disso tudo.

Resenha: O Espadachim de Carvão


Adapak é um muito inteligente, forte e como o título já diz em parte, um exímio espadachim. Ele também é gentil e curioso, mas ingênuo e um pouco inocente. Notamos como sua personalidade foi se desenvolvendo ao longo dos capítulos, principalmente os que falam de sua infância, pois temos noção de seu crescimento e aprendizagem.
Exausto, o jovem de 19 ciclos de idade se levantou. Ao seu redor a casa havia se reorganizado em rampas, bancos e apoios com diferentes formatos que ele usava para se exercitar diariamente desde os 12 ciclos de idade. Telalec o havia ensinado a trabalhar e compreender o corpo da mesma forma que os ushariani faziam, apreciando a dor muscular ao invés de rejeitá-la. Aceitando-a como uma aliada na construção de um Adapak então capaz de realizar os movimentos que os Círculos exigiam de maneira precisa, como um verdadeiro espadachim Tibaul.
O mundo criado pelo autor é simplesmente incrível. Tudo tão bem feito, desde a história do início dos tempos até a sociedade atual, os detalhes, a política e a cultura. Também conhecemos suas outras raças e seres, todas fantasticamente estruturadas, com suas qualidades, dons, defeitos e esquisitices (digo isso porque, aos olhos de um humano, um ser com tentáculos no lugar de pernas não é lá muito normal, certo?). Affonso Solano fez um mundo tão original, diversificado, onde tudo é diferente e ainda assim, justificado. Há motivos e respostas por trás de todas as coisas, ele se preocupou com cada partezinha, como se fazendo o possível para não deixar furos. O que ele obteve com sucesso.

Resenha: O Espadachim de Carvão

O livro é pequeno, com somente 256 páginas. Porém, ele é arrastado. Esse foi o ponto negativo do enredo. Demorei uma semana para ler mais ou menos, muitas vezes não conseguindo seguir adiante, não sentindo muita fluidez na narrativa. O que diminui esse ponto negativo é a mitologia, que como falei antes, é tudo bem feito, então você quer saber mais sobre o mundo e suas espécies, além de querer descobrir de uma vez o que aconteceu com Adapak e seu pai.

Apesar de ser demorado de ler, na minha opinião, vale a pena a leitura, tanto para conhecer esse mundo excelentemente criado por Solano quanto para ter um incentivo à literatura nacional que, junto desse livro, sabemos que vem melhorando muito nos últimos tempos.

Título original: O Espadachim de Carvão
Autor: Affonso Solano
Editora: Novo Conceito
Gênero: Fantasia
Nota: 3,5

Saiba mais: Skoob | Amazon | Saraiva

2 comentários:

  1. Oi camila, tudo bem?

    Nem sempre eu curto uma narrativa enrolada e lenta, confesso, mas ás vezes mesmo a narrativa sendo assim o livro vale a pena. Que bom que ao menos a parte mitológica te agradou.

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim, se a história não for boa, a narrativa enrolada certamente atrapalha.
      Obrigada pelo comentário Mi!
      Xoxo

      Excluir

Deixe seu comentário, sua opinião é sempre muito bem-vinda!



@QueriaEstarLendo