Resenha: Bruxa Akata - Queria Estar Lendo

Resenha: Bruxa Akata

Publicado em 11 de jan. de 2019

Resenha: Bruxa Akata

Bruxa Akata é o primeiro título da série Akata Witch, da autora Nnedi Okorafor. Publicado aqui no Brasil pela Galera Record, segue a fórmula de um infanto-juvenil perfeito, com um universo rico e muita aventura a oferecer.

Sinopse: Sunny tem 12 anos e sempre viveu na fronteira entre dois mundos. Filha de nigerianos, nasceu nos Estados Unidos e é albina. Uma pária, incapaz de passar despercebida. O sol é seu inimigo. Castiga a pele e a expõe aos olhares curiosos. Parece não haver lugar onde ela se encaixe. É sob a lua que a menina se solta, jogando futebol com os irmãos. E então ela descobre algo incrível – na realidade, ela é uma pessoa-leopardo em um mundo de ovelhas. Sunny é alguém com um talento mágico latente, é uma agente livre. Uma pessoa com poderes que nasceu de pais comuns. Logo ela se torna parte de um quarteto de estudantes mágicos, pesquisando o visível e o invisível, aprendendo a alterar a realidade, sendo escolhida por um mentor e conseguindo, enfim, sua faca juju — com a qual é capaz de fazer seus feitiços. Mas isso será suficiente para que encontrem e impeçam um assassino em série que está matando crianças? Um homem perigoso com planos de abrir um portal e invocar o fim do mundo?

 

Na trama, Sunny vive entre realidades divididas. Ela nasceu nos Estados Unidos, mas se mudou com a família de volta à Nigéria quando era pequena. Tem muito de ambas as culturas na garota, mas ela não é bem aceita na escola por parecer distante da sua realidade; Sunny também é albina, o que faz que os colegas olhem torto e a tomem por diferente.

Sem querer, eis que ela descobre que, realmente, não pertence ao mundo daquelas pessoas. Ela tem sangue mágico, é uma pessoa-leopardo - e, ao embarcar nesse universo distinto para se entender e entender seus poderes, vai descobrir que sonhos de seu passado estão ditando o que pode acontecer no futuro.

Resenha: Bruxa Akata

Bruxa Akata, como eu mencionei, segue a fórmula de conhecidos títulos infanto-juvenis que já ganharam as estantes do mundo todo: Harry Potter, Percy Jackson, As Crônicas dos Kane - com o diferencial de explorar um cenário e cultura que não fazem parte do mainstream, usando a riqueza da África e da sua mitologia para compor o universo que Sunny vive.

Essa divisão entre mundos para a protagonista funciona bem quando encaramos o que ela conhecia e todas as novidades que vêm com a sua iniciação mágica. Sunny é uma garota atlética, apaixonada por futebol e por aventuras, mas, uma vez confrontada sua herança e apresentada aos perigos do universo das pessoas-leopardo, Sunny entende que carrega mais responsabilidade do que se permitia imaginar.

Mentiras são uma coisa do mundo físico. Elas não podem existir no mundo natural.

 

Além disso, mesmo no lado encantado ela não é exatamente comum; Sunny é uma agente livre - pessoa-leopardo que nasceu de pais comuns - e tem habilidades sensitivas especiais que, como muitas coisas que conhece, não são completamente explicadas.

Aí entra minha primeira crítica. Como leitora e autora de Fantasia, entendo o famoso "você vai descobrir isso em breve" em vez de simplesmente contar a informação logo de cara; mas achei que a autora abusou demais desse artifício. Sendo Sunny uma iniciada perdida no mundo mágico, é natural que a gente se perca junto com ela enquanto faz suas descobertas, mas demorou quase 200 páginas pra eu sentir que estava suficientemente familiarizada com aquela história - o que dificultou na imersão.

Resenha: Bruxa Akata

O mundo das pessoas-leopardo é de uma riqueza e detalhes sem tamanho. Por se tratar de um infanto-juvenil, Nnedi apresenta tudo com simplicidade, deixando as coisas vagas - conforme minha crítica - e muitos espaços em branco em relação a entidades, mistérios e informações que podem mudar o futuro da personagem.

Junto à protagonista, temos um trio de coadjuvantes que poderia ter sido mais bem desenvolvido, em minha opinião - mas, como esse é o primeiro livro da série, vou dar o benefício da dúvida de que eles ainda ganharão sua devida atenção.

- Preconceito gera preconceito, sabe? O conhecimento nem sempre evolui para a sabedoria.

 

Orlu é o garoto quieto e estudioso, centrado onde Sunny e os outros são mais elétricos e descontrolados. Ele já foi iniciado e já tem ligação com a magia por conta da família, mas nem por isso deixa de se surpreender com novidades que esse mundo tem a oferecer - muitas delas relacionadas à chegada da Sunny ou à burrice de alguns colegas de estudo.

Chichi e Sasha foram... Ok, eu diria. Não gostei muito dos dois, mas também não desgostei completamente. A sensação foi de que eles estão ali para ser o contrapeso da ordem que a Sunny e o Orlu ainda obedecem, mais caóticos e distantes das regras do que deixam transparecer.

Como grupo, eles formam uma dinâmica interessante - mas, como eu senti a falta de desenvolvimento, as cenas acabaram soando mecânicas. Era coisa de eles estudam, conversam, fazem perguntas, ficam sem respostas, repete. Não tem muita coisa acontecendo além das informações vagas e das dúvidas que a trama vai plantando na sua cabeça, e as respostas que chegam são apressadas e só vêm com o final do livro - deixando vários pontos de interrogação na sua cabeça.

Resenha: Bruxa Akata

Mas, de novo, esse é o primeiro livro de uma série - e a autora claramente vai utilizar todas essas interrogações para desenvolvimentos futuros. Eu posso já ter passado por títulos demais com a fórmula dos infanto-juvenis que a Nnedi usou aqui e acabou não sendo uma experiência de leitura tão boa exatamente por isso; muitos detalhes pareciam familiares demais, então eu acabava não me surpreendendo como deveria.

Em meio à fantasia, achei maravilhoso como a autora encontrou os momentos certos para falar sobre sexismo, racismo e sede de poder. Por se tratar de um livro para o público jovem, é extremamente importante usar esse espaço para desenvolver críticas sociais e representatividade dos discursos; a narrativa flui fácil e, em meio a jujus (os encantamentos da mitologia) e histórias sobre entidades místicas, os personagens também vivenciam momentos bastante próximos da nossa realidade, abrindo espaço para criticar as problemáticas que existem.

A vida ficava cada vez mais estranha. Mas ela realmente gostava dessa estranheza.

 

Bruxa Akata traz um cenário fantástico rico e exuberante, com uma protagonista carismática em meio a perigos inesperados; a leitura perfeita para quem quer começar uma aventura.

Título original: Akata Witch
Autora: Nnedi Okorafor
Editora: Galera Record
Gênero: Fantasia | Infanto-juvenil
Nota: 3,5
Skoob

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5 comentários:

  1. Oi, não gostei muito do livro, mas com certeza daria uma chance para ele já que é infanto-juvenil, gosto desse gênero.
    Sua resenha ficou muito boa!
    Jardim de Palavras

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  2. Olá, Denise.
    A primeira vez que vi esse livro imaginei que era uma história completamente diferente. Mas gostei de ser nesse estilo dos livros que você citou porque gosto de todos. E acho que não me incomodaria por não ser surpreendida. Eu acho difícil ainda ter alguma coisa diferente para escrever no gênero hehe. Se der vou ler ele.

    Prefácio

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  3. Provavelmente ele será meu livro favorito! Darei uma chance com certeza, ele é do meu genero favorito!
    www.umminutoparaocosmo.blogspot.com/

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  4. Oi Nizz!
    Eu já tinha visto algumas outras resenhas sobre o livro antes, e algumas citavam esse mal desenvolvimento das cenas. Eu fiquei com um pe atrás, não vou mentir, porque já tive experiencias complicadas com coisas repetidas ou muito rasas. Mas tenho interesse. Acho a questão cultural muito legal e tenho curiosidade de conhecer. Por hora, fica pendurado.

    Abraços
    David
    http://territoriogeeknerd.blogspot.com/

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  5. Oi Dê, tudo bem? Gostei da resenha! Estou com o livro aqui em casa e estava sem animo, apesar de ser introdutório fiquei um pouco mais animada pra leitura!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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