Resenha: Duplo Eu - Queria Estar Lendo

Resenha: Duplo Eu

Publicado em 12 de nov. de 2020

Resenha: Duplo Eu

Com 144 páginas, Duplo Eu foi lançado no Brasil em 2019 pela Editora Nemo. A HQ francesa foi escrita e roteirizada por Navie e ilustrada por Audrey Lainé. Nela, Navie conta a sua própria história de sua relação com o seu corpo.

Sinopse: Um dia, Navie percebeu que estava carregando o peso de uma segunda pessoa. Um duplo que ela teve de eliminar para sobreviver. Navie estava doente. Tinha obesidade mórbida e sofria todos os dias com um sorriso no rosto. Aceitar-se é sempre difícil, mas para Navie amar a si mesma era como amar um reflexo de seu sofrimento. Ela tinha um duplo, carregava o peso de uma segunda pessoa de quem ela tentou fugir, tentou amar e finalmente matar. Mas como você se mata sem morrer? Este é um testemunho raro e forte de uma luta que por vezes travamos com nós mesmos. Se você já teve medo do olhar dos outros, se já comeu para se sentir melhor, se faz qualquer coisa para que gostem de você, se já se calou ainda que quisesse gritar, se já se enganou dizendo que está tudo bem ainda que por dentro o Titanic estivesse afundando, se já se viu no espelho e desprezou o que via, se já se tratou como burra, idiota, se ama sexo e piadas embaraçosas, se nunca encarou seu reflexo e disse: eu te amo… Este livro é para você. Excesso de peso envolve todo mundo, que seja no corpo ou no coração.

Nos últimos dias tive um surto em que decidi que não estou conseguindo mais ler com a mesma assiduidade que antes. Estou em casa há 7 meses e a concentração não anda das melhores, rs. Foi então que me veio uma vontade de ler HQs, os famosos “quadrinhos”. Fiz umas buscas no site da Amazon e encontrei alguns muito bons. Hoje vou falar de um desses que comprei nessa leva de HQs: Duplo Eu

Navie já começa o livro com um soco no estômago, mostrando a dificuldade de uma mãe obesa em acompanhar o filho pequeno e cheio de energia. É claro que nem toda mãe gorda tem dificuldades em acompanhar o filho pequeno, assim como nem toda mãe magra é ágil. Entretanto, ela aponta a perspectiva dela e as dificuldades dela.

Mas como se matar sem morrer?

Essa é a conclusão a que ela chega quando percebe que tem dificuldades por conta do peso. E essa frase mexeu muito comigo. E a resposta que ela encontra é: mentir. Ela então começa a fingir que está tudo bem consigo mesma e que não existe nenhum problema com relação ao seu corpo. Entretanto, quando ela precisa ir ao médico, ela tem um choque de realidade quando é diagnosticada como obesa mórbida, além de apresentar problemas de autoimagem e distúrbios alimentares.  

Meu lento suicídio. Eu devorava a minha vida. Sem saber.

Por trás da aparente autoconfiança, existia uma pessoa angustiada que compensava sua angústia comendo em excesso. Ela tinha hiperfagia. Então ela começa o que chama de “combate”. E é onde o seu “duplo eu” começa a dar as caras e dificultar toda a rotina. 

Durante o livro, ela vai contando toda a sua jornada de luta contra o vício de comer e ela trata esse vício como o seu “duplo eu”. É fácil se identificar, porque no fim das contas acho que todo mundo tem um duplo eu dentro de si. Aquela vozinha que fica nos dizendo para fazer coisas às quais vão nos dar um prazer imediato e que depois vão nos causar algum problema.

Nessa jornada, ela traz vários aspectos da vida de uma mulher, a transformação do seu corpo, como ela lida com isso, como é sua relação com seu parceiro e até a parte sexual da vida dela. É um quadrinho que pode ajudar muita gente a se reconhecer dentro de padrões, mas que me deixa também com o receio do auto-diagnóstico.

É importante reforçar que estar acima do peso não significa necessariamente ser uma pessoa doente. Em alguns casos isso pode sim ser um complicador mas pessoas gordas não são doentes. E ser magro também não é exemplo de saúde.

As ilustrações são todas em preto e branco, e somente o duplo eu tem uma cor diferente, mais alaranjada, para dar destaque. Gostei bastante do traço da Audrey Lainé. Ela consegue, por meio dos traços, passar exatamente sensações que eu imagino que a personagem estava sentindo. Gostei bastante do trabalho gráfico. A capa tem um material gostosinho de passar a mão, bem suave. 

Título original: Moi en Doble
Autoras: Navie e Audrey Lainé
Tradução: Renata Silveira
Editora: Nemo 
Gênero: HQ, Biografia
Nota: 4

5 comentários:

  1. Ei, Denise, tudo bem? Só de ler a sinopse eu me emocionei, se olhar no espelho e odiar o reflexo é algo devastador. Esse parece ser um bom livro, vou dar uma conferida na Amazon, sim.


    Books House

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, queria perguntar se recomenda a história pra menores de idade, já que vi "sexo" na sinopse.

      Excluir
    2. Oi, Anony. É uma HQ com temática adulta e tem temáticas pesadas de acordo com a idade do público alvo. É importante falar com seus responsáveis a respeito da história se quiser ler para que todos estejam cientes disso, e também vale a pena dar uma procurada em possíveis gatilhos que ela possa apresentar.

      Bjs.

      Excluir
  2. Oi meninas!
    Eu tenho alguns problemas familiares em decorrência dessa temática de peso, saúde e tal. Minha avó não é das pessoas mais fáceis de lidar e ela sabe me fazer me sentir inadequada. Acho que seria super válida a leitura desse livro para mim.
    beijos
    https://estante-da-ale.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  3. Oie,

    Acho a temática super importante, ainda mais por ter várias pessoas se sentindo assim.
    Adoro HQs e com certeza vou querer conferir essa.

    Bjs
    https://diarioelivros.blogspot.com/

    ResponderExcluir

Deixe seu comentário, sua opinião é sempre muito bem-vinda!



@QueriaEstarLendo