Controle remoto: Lisa Frankenstein

Lisa Frankenstein, filme com roteiro de Diablo Cody (Juno) lançado em 2024, é uma releitura do clássico de Mary Shelley que se passa nos anos 80 com uma adolescente traumatizada e negligenciada.

A cerca de dois anos, Lisa perdeu a mãe em uma invasão domiciliar digna de filme slasher. Em pouco mais de seis meses o pai se casou novamente, fazendo com que Lisa tivesse de mudar de cidade para terminar o ensino médio.

A madrasta é uma mulher controladora, que enxerga em Lisa um problema para sua imagem de família perfeita. Já o pai é ausente e negligente, preferindo terceirizar as responsabilidades com Lisa. Sua única aliada na casa é Taffy, sua irmã postiça, que está determinada a enturmá-la na nova escola e protegê-la de quem considera má companhia.

Ainda assim, Lisa se sente muito solitária, isolando-se no cemitério abandonado próximo a sua casa. Lá ela descobre o túmulo de um jovem falecido no século 19 e cria uma relação com ele, a apartir do que imagina que ele seja.

No entanto, durante uma tempestade bastante incomum, um raio acaba caindo no túmulo do jovem. O que faz com que ele volte a vida. A principio, Lisa fica apavorada. Porém, conforme o tempo passa, ela encontra conforto na criatura. Que passa a se tornar seu único amigo.

Até que a madrasta começa a ameaçar enviá-la para um hospital psiquiátrico.

O que coloca em ação uma série de assassinatos e acontecimentos bizarros onde Lisa finalmente obriga seus algozes a enxergá-la.

Eu já tinha ficado muito empolgada com o filme desde que vi o trailer. E gostei ainda mais do resultado final.

Lisa é constantemente ignorada pelo pai, vilanizada pela madrasta e invisível no colégio. Ainda vivendo muito intensamente o luto e o trauma da invasão domiciliar, ela não recebe apoio emocional de ninguém, a não ser Taffy. Que, embora muito bem intencionada, ainda é uma adolescente e não sabe muito bem o que está fazendo.

Além disso, todas as pessoas com quem Lisa interage querem, de alguma forma, tirar vantagem dela. Mas como ela é uma adolescente sem poder de decisão sequer sobre a própria vida, ela engole tudo quieta.

Até que a criatura chega.

Conforme seu relacionamento se desenvolve, Lisa vai encontrando a si mesma: sua confiança, sua voz. E uma vez que ela os encontra, não vai deixar nada (nem ninguém) podá-los novamente.

Para mim, Lisa Frankenstein é uma história sobre a raiva feminina. Sobre tudo que aguentamos caladas e o "monstro" que nos tornamos ao não aguentar mais.

Super recomendo o filme, especialmente para quem gosta de um terror misturado a comédia e a estética dos anos 80.

Deixo vocês com o trailer de Lisa Frankenstein para tirarem as próprias conclusões: