Entrevista com a autora - Adrielli Almeida, de Enquanto o universo não desmoronar - Queria Estar Lendo

Entrevista com a autora - Adrielli Almeida, de Enquanto o universo não desmoronar

Publicado em 6 de mai. de 2024

Entrevista com a autora - Adrielli Almeida, de Enquanto o universo não desmoronar

Fazia tempo que a gente não trazia uma entrevista pra cá! Pensando nisso, e aproveitando o lançamento de Enquanto o universo não desmoronar, convidamos a nossa querida autora Adrielli Almeida para falar um pouquinho sobre o livro e seus processos criativos!

Lembrando que o livro está em pré-venda. Você pode garantir essa belezura aqui!

Entrevista com a autora - Adrielli Almeida, de Enquanto o universo não desmoronar

Entrevista com a autora - Adrielli Almeida


  • Adrielli, queria que você começasse apresentando um pouco a história através do título! Enquanto o universo não desmoronar é uma escolha bem interessante. Como ela fala da história e dos personagens?
Eu gosto muito de títulos longos e sei que eles são poucos práticos, mas quando eu escrevi a cena que deu título ao livro eu soube na hora que ele era o escolhido.
Esse título conseguiu encapsular toda a essência da história, toda essa aura de sentir que algo está prestes a ruir, então é melhor viver a vida enquanto isso não acontece e, na minha visão, isso é a energia todinha de Enquanto o universo não desmoronar — só que no caso deles algo deu errado e agora eles estão tendo que lidar com as consequências disso.
 
  • Como a Alice e o Rodrigo nasceram? Conta um pouco pra gente do processo de criação desses personagens e das jornadas individuais deles.
Em 2015 eu perdi minha tia materna. Eu tinha 17 anos, estava em ano de vestibular e, de repente, minha vida familiar entrou em crise. Foi um acidente grave e eu vi minha mãe perder uma das grandes pessoas da vida dela. Eu entalei na escrita depois disso e o luto dentro de mim era como um animal ferido.
Quando sentei para escrever Enquanto o universo não desmoronar eu queria conversar sobre como eu estava entendendo o meu luto e, no começo, era só isso; quase um desabafo. Demorei 5 anos para conseguir finalizar o primeiro rascunho porque eu tinha pavor de terminar essa história, não queria encarar isso de frente.
No meio do processo todo eu comecei a perceber que estava escrevendo sobre o luto sob a perspectiva de duas pessoas muito diferentes e a história foi se transformando em outra coisa.
Enquanto o Rodrigo é uma pessoa que foi colocada em um lugar de sofredor, a Alice foi colocada em um lugar de espetáculo mórbido e a história, no fim, é sobre como cada um lidou com seus lutos e sobre o quanto cada um sabia sobre as pessoas que perderam.
Eles perderam uma pessoa em comum — Isabelle — que tinha um peso diferente na vida de cada um, então não tinha como eles sentirem a mesma coisa, da mesma maneira... Mas ainda assim aquele sentimento de entendimento mútuo estava ali. Eu quis explorar isso, enquanto os dois fechavam os 17 anos e decidiam o que fariam da vida daquele momento em diante.
 
Entrevista com a autora - Adrielli Almeida, de Enquanto o universo não desmoronar

  • Se você pudesse definir o seu livro em três palavras, quais seriam?
O livro tem uma hora muito agridoce... Eu diria: anseio, saudade e resiliência.
 
  • Luto é uma temática bem intensa, e com certeza se relaciona a todos os leitores que vão conhecer a história. O que mais vamos encontrar nesse livro?
Festas secretas regadas a bebidas de procedência duvidosa, amizades verdadeiras e outras nem tanto, fofocas de cidade pequena e péssimas decisões relacionadas a cabelos.
A história fala muito sobre luto, mas também fala sobre o que acontece durante os bons momentos em que a saudade dá uma trégua e acredito que os leitores vão encontrar relacionamentos improváveis e segredos pequenos, mas capazes de mudar universos inteiros (com o perdão do trocadilho).
 
  • De todos os personagens, se você pudesse passar um dia com um deles, qual escolheria e por quê?
Com a Alice! Eu vejo nela uma garota que está cercada de gente que não a entende. Alice tem sonhos possíveis e alcançáveis e, ainda assim, ela os considera demais para si mesma, presa nesse limbo de medo e incerteza. Eu queria muito segurar na mão dela e dizer que vai ficar tudo bem. Ela é engraçada, mesmo sendo mais introspectiva. Hoje em dia eu a amo, mas quando comecei a escrever o livro odiava me identificar com ela.
 
  • Dá uma palhinha pra gente: qual a sua cena favorita no livro? Sem spoilers, só fala pra gente já se preparar!
Meu capítulo favorito é o dos buracos negros! É um capítulo com três nomes porque os personagens estavam confusos com algo que aconteceu e eles vão intercalando para narrar o que está acontecendo. É uma história com menos de 300 páginas e eu quis brincar com alguns elementos narrativos e acho esse capítulo especial por causa disso (e também pela razão da confusão dos dois).
 
  • Você é uma autora muito versátil. Da ficção especulativa para o contemporâneo, qual o estilo de história que você acha mais desafiador?
Escrever contemporâneos é um desafio para mim, de verdade. Às vezes, as mãos do fantástico e do mágico ficam no meu ombro, cutucando, engrossando minha voz autoral dentro do contemporâneo... E é óbvio que não tem espaço para isso, o leitor desse gênero vai notar na hora. Aí eu preciso ficar pensando se o que eu escrevi tá muito irreal ou é possível no “mundo real”. Escrever o normal é um desafio muito grande para mim, eu acabo vazando pelas bordas.
 
  • Pra encerrar a entrevista, conta pra gente que sensação que você espera que a história da Alice e do Rodrigo deixe no coração dos leitores.
Que nem tudo é preto no branco. Eu sei que o plot parece meio espinhoso e que sinopses precisam contar um resumo sem spoilers das histórias, mas eu espero que os leitores fiquem com esse sentimento conflitante de que no fim do dia as pessoas são humanas. Todo mundo é passível de erro e nem tudo sai jeito que a gente quer ou sai como a gente espera. E tá tudo bem, porque isso também passa. Tudo é temporário.
 
Muito obrigada pela entrevista, QEL! Foi uma honra!


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