A trama se inicia com o enterro de George Stark, pseudônimo usado pelo escritor Thad Beaumont durante anos para escrever seus livros campeões de venda. Ele decidiu "aposentar" George e seguir uma carreira mais tranquila - mas George não parece querer ser enterrado.
Estranhas mortes começam a acontecer a pessoas ligadas a carreira artística de Thad, principalmente pessoas que tinham conhecimento sobre seu pseudônimo. E essas mortes apresentam muitos paralelos com Thad, coisas como frases que só ele conhecia e até mesmo suas digitais nas cenas de crime. Quando a polícia bate à sua porta, Thad precisa confrontar a estranha situação de que seu pseudônimo não aceitou ser morto. Ele parece ter ganhado vida para garantir que ninguém mais se esquecesse dele.
A Metade Sombria é um livrão. Com suas quase 500 páginas, é um thiller no melhor estilo Stephen King - muito foco em seus personagens, no desenvolvimento das relações entre eles, a construção daquela tensão desesperadora que permeia boa parte da história até um clímax rápido e impactante; me entregou tudo o que eu queria para a trama e muito mais.
Thad é um homem controlado, mas tem seus momentos conturbados - e, quando bate de frente com a ideia de que seu pseudônimo ganhou vida e está assassinando pessoas, aí precisa visitar uma parte sombria do seu passado que havia deixado de lado até então.
Os pardais estão voando novamente.
Eu gostei bastante da atenção que a narrativa deu para o seu protagonista. Ele é um escritor carismático e dedicado, um pai amoroso e um marido atencioso; ele e Liz, sua esposa, dividem um relacionamento saudável baseado em muita honestidade - o que eu gostei bastante de acompanhar, porque a trama podia muito bem ter saído pela culatra com mentirinhas e escapatórias fáceis, mas preferiu a dura e bizarra verdade e como os dois reagiriam a ela. Thad se mostrou um personagem multifacetado, o que gerou boas interações com os acontecimentos macabros ao seu redor.
George Stark, por outro lado, se apresenta como a sua metade sombria. Tudo que ele nunca foi, mas talvez tenha desejado ser - naquele cantinho da mente dele onde George ganhava vida para contar suas histórias. Os embates entre os dois são carregados em tensão e no medo do desconhecido; o final, principalmente, foi todo baseado na palavra DESESPERO COMPLETO.
Outro personagem que acrescentou bastante à trama foi Alan, o policial responsável por acompanhar o caso de Thad - que cai de paraquedas nessa questão de serial killer que nasceu de uma identidade fictícia e tudo mais. Ele é a parte racional, lutando para não cair na ladainha fantasiosa apresentada por Thad, mas ciente de que essa bizarrice toda só faria sentido seguindo a lógica do escritor.
- Os poetas falam de amor.
- Mas eu falo de condenação. Porque, no final, é só a condenação que importa.
A Metade Sombria apresentou bons momentos do mais puro terror, com direito a perseguições e a sensação inquietante de que alguma coisa está logo atrás de você. Por sabermos quem é o responsável pelas mortes, todo o trabalho da narrativa em não esconder seus passos, mas mostrá-los abertamente, torna as caçadas de Stark ainda mais medonhas.
Minha única crítica e o motivo de eu não ter dado a nota máxima foi que todo esse desenvolvimento acabou ficando um pouco enfadonho lá na metade da história. Apesar de ter me acostumado a TUDO que o King resolvia mostrar - pequenos detalhes que, sinceramente, eram bastante insignificantes - acabou se tornando enjoativo depois de 200 páginas.
O trabalho da Editora Suma nessa reedição está primoroso e eu amo todo o cuidado que eles têm dando vida a essa Biblioteca Stephen King; mais um livro capa dura para eu admirar e exaltar porque eita trabalho bem feito!
Para fãs do King ou simplesmente amantes de um bom terror psicológico, A Metade Sombria é uma recomendação fortíssima. Tem personagens bem desenvolvidos, uma boa trama aterrorizante apresentada logo cedo e um fim de arrepiar.
Sinopse: Criar George Stark foi fácil. Se livrar dele, nem tanto. Há anos, Thad Beaumont vem escrevendo, sob o pseudônimo George Stark, thrillers violentos que pagam as contas da família, mas não são considerados “livros sérios” pelo escritor. Quando um jornalista ameaça expor o segredo, Thad decide abrir o jogo primeiro, e dá um fim público ao pseudônimo. Beaumont volta a escrever sob o próprio nome, e seu alter ego ameaçador está definitivamente enterrado. Tudo vai bem. Até que uma série de assassinatos tem início, e todas as pistas apontam para Thad. Ele gostaria de poder dizer que é inocente, que não participou dos atos monstruosos acontecendo ao seu redor. Mas a verdade é que George Stark não ficou feliz de ser dispensado tão facilmente, e está de volta para perseguir os responsáveis por sua morte.
Título original: The Dark Half
Autor: Stephen King
Tradução: Regiane Winarski
Editora: Suma
Tradução: Regiane Winarski
Editora: Suma
Gênero: Thriller | Terror
Oi, Denise!
ResponderExcluirNossa, adorei sua resenha. Faz um tempo que não leio nada do King exatamente porque normalmente eu chego na metade e canso. E eu sempre fico com medo, então ler a noite não é uma opção (me dá muito pesadelo, juro ahhahah)
Mas mesmo assim, fiquei muito curiosa com a história. Preciso criar coragem e ler mais dele. E, aliás, o que é essa edição? Maravilhosa! Que trabalho da suma, eu realmente amei.
Gostei muito da sua resenha!
Beijos,
Caverna Literária
Oi, Denise
ResponderExcluirQue bom que você gostou da obra, eu não sinto a menor vontade de ler algo do King, primeiro porque é suspense e meio terror e segundo porque acho o autor muito supervalorizado haha mas pros fãs funcionam e é isso que importa.
Beijo!
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ja li bastante coisa do king quando eu era adolescente e sempre adorei, gostei bastante de conhecer esse título
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