Doismilidezenove foi muito doido. No mesmo ano em
que vimos nosso presidas desmantelando tudo quanto foi órgão de cultura,
tivemos um filme nacional premiado no Festival de Cannes. Hoje lhes apresento:
Bacurau.
O longa que foi escrito e dirigido por Kleber Mendonça
Filho (que também foi diretor de Aquarius) e Juliano Dornelles é uma
co-produção de Brasil e França, mas que tem muito mais Brasil do que França.
Ambientado no interior do nordeste brasileiro, em uma
cidade fictícia que dá nome ao filme, Bacurau pode ser categorizado como um
filme de western; entretanto, rolam também algumas partes que trazem um pouco
de terror à cena. Conta ainda com uma pitada de coronelismo e é
recheado de críticas sociais. Tem crítica para todos os gostos.
Crítica ao imperialismo estadunidense? Tem. Crítica à
esfera política que só aparece de 4 em 4 anos quando precisa de votos? Tem.
Crítica aos povos do sudeste do país que acreditam serem superiores aos
nordestinos? Tem também. E essas são só algumas.
A
história acompanha esse pequeno povoado que, de repente, sem mais nem menos, deixa de
aparecer no mapa e têm sua comunicação cortada com o mundo externo, fora de
Bacurau.
Além das diversas críticas sociais presentes, o filme se
apresenta de uma maneira otimista e positiva. Mostra que é possível uma
organização popular contra aquilo que causa mal àquela sociedade.
Assisti duas vezes e pretendo ver pelo menos
mais uma vez. Numa dessas vezes, pude ver gratuitamente no CineClube Vladmir
Herzog, situado no sindicato dos jornalistas em São Paulo, onde houve um debate que
me trouxe visões muito interessantes.
O filme não têm um herói, a população toda pode ser
considerada heroína de sua própria sorte. Bacurau também nos traz algo novo que
é a identificação com o povo que está sendo oprimido, sendo esse povo um povo
nordestino. Estamos acostumados a ver filmes em que os marginalizados são
frequentemente retratados de uma maneira que não nos identificamos com eles e
sim com os opressores, mas não é o caso de Bacurau.
A fotografia é linda e existem detalhes sutis na
produção que fazem com que a situações pareçam mais reais, como roupas
desgastadas e até moscas que fazem parte do cenário. E a trilha sonora? Absolutamente incrível.
O elenco manda muito bem, com presença de Sônia Braga que
faz a Domingas, Thomas Aquino como Pacote, Silvero Pereira como Lunga e até
alguns atores estrangeiros como Udo Kier. Vou destacar aqui a atuação de
Silvero Pereira, que fez um personagem equivalente a um cangaceiro moderno com
um diferencial, era um cangaceiro Queer.
Inclusive a forma como o longa aborda a sexualidade e
principalmente os gêneros não normativos é sensacional, porque ao contrário do
nosso imaginário do nordestino machista, a sexualidade é tratada com
muita naturalidade e a coisa é quase imperceptível, sem chocar.
Bacurau foi o melhor filme que assisti em 2019. Ele ainda
está em cartaz em São Paulo mas já está disponível em DVD e na plataforma
Telecine NOW.
Será que ainda existe quem tenha preconceito com cinema
nacional? Espero que não.
Eu amo um filme e é isso! Foi uma baita surpresa e ele foi um dos melhores que li ano passado.
ResponderExcluirBeijos
Balaio de Babados
Oi meninas, puxa eu queria ter visto na época do lançamento, mas não deu, fico feliz que ainda tenha sala passando vou dar uma olhada, acho a premissa tão curiosa! Quero conferir!
ResponderExcluirBjs, Mi
O que tem na nossa estante
Oi meninas!
ResponderExcluirNossa eu vi muita gente falar desse filme, bastante, inclusive treta que rolou sobre a representatividade nordestina e talz. Sinceramente não é muito a pegada de longa que eu pare para vê, mas noa deixa de ser importante a mensagem que traz.
Abraços
Emerson
http://territoriogeeknerd.blogspot.com/
esse é mesmo um filmaço! bem diferente de tudo que já tinha visto de cinema nacional que levanta MUITAS questões importantes, principalmente do imperialismo
ResponderExcluirwww.tofucolorido.com.br
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