Controle remoto: Barbie - Queria Estar Lendo

Controle remoto: Barbie

Publicado em 24 de jul. de 2023

Controle remoto: Barbie

O acontecimento cinematográfico mais esperado de muito tempo (pra quem tem um cérebro e um coração) chegou. Barbie estreou nos cinemas, e eu fui assistir, e foi sim tudo que prometeu. E muito mais! Hoje é dia de controle remoto pra falar do maior filme já feito.

A premissa acompanha a Barbie (e muitas outras Barbies) na Barbielândia, onde tudo é perfeito, elas têm todas as profissões do mundo, e o dia-a-dia não tem uma imperfeição. Os Ken existem para idolatrar suas Barbies, e a vida é linda.

Até que, um dia, a Barbie estereotipada (Margot Robbie) tem um colapso e pensa na morte. O que desencadeia toda uma sequência de eventos que tira a perfeição da sua rotina, e a faz questionar o que está acontecendo. Eis que ela descobre um problema: alguém no mundo real a colocou nessa cadeira de depressão e incerteza e, para recuperar a perfeição, ela precisa encontrar esse alguém.

Barbie e Ken (Ryan Gosling) partem para o mundo real no que deveria ser uma missão bem simples, mas que vai causar ainda mais problemas no mundo dos sonhos que eles viviam até então.

Esse é um dos filmes mais divertidos e genuinamente importantes que vi nos últimos tempos. A classificação indicativa +12 fala a verdade: não pense que é um filme da Barbie tal qual as animações, que crianças mais novinhas vão assistir e entender tudo. Esse filme foi feito para o público do jovem ao adulto, porque fala abertamente sobre misoginia, patriarcado, capitalismo e a pressão de existir.

Mas também não pense que é um "filme cabeça" daqueles que vai usar metáforas e te colocar para analisar a vida e os confins da psicologia moderna. Barbie é bastante direto em seus discursos, sem rodeio para abordar o que quer discutir. E por isso eu gostei tanto!

Greta Gerwig (diretora de Mulherzinhas e Lady Bird) tem um dom para construir histórias suaves e igualmente impactantes. Barbie tem um visual chamativo, vibrante e encantador - pelo menos até ela chegar no mundo real, onde as coisas não são tão cor-de-rosa assim.

Eu gostei dos contrastes do "mundo ideal" com o nosso, como ela construiu essa personagem perfeita no universo perfeito para tirá-la do pedestal de sonho ao confrontar a realidade.

A Barbie é um doce de personagem, com uma performance espetacular da Margot Robbie (que vai ser indicada ao Oscar sim, ou eu não me chamo Denise). Ela é a inocência, o sonho, a representação de toda menina que quer desbravar o mundo esperando que ele abrace seus ideais e suas expectativas.

A partir do momento em que pisa nesse mundo, no entanto, a Barbie é catapultada em direção aos muitos problemas que existem nele, e que não são facilmente resolvíveis. Das coisas mais simples que uma realidade governada por homens e feita por homens até as mais nocivas, a jornada da Barbie é justamente a que toda mulher (cis e trans) vive. A de desigualdade, de revolta, de tristeza, de frustração.

A verdade que a Margot Robbie dá para essa personagem é de saltar os olhos. Você realmente acredita que aquela ali é a Barbie clássica, e que ela está vivendo uma crise existencial.

Não apenas ela, mas todas as atrizes que vivem a Barbie são maravilhosas. E é muito bonito ver como ela não está sozinha. A beleza do filme está justamente nisso: a união feminina, a irmandade entre as infinitas Barbies (e as humanas que cruzam seu caminho). A ideia de que juntas somos fortes, e de que uma é suficiente para começar a fazer a diferença.

Controle remoto: Barbie

Como eu disse, Barbie não economiza em discursos e muito menos floreia sobre o que quer falar. Ela bate o martelo nas injustiças, aponta dedos e vocifera que o patriarcado e a sociedade movida pela dominância masculina (e aqui, obviamente, branca e cis) são o problema.

Dá para entender porque tem tanto homem e conservador bravinho com o filme. Machuca o ego quando você vê um desenho bem escrachado te mostrando que você é o problema, né?

Tem também o fato de que o filme fala sobre como a misoginia e o patriarcado, toda essa dominância, na verdade não faz bem algum pra ninguém nela. Nem mesmo aqueles no topo do poder. Gostei de como foi uma história sensata, diferente do "esse filme odeia os homens!!!" como está sendo vendido. Ela mostra sim que os homens são o problema, mas também mostra que eles são afetados por esse sistema nocivo.

O elenco todo brilha muito em todos os momentos. Além da Margot, no entanto, eu preciso falar sobre a atuação magistral do Ryan Gosling como o Ken. Tem um humor tão vivo em tudo que ele faz, até mesmo nos momentos mais absurdos lá pro final do filme, que é impossível não ficar com as bochechas doendo de tanto rir. Assim como a protagonista, eu vejo o Ryan sendo indicado pra tudo que é prêmio.

Controle remoto: Barbie

Junto com eles, a America Ferrera (que interpreta a Gloria) também brilha em todo momento que aparece. E entrega um dos discursos muito forte sobre poder feminino e injustiças sociais.

Barbie vai muito além do que isso ao questionar também a sociedade capitalista e consumista, quase numa vibe "essa Barbie é comunista sim!" que, de novo, dá pra ver porque deixou crente, conservador, homem (em resumo: os chatos) revoltadinhos com o filme. Sinal de que a mensagem é muito bem comunicada ao espectador, e que esse filme é revolucionário.

PS.: a cena que menciona Orgulho e Preconceito me atingiu pessoalmente, foi feita para mim.

Eu queria ficar aqui por horas falando sobre Barbie, mas o melhor que posso fazer é falar para você ir assistir. É um filme doce, encantador, divertido e genuinamente bem desenvolvido. Vai te fazer sorrir e chorar (uma das últimas cenas me deixou em PRANTOS) e rouba corações de quem está disposto a entender que essa é mais do que a história de uma boneca, mas toda uma mensagem do que significa ser mulher (na complexidade e na diversidade de ser).


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