Fiz uma releitura de Fogo & Sangue junto com a leitura de A Ascensão do Dragão e, aproveitando o hype da estreia da segunda temporada, resolvi trazer aqui 4 diferenças entre House of the Dragon e a Dança dos Dragões.
Se até o GRRM tem reclamado da série, quem sou eu para não reclamar também, né?
1) A Alicent não era uma coitada
No livro, o autor deixa bem claro que a Alicent nunca foi um peão nos jogos de poder do pai. Ela movia as peças. Ela quem fazia as jogadas. Ela sabia muito bem em que estava se enfiando quando se casou com o rei e, tal qual Cersei Lannister, não se deixava manipular, muito menos tremer diante dos homens da corte. Era uma filha da puta? Era. Mas era uma filha da puta de atitude.
A diferença de idade dela com a Rhaenyra também é um fator importante porque, no livro, elas nunca foram amigas. A série adicionou isso pra tentar criar um vínculo idiota entre as personagens e para justificar o receio da Alicent e a coitadice dela (que não colou), mas, no livro, sempre houve rivalidade entre as duas. Com a morte do rei, então, a rivalidade ocasionou a guerra.
2) Não existe profecia
A porcaria da profecia do Aegon não existe no livro. Existe, sim, em As Crônicas de Gelo e Fogo, mas nada disso influencia a Alicent a colocar seu filho no trono. Ela faz isso pura e simplesmente porque quer e porque acha justo já que ele é o herdeiro homem. Os boatos sobre os filhos da Rhaenyra não serem Targaryen por completo e sim bastardos dela com o Harwin Strong não importam. É o argumento que o sor Criston Cole usa no conselho.
A Alicent quer o filho no trono, e ela mantém o corpo do rei apodrecendo nos aposentos por uma semana até notificar todo o reino sobre a morte dele. Não tem nada de Viserys falando sobre "o príncipe que foi prometido" e nem da tonta da Alicent achando que ele está se referindo ao seu Aegon. Essa baboseira é roteiro preguiçoso!
3) A Rhaenyra tinha muita atitude
Eu amo muito a Rhaenyra da série, mas fato é: frearam muito a atitude dela. A princesa chamada de Deleite do Reino não baixava a cabeça para ninguém. A atitude dela na primeira parte da primeira temporada combina muito mais com a Rhaenyra do livro todo do que a que deram para Emma D'Arcy interpretar.
Não me entenda mal, eu amo e venero Emma D'Arcy, iria para a guerra por elu, mas elu interpreta sim uma Rhaenyra mais comedida. A relação que deram para ela ter com a Alicent é um dos motivos, mas até mesmo sua maneira de se portar no conselho, discutir com o Daemon, tudo isso não encaixa com a personagem fodona que deveríamos ter. A Rhaenyra dos livros é uma força da natureza. Ela manda o Daemon cortar a cabeça do Velaryon que estava chamando seus filhos de bastardo, veja bem!
4) Daemon Targaryen nunca levantaria a voz contra a Rhaenyra
Acima de tudo, ele é leal à sua rainha. O Daemon pode ser instável, um personagem de moral cinzenta, mas fizeram de um anti-herói escroto na série por motivos que vão além da minha compreensão. Ele não mandou matar a sua primeira esposa. Ele não tentou estrangular a Rhaenyra. Ele não gritou ou se revoltou com ela. Ele respeitava a Rhaenyra como uma igual, e ele a amava.
O que fizeram com o Daemon na série - e vão continuar fazendo, imagino, nessa próxima temporada - é descaracterização. Não a toa revoltou o GRRM a ponto de ele publicar um texto no blog dele falando sobre como pessoas responsáveis por adaptações acham que sabem mais do que aqueles que criaram as obras que estão sendo adaptadas, né.
Eu amo esse universo e gosto muito da série, mas esse é um post desabafo para mostrar como tirar a essência dos protagonistas tira muito conflito bom da adaptação.
A gente poderia ter embates muito mais emocionantes se tivessem respeitado o básico sobre as personagens principais. Mas é aquela coisa, né: cada adaptação do GRRM tem o D&D que merece.
E vamos de segunda temporada.
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