O terceiro e último volume da trilogia Iskari, publicada aqui pela Editora Seguinte, chegou com o título de A Tecelã do Céu. Esse eARC veio lá da NetGalley e eu não poderia ter surtado mais do que surtei com o final dessa história.
Sinopse: O reino de Firgaard passou por tempos turbulentos desde que Dax assumiu a coroa ao lado de Roa, uma garota nascida em território inimigo. Agora, cabe a Safire, prima de Dax e comandante do Exército real, manter a ordem na cidade. Quando Eris, uma ladra capaz de se deslocar por mundos diferentes, invade o palácio e passa a cometer roubos impunemente, Safire vê diante de si um desafio quase impossível: capturar alguém que consegue desaparecer num piscar de olhos. O que nenhuma das duas esperava era compartilhar o mesmo objetivo: encontrar Asha, irmã de Dax e namsara do reino. A diferença é que Safire quer garantir sua segurança, enquanto Eris pretende entregá-la a seus inimigos. Em uma corrida contra o tempo, uma vai tentar derrotar a outra a qualquer custo ― mas um sentimento surpreendente entre elas pode mudar tudo.
Esta resenha pode conter alguns spoilers dos outros títulos.
Na trama, acompanhamos a ladra Eris em suas aventuras pelas sombras do castelo do rei-dragão - ela está ali para roubar uma joia a um pirata para quem trabalha e só, mas acaba esbarrando na comandante do exército e suas provocações a colocam no caminho de uma possível guerra. Que envolve deuses e a ruína de um povo.
Do outro lado, temos Safire - lidando com a invasão da Dançarina da Morte em seu castelo enquanto seu primo, Dax, faz negociações com as ilhas da Estrela para tentar salvar o povo de Roa da fome e da desgraça. Essas negociações passam a envolver mais do que política, e magia e ocultismo entram em cena numa corrida contra a guerra que pode se iniciar a qualquer momento.
A Tecelã do Céu segue a mesma fórmula dos seus volumes anteriores; aqui, já estamos familiarizados com muitos personagens e locais, então a sensação de "voltar para casa" é grande. Asha, Torwin, Dax, Roa, os dragões, os reinos. É tudo conhecido, e nem por isso a ambientação deixa de lado a construção da energia e do cenário.
As ilhas e o mar, no entanto, são desconhecidos, e a autora nos faz atravessar essa novidade com descrições detalhadas, mas não enfadonhas, e viagens que te colocam entre os navios e as passagens mágicas de Eris.
E a mitologia também! Os deuses são peças-chave nessa trama, e os trechos de histórias e lendas que interrompem os capítulos te enchem de curiosidade porque estão ligados à narrativa principal.
O ponto forte desse livro, mais uma vez, está em suas protagonistas; tal como Dax e Roa me conquistaram absurdamente no segundo livro, aqui Eris e Safire são extremamente bem construídas e desenvolvidas. Têm seus arcos de crescimento individuais e o em conjunto, que envolve muito do trope "enemies to lovers".
Eris tinha gosto de tempestade. Como trovões, relâmpagos e chuva, tudo misturado.
Safire é aquela comandante que já conhecemos pelos olhos dos outros - leal, destemida e forte. Aqui, no entanto, vemos a dimensão da sua lealdade e força, mas principalmente do seu medo e da sua fragilidade. A narrativa explora seus problemas de nunca ter pertencido a um lugar, os traumas do isolamento e do preconceito sofridos na infância, a solidão que nunca teve fim - pelo menos não até se encontrar como comandante do rei.
A personagem é rica em personalidade e presença; seu carisma é muito sutil, mais a ver com atitudes corajosas e tomada de decisões que protegeriam todos que ama, mas colocaria em risco sua vida. Porque assim é Safire.
Mas era uma mentira gentil, com a intenção de confortá-la.
Eris aparece como seu completo oposto, vocês sabem como eu amo um ship onde as personagens não se suportam a princípio! Ela é egoísta, mesquinha, extremamente rebelde e petulante. Carismática e bem humorada, daquele tipo que carrega provocações afiadas na ponta da língua. E charmosa. É impossível não se apaixonar pela Eris.
A ladra também tem seu lado sombrio, claro. Forçada a servir na tripulação de um pirata, ela tem um passado turbulento e traumas que a colocam em caminhos perigosos, quase mortíferos.
Quando a noite cai, lembro aqueles que partiram antes de mim, iluminando meu caminho pela escuridão.
Ela e Safira são diferentes, mas suas fraquezas e hesitações acabam coincidindo. Foi maravilhoso acompanhar o desenvolvimento desse ship porque a química vai nascendo junto com as alfinetadas e discussões, junto com as perseguições e entendimentos; de repente elas veem que precisam uma da outra e você só quer morrer porque é moralmente errado para uma, é risco de vida para a outra, mas os corações delas querem assim!
Dax e Roa que me perdoem, mas Eris e Safire roubaram o posto de ship favorito da trilogia.
Dito isso, preciso pontuar que em qualquer outra situação esse livro teria perdido outra estrela para mim. Onde a autora acerta com os mistérios da trama - muito bem bolados e encaixados na história, com direito a plot twist bem surpreendente -, com as descrições e suas personagens (coadjuvantes e principais), ela enrola demais.
A Tecelã do Céu é o livro da trilogia que mais vai, vai, vai e nunca chega a lugar algum. Depois de duas vezes repetindo o mesmo plot, por exemplo: colocando Personagem A contra Personagem B, Personagem A percebe que B está certa, mas A precisa fazer tal coisa para C então não pode deixar B escapar - B escapa. E repete. E repete.
- É a Tecelã do Céu. Uma deusa que costura almas e as transforma em estrelas.
Ficou enfadonho, e nisso já tinha passado metade do livro. De 4 plots repetidos, 3 poderiam ter sido apagados porque não deram em lugar algum; o famoso encheção de linguiça.
Mas, como é um livro divertido, bem mais original que muitas fantasias do tipo só pelo fato de colocar um casal sáfico como protagonista (e uma delas não é branca), então eu relevo. Perdoo pela diversidade.
Num geral, no entanto, A Tecelã do Céu apresenta um final satisfatório, fechando brechas deixadas nos títulos anteriores, despedindo-se de personagens queridos e entregando um fechamento agradável e emocionante para os que conhecemos agora.
Título original: The Sky Weaver
Autora: Kristen Ciccarelli
Tradução: Eric Novello
Tradução: Eric Novello
Gênero: Fantasia
Nota: 4 +
Oi, Denise tudo bem? Este livro esta na minha lista de futuras leituras. Que bom que o livro lhe proporcionou uma leitura agradável, apesar de as ressalvas citadas. Espero que eu goste da leitura. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Oi Denise
ResponderExcluirNão conhecia a trilogia mas parece ser uma leitura interessante. Irei procurar mais sobre o primeiro livro.
Beijinhos
http://focadasnoslivros.blogspot.com/
Oi Denise! Estou até com medo de ler, o segundo não achei tão bom e vai saber como esse vai ser para mim. Vou ler pela curiosidade mesmo. Bjos!! Cida
ResponderExcluirMoonlight Books
Olá, Denise.
ResponderExcluirAinda não sei se quero ler essa trilogia. Eu estava bem animada quando lançou o primeiro. Então veio uma enxurrada de resenhas negativas e acabei desistindo de ler.
Prefácio
o nome do blog nunca fez tanto sentido pra mim quanto agora, pq eu queria estar lendo nessa quarentena, mas infelizmente a biblioteca está fechada e ler sem ser no papel é quase impossível para mim. Esse livro q resenhou não me despertou muito a atenção, mas vc escreve tão bem que até dá um pouco de curiosidade.
ResponderExcluirwww.verdeveggie.blogspot.com
Posso ler esse sem ter lido os outros? Fiquei sabendo q a história dos livros é independente
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