Resenha: Glória e Ruína - Queria Estar Lendo

Resenha: Glória e Ruína

Publicado em 24 de set. de 2019

Resenha: Glória e Ruína

Quando ouvi a premissa de Graça e Fúria, fiquei apaixonada. Quando li, dei meu coração para a história - e quase morri de nervoso com aquele final desesperador. Eis que a sequência e volume final da duologia chega pela Editora Seguinte - que cedeu este exemplar para resenha -, pega todos os meus sentimentos e multiplica por dez mil, tornando-se um favorito. Glória e Ruína é tudo e mais um pouco e eu vou contar para vocês o motivo.


Sinopse: Na continuação de Graça e Fúria, Serina e Nomi Tessaro vão dar início a uma revolução que vai mudar a vida de todas as mulheres de seu país. As irmãs Serina e Nomi Tessaro nunca imaginaram que acabariam em lugares tão distintos: Serina em uma ilha-prisão, Monte Ruína; Nomi no palácio de Bellaqua, como uma graça, à disposição do príncipe herdeiro do reino. Depois de sofrer uma grande traição, Nomi também é mandada para a ilha e, ao chegar lá, para sua surpresa, encontra Serina à frente de uma rebelião das prisioneiras contra os guardas. Agora as irmãs têm um objetivo em comum: mudar o funcionamento de toda a sociedade. Além disso, elas sabem que Renzo, gêmeo de Nomi, está em perigo. Relutantes, elas se separam mais uma vez, e Nomi retorna à capital, enquanto Serina permanece em Monte Ruína para garantir que todas as mulheres encontrem um lugar seguro para viver. Só que nada sai como o planejado ― e as duas vão ter de enfrentar os seus maiores medos para mudar o país de uma vez por todas.

Esta resenha pode conter alguns spoilers do primeiro livro.

Graça e Fúria terminou com uma reviravolta; Nomi foi traída e enviada para Monte Ruína para viver em exílio com as outras prisioneiras, sem imaginar que sua irmã se tornou uma guerreira e se ergueu contra a opressão infringida contra todas aquelas mulheres. Serina comanda a ilha e está pronta para dar liberdade às suas companheiras de luta, sem saber que, em Bellaqua, outro reinado de terror acaba de começar.

O objetivo das irmãs é um só: mudar o sistema de governo e, assim, garantir os direitos que foram negados às mulheres por tanto tempo. Para isso, é necessária uma revolução. Para isso, elas precisam de aliados, de armas e de um espaço para erguerem suas vozes; para isso, elas vão precisar derrubar o tirano que tomou o governo e promete se tornar um governante ainda mais cruel que o seu antecessor.


- Essa prisão não é só para assassinas e conspiradoras, entende? É para qualquer mulher que desafia o funcionamento de Viridia, em qualquer instância. É para as desobedientes.

O que eu mais tinha gostado em Graça e Fúria era a simplicidade da narrativa e a maneira colossal com que a autora deu força às suas personagens femininas - diferentes tipos de força; a física, a que fala sobre amor, sobre razão, sobre coragem e determinação, sobre fé e amizade. Glória e Ruína pega exatamente esse ponto e multiplica em uma rebelião gloriosa, mostrando o melhor tipo de YA feminista que já li.


Resenha: Glória e Ruína

É fato que muitas fantasias recentes saíram com essa premissa de serem feministas e de terem "protagonistas diferentes do usual" que validavam a luta, mas poucos - ou quase nada - foram os que alcançaram essa descrição. A duologia de Tracy Banghart é, aos meus olhos, a que mais se ajusta a premissa de dar voz às mulheres e sua luta.


Ela ouviu as vozes altas e as respostas raivosas dos homens e desejou poder falar também. Queria encher o mundo com seus gritos.

Justamente por trazer uma história que se passa em uma sociedade que apagou suas rainhas e transformou as mulheres em objetos - sem direitos, sem voz, sem liberdade alguma - a duologia dá espaço para que as protagonistas e as coadjuvantes se ergam contra a opressão. Seja através da força física, com as guerreiras de Monte Ruína, ou da razão e da emoção, como visto com Nomi e as graças, ou mesmo com atitudes sutis que fazem toda a diferença - as cenas da garotinha na estação de trem e de mulher na padaria foram duas que mais pegaram no meu coração.

Glória e Ruína usa os pontos deixados no primeiro volume para trazer uma conclusão à altura. É um livro rápido, com uma narrativa bastante fluida - não considero simples e nem pouco desenvolvida como vi em algumas críticas, aliás. Mil vezes um livro ligeiro que entrega os momentos certos para fechar a história do que um com 500 páginas que não vai a lugar algum. Suas personagens são cativantes, seus enredos individuais são marcantes e seus caminhos - tanto os que constroem juntas quanto os que seguem sozinhas - são emocionantes.


Resenha: Glória e Ruína

Serina, aqui, está ainda mais madura. E o preço que essa maturidade coloca sobre seus ombros é o que a assombra; ela quer dar liberdade a todas as mulheres que lutaram ao seu lado, quer garantir que encontrem um recomeço pacífico, mas ainda há muita luta à sua frente antes de poder alcançar isso. Suas interações com as mulheres de Monte Ruína são carregadas em esperança e medo, em fé e tensão. Elas construíram uma irmandade inquebrável, independente do que tenham que confrontar quando erguerem sua revolução. Com Val, seu interesse amoroso, é muito mais sutil - já tem essa relação construída entre os dois, e a narrativa não perde tempo com o amor romântico quando seu foco é justamente o oposto.


Ela devia saber que, em Monte Ruína, sobrevivência significava dor.

Eu poderia passar horas falando sobre cada uma das personagens e como eu chorei e me emocionei com seus desfechos, mas deixo um comentário específico para Âmbar que foi a que mais me pegou de jeito. Por sua coragem, por sua presença e por ser um escudo para suas irmãs de luta, uma espada quando elas precisavam. Uma mulher magnífica com uma história emocionante.

Nomi, por outro lado, está carregando o peso de uma traição. Por ter confiado na pessoa errada, por ter traído a pessoa errada e por ter se colocado em uma situação extrema, ela sente que precisa resolver as coisas sozinhas. Ter sua retribuição; seu reencontro com a irmã é lindo, mas é ainda mais bonito ver como elas se entendem dentro das suas mudanças e como respeitam isso.

Enquanto as interações de Serina com as coadjuvantes ficaram bem para o lado da irmandade e da confiança, as de Nomi foram breves e mais serviram como degraus para sua caminhada solitária. De novo, a autora explorou as diferentes forças de suas protagonistas para garantir que chegassem ao seus desfechos.


Viridia ainda era um lugar perverso, e suas rainhas estavam enterradas.

Maris, a graça que acompanha Nomi, teve momentos ótimos com Helena, sua companheira - a representação do relacionamento amoroso entre as duas é linda e bem mais intensa do que os relacionamentos héteros da história (deusa a abençoe por isso!).

A edição da Seguinte está linda - se eu já adorei a capa do primeiro, essa arte do segundo me conquistou ainda mais.


De repente, um rugido subiu de algum lugar, agarrando-se às paredes e fazendo as pedras estremecerem. Era o rugido de uma centena de vozes femininas, cheias de raiva. Era um grito de guerra.

As irmãs Tessaro vão ficar comigo no coração, e eu vou fazer questão de sempre divulgar suas histórias e garantir que as pessoas acompanhem sua revolução grandiosa.


Título original: Queen and Ruin
Autora: Tracy Banghart
Editora: Seguinte

Tradução: Isadora Porspero
Gênero: YA | Ficção
Nota: 5+
Skoob


6 comentários:

  1. Olá, Denise.
    Não creio que são só dois livros. E eu aqui esperando lançar o terceiro para começar a ler hehe. Eu já tenho o primeiro e assim que baixar o preço do segundo, que está custando um rim, eu vou comprar e ler eles. Fiquei bem empolgada com sua resenha hehe.

    Prefácio

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  2. Oi Denise! É minha leitura atual e estou curiosa para ver como as irmãs vão seguir. Eu espero até o final gostar um pouquinho da Nomi, pois até agora ela só me fez passar raiva. Bjos!! Cida
    Moonlight Books

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  3. Oi, Nizz!
    Apesar dos seus elogios, é uma duologia que não me desperta interesse justamente por conta do hype. Geralmente livros muito hypados eu tendo a não gostar hahahha
    Beijos
    Balaio de Babados
    Sorteio de aniversário Balaio de Babados e O que tem na nossa estante. Participe!

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  4. Oi Denise! Faz muito tempo que não leio fantasia, mas minha amiga e colaboradora Ariane ama demais a duologia e eu acredito muito em vocês duas! Deve ser boa mesmo <3

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  5. Oi, Denise

    Em terra de séries quem publica duologia é rei. Neste caso, rainha! hahahaha
    Eu tenho o primeiro livro e vou tentar lê-lo ainda este ano, por isso não puder ler a resenha mais profundamente (já que você avisou de possíveis spoilers) e fui passando o olho pra achar um parágrafo mais seguro! hahahaha
    Que bom que Tracy conseguiu entregar uma história de luta feminina válida. Realmente esses livros mais recentes andam uma decepção só, nem levo muito a sério quando esse discurso feminista é usado no marketing.
    Espero que todas estar personagens me conquistem, vamos ver!

    Beijos
    - Tami
    https://www.meuepilogo.com

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