Bridgerton voltou depois de dois anos e um spin-off em meio a esse hiato. Agora, a história que vai ser contada é a do romance entre Penelope e Colin. A gente estava esperando muito da terceira temporada, mas meio que quebrou a cara com essa primeira parte.
Posts sobre os Bridgerton:
Esse post contém spoilers de todas as temporadas de Bridgerton até agora. Inclusive da nova!
A história começa na nova temporada de apresentação das damas para a sociedade. Penelope está em seu terceiro ano desde debutar e nenhum pedido de casamento parece estar em seu horizonte, o que significa que ela está prestes a se tornar uma solteirona. Mas Penelope quer tomar as rédeas da própria vida e decide que um makeover para se livrar das cores cítricas e das flores ridículas dos vestidos da família é mais do que necessário.
Colin Bridgerton voltou de viagem de novo, e ele é um novo homem, aparentemente. Um libertino! Está flertando com todas as debutantes, passeando por puteiros, vivendo a vida adoidado. Mas tem alguma coisa nele que parece errada, e é quando resolver ajudar Penelope a arrumar um marido que ele percebe que talvez não queira ajudar, realmente.
Bridgerton sempre foi uma farofa muito divertida. A primeira temporada entregou um casal que gritava química (mesmo com a atriz principal bem fraquinha) e desejo. Simon e Daphne foram um excelente pontapé para a história dessa família e desses romances dramáticos e cômicos, e pavimentaram a história para uma segunda temporada ainda melhor.
Diga o que quiser da adaptação dela, mas é uma segunda temporada impecável. Tem um ritmo bom, conflitos bons e a única coisa em excesso ali é o episódio do casamento que podia não existir. "Ah, mas mudou toda a história do Anthony e da Kate" eu tô falando da série. Não ligo pros livros. Para a série, foi um plot interessante construído em cima do dever do primogênito, do desespero em honrar a família e da Kate fazendo de tudo pela irmã, até mesmo partir o próprio coração.
E ainda entregou o mesmo que a primeira temporada: o angst, o desejo, os olhares, o crescente da tensão romântica entre os personagens. E química! Se Simon e Daphne já funcionavam muito bem juntos, Anthony e Kate explodem química nas televisões.
Aí tivemos um hiato e Bridgerton nos apresentou o que eu considero a melhor surpresa da série até agora: Rainha Charlotte, uma minissérie spin-off que fala sobre a rainha Charlotte e seu casamento com o rei George. Um amor de série. Dramática, misteriosa, emocionante. Eu chorei com o final dela, me diverti com a Charlotte e o George, e meu deus do céu que elenco perfeito porque eles vendem tanta verdade em todos os momentos, principalmente em fazer a gente acreditar no seu amor.
Finalmente, chegou a terceira temporada de Bridgerton. Eu e as meninas nos reunimos numa watch party porque claro que a gente tem que comentar cada segundo dos quatro episódios que a Netflix liberou.
E que decepção que foi.
No sentido de continuar uma farofinha, Bridgerton continua, sim. Ela entrega momentos cômicos, ela diverte, ela é exuberante e oferece conforto. Você não percebe que os episódios estão avançando porque o ritmo é muito bom. Mas eu vou falar sobre o grande problema dessa temporada, e só queria deixar bem claro aqui, neste blog que não é uma democracia porque quem manda somos nós, que é a minha opinião.
Polin foi fraco. Foi xoxo, capenga, sem sal, sem tempero. A promessa desse casal estava permeando a série desde a primeira temporada e, quando chegou o momento dos dois acontecerem... Nossa, que tristeza. Eu sinto que os atores têm mais química nas entrevistas do que na série, o que é uma maluquice completa!
Eu amo a Penelope. Eu tolero o Colin. Mas não funcionou. E eu te explico o motivo: eles foderam com a personalidade do Colin a troco de nada e, de quebra, não entregaram o makeover que a Penelope realmente precisava.
Vamos por partes:
O Colin sempre foi um querido. Ele sempre colocou os irmãos e até outras pessoas à frente dele (ele fala pra Marina, na primeira temporada, que casaria com ela sabendo que ela estava grávida de outro se ela tivesse sido sincera com ele!). Nessa temporada, ele chega um homem mudado. Agora ele é um libertino! Flertando com todas as moças!
Isso poderia ser interessante? Poderia. A própria Lady Whistedown comenta sobre a hipocrisia de ele não saber quem ele é, realmente. Porra, seria um conflito legal. O mocinho de coração de ouro que tenta se adequar aos olhos da sociedade como todos os outros, mas, internamente, dentro de casa, ele continua o mesmo! O que... não acontece.
Se nós, telespectadores, soubéssemos disso, o conflito funcionaria. Mas a gente vê que na vida particular, ele também está indo a puteiros, se embebedando, passando o rodo. Ou seja: não tem o conflito. Ele realmente é um libertino, repetindo todo o plot do Anthony e até mesmo do Benedict, o que tira o brilho do Colin. Ele passou a ser uma bagunça narrativa completa.
O que não dá sentido para os conflitos dele nessa primeira parte. Ele gosta da Penelope, mas não ama. Mas de repente está com ciúme, e opa passou. Ah ele vai no puteiro pra esquecer de tudo, funcionou! Ele beija a Penelope e sonha com ela - no último episódio da primeira parte. Sabe o que a gente queria? Um cara cadelando por ela desde o primeiro momento em que percebe que pode ter perdido ela.
E é aqui que eu entro com outro grande problema: a Penelope merecia mais. Mais do roteiro, mais do interesse amoroso, mais de tudo. Ela, uma personagem sempre rejeitada, que decide erguer o queixo e fazer um makeover e mostrar para a sociedade que ela pode sim encontrar um marido, perde essa postura cinco minutos depois de apresentar o makeover.
Você pode, sim, fazer a personagem hesitar, pode ser a sociedade não aceitar ela porque ela ainda é uma "pária". Ela nunca esteve sob os holofotes, claro que vai tremer diante de pretendentes. Mas daí a transformar ela numa pateta? Uma personagem tão inteligente?
E só piora quando todo o amor próprio que ela tem consigo vai pro ralo no primeiro pedido de desculpas xoxo do Colin (em que ele faz questão de se colocar como o ponto mais importante da situação porque "ela faz ele ver o melhor nele"). Ninguém se importa, Colin Bridgerton. Você humilhou ela pelas costas, na frente dos seus amigos. Você merece a sarjeta para recuperar o respeito dessa mulher!
Com a Eloise também é outro drama chato. A Penelope se arrasta pelo mínimo de atenção dela. "Ai, mas é a melhor amiga dela" e daí? A Penelope já viu que essa amizade não vai voltar a ser a mesma coisa de antes, dificilmente vai voltar a existir. Ela decidiu que não é a mesma pessoa de antes. Por que ela vai se humilhar?
Por que ela se humilha tanto pelos Bridgerton, é a minha questão? É com eles que ela se sentia mais confortável, sim, mas a gente já teve a quebra disso no fim da temporada anterior. Ela já viu que está sozinha nessa. Por que eu não posso ter o desenvolvimento dela passando por cima de tudo isso?
E não, não me fale "ah mas nos livros" eu não quero sabeeeeer dos livros. Tô falando de contexto narrativo com o que já foi apresentado até agora, e esse não é o arco de evolução que a Penelope merecia. Nem dá pra chamar de arco de evolução, é um abismo de decrescimento narrativo que dá até vergonha. Não é a toa que muita crítica tá massacrando essa temporada.
Eu queria tanto, tanto, tanto que essa temporada tivesse feito jus ao que a Penny merecia. Que ela tivesse abraçado o makeover e mostrado para a sociedade que uma solteirona pode sim encontrar o partido perfeito se ela tiver a atitude certa. Mas... Não. Eles preferiram transformar a personagem em capacho de atenção do otário que só percebe que ama ela quando perde ela. Não é assim que friends to lovers deveria ser desenvolvido!
E longe de mim estar reclamando dos atores. A Nicola e o Luke são maravilhosos e o fato de eles terem tanta química fora das telas mostra como o problema tá no roteiro.
Pra não falar que eu odiei tudo: Francesca Bridgerton. Eu te amo! Perfeita, maravilhosa. Que arco mais adorável deram pra ela. Mesmo com o pé no saco que é a Violet (você esperaria que, duas temporadas depois, ela tivesse aprendido a respeitar um pouco o espaço das filhas, mas não né), a Francesca é um deleite.
A apresentação dela à sociedade, sua história procurando um homem para se casar - e ela se contenta com alguém que a respeite, ela não precisa necessariamente de amor -, é tudo muito querido. E, quando o partido perfeito aparece, eles entregam química sem trocar uma palavra.
Os outros Bridgerton parecem meio soltos com o destaque sobre o Colin e a Francesca. Principalmente o Benedict, que já esgotou as histórias individuais e precisa logo da temporada dele. A Eloise... Continua chata. Anthony e Kate aparecem por uma fração de segundos no primeiro episódio mas já mostram o poder que é um casal que entrega tudo em cena.
Uma coisa que me pegou, que a Bianca mencionou, foi como essa temporada ignorou um conflito deixado pela série da Rainha Charlotte. Entre a Violet e a Lady Danbury, mais precisamente. Não sei se vai ser coisa pra segunda parte, mas foi muito estranho ver as duas tão de boas depois da torta de climão no spin-off.
Bridgerton teve um recomeço morno nesse retorno, e meio que tirou todo o brilho do casal principal e de toda a tensão que poderia ter sido construída entre eles até o derradeiro momento de romance. Quando Colin Bridgerton entrega o discurso apaixonado, não tem 1% da força de Simon e seu "I burn for you", Anthony gritando que a Índia não é longe o suficiente e a Rainha Charlotte dizendo que vai dizer a ele onde ele está e quem ele é, mas ele a ama?!
Você falou tudo o que senti assistindo. Eu queria morrer quando vi como transformaram a Pen numa tonta que ficou se humilhando por migalhas. Como vinham deixando todos os livros melhores na série sinceramente acreditei que Colin ia sofrer para conquistar Pen, mas daquele jeito...
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