Resenha: Chapeuzinho Esfarrapado - Queria Estar Lendo

Resenha: Chapeuzinho Esfarrapado

Publicado em 23 de out. de 2017


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Chapeuzinho Esfarrapado é uma coletânea de contos do folclore mundial que tenham como figura central a mulher, ela foi organizada por Ethel Johnston Phelps e publicado pela primeira vez ainda em 1978. O livro conta com ilustrações de Bárbara Malagoli, e aqui no Brasil ele foi lançado pelo selo da editora Seguinte, que nos cedeu um exemplar para resenha.
Sinopse: Quem disse que as mulheres nos contos de fadas são sempre donzelas indefesas, esperando para ser salvas pelo príncipe encantado? Esta coletânea reúne narrativas folclóricas do mundo inteiro — do Peru à África do Sul, da Escócia ao Japão — em que as mulheres são as heroínas das histórias e vencem os desafios com esforço, coragem e muita inteligência. Este livro é para todo mundo que não se identifica com as princesas típicas dos contos de fadas. É para garotas e garotos, para que todos possam aprender que as maiores virtudes de um herói não são exclusivas a um só gênero. Enriquecida com textos de apoio e ilustrações modernas, esta edição é uma fonte inestimável de heroínas multiculturais — e indispensável para qualquer estante.
Além da história que lhe dá o nome, a coletânea ainda possui outros 24 contos que trazem protagonistas femininas exercendo os mais diversos papéis e apresentando as mais distintas características. São mulheres com impensável força física, com muita sagacidade, mulheres determinadas, com inteligência acima de qualquer outra, são personagens determinadas e que traçam seu próprio destino.

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Mais do que isso, o livro apresenta mulheres em suas idades e estados: a mulher como filha, a mulher como jovem apaixonada, a mulher como esposa, a mulher como mãe e a mulher como velha, sendo essa a minha caracterização preferida nos contos. 
E, se o rosto dela era bonito ou feio, nunca vamos saber, porque isso não importava nem um pouco para o irmão do príncipe e Chapeuzinho Esfarrapado.
Outra coisa muito importante a ser dita sobre essa coletânea é a ausência quase total de rivalidade feminina. Diferente do que estamos acostumadas a ver na literatura, seja ela clássica ou contemporânea, e principalmente nos contos de fadas, nestes contos existe uma costumeira amizade sincera entre as personagens, a tal da sororidade, tão falada mas muito pouco vista. 

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É preciso entender no entanto, como a própria introdução do livro já deixa claro, que estas histórias tem suas origens em séculos atrás e, portanto, alguns fatos que hoje podemos julgar inadequados na época faziam todo o sentido, como por exemplo a predominância de finais felizes envolvendo o casamento. Conforme o próprio livro explica:
O casamento trazia o estabelecimento de um lar próprio e a continuidade através da prole, oferecendo um lugar estável dentro da estrutura social e econômica - tudo isso era necessário para a sobrevivência e prosperidade da população rural. Assim, a ideia de "casaram e viveram felizes para sempre" simboliza todas as recompensas materiais, sociais e pessoais obtidas pelo protagonista, seja homem ou mulher.
Sendo assim, é importante ter em mente que Chapeuzinho Esfarrapado é um livro com contos do folclore mundial que apresentam personagens femininas como protagonistas ativas, mas não exatamente contos feministas nos termos como entendemos hoje. Algumas situações sociais são inevitáveis, como a relacionada ao casamento, e também existe - na maioria dos casos - a figura do personagem masculino a quem a mulher está sempre buscando se provar. 

É esta busca por aprovação que acabou azedando um pouco minha leitura, essa importância muitas vezes desnecessária que se dá ao personagem masculino através da necessidade da personagem feminina de agradá-lo. Mas, de novo, associo isso ao fator histórico e as questões sociais da época.

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Chapeuzinho Esfarrapado é um livro de leitura rápida e interessante, que contém algumas histórias muito boas e que deveriam ser mais conhecidas do grande público. O mundo precisa de mais protagonistas ativas em contos de fadas, porque de passivas já nos vale a atrocidade que é A Bela Adormecida.

Título original: Tatterhood and other tales
Autora: Ethel Johnston Phelps
Editora: Seguinte
Gênero: contos, folclore mundial
Nota: 4

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