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Controle Remoto: A casa das sete mulheres.

Publicado em 21 de set. de 2012

Controle Remoto: A casa das sete mulheres.

Escrita por Maria Adelaide Amaral e Walter Negrão, com colaboração de Lúcio Manfredi e Vincent Villari, baseada no romance homônimo da escritora gaúcha Letícia Wierzchowski, e dirigida por Teresa Lampreia, com direção geral de Jayme Monjardim e Marcos Schechtmann, e direção de núcleo de Jayme Monjardim.

Hoje dia 20 de setembro é feriado estadual no Rio Grande do Sul, conhecido nacionalmente como o Dia do Gaúcho, mas que na realidade se trata da comemoração da Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos, cujo início data de 20 de setembro de 1835, com fim apenas em 1º de março de 1845 com o Tratado de Poncho Verde.

Em homenagem a este dia tão especial para nós gaúchos, trago para vocês uma breve sinopse da minissérie brasileira A casa das sete mulheres, exibida pela Rede Globo no ano de 2003. A atração foi baseado no livro homônimo da escritora rio-grandense Letícia Wierzchowski.

A casa das sete mulheres conta a história de sete mulheres da família do General Bento Gonçalves (interpretado brilhantemente por Werner Schünemann), que posteriormente passa a ser o primeiro Presidente da República Rio-Grandense. Devido aos perigos iminentes da guerra, elas mudam-se de Pelotas para a Estância da Barra, nas proximidades de Camaquã, e por lá ficam isoladas durantes os dez duradouros anos de guerra.

Controle Remoto: A casa das sete mulheres.

Somos arrebatados desde os primeiros minutos da minissérie, que apresenta não apenas o retrato do que a guerra foi, mas vai muito além disso. Encantamo-nos com as belas paisagens deste Rio Grande, com a trilha sonora de um bom gosto impecável, o cuidado com o figurino e principalmente com o sotaque gaúcho, que costuma ser tão falho nos demais trabalhos feitos na emissora (embora não apenas nela).

Diferente do que se pode esperar de uma minissérie que se propõe a narrar a história de uma guerra, A casa das sete mulheres não tem como foco principal as batalhas ou os estratagemas militares - embora eles estejam lá, repletos de tiros de canhão e encenações escandalosamente belas em meio ao pampa gaúcho. A minissérie tem como núcleo principal as mulheres que permanecem na Estância, mostrando ao telespectador a força da mulher.

O foco principal está em mostrar a guerra pelos doces e pesarosos olhos daquelas que aguardam infinitamente pelo retorno de um pai, um filho, um irmão - o que nem sempre se concretiza. É fato que é preciso coragem para se lutar em uma guerra, mas é necessário possuir uma coragem tão grande, ou talvez até mesmo maior, para se mandar um homem amado para ela. 

E é isso que nós vemos refletido nessa bela história, que embora retrate uma guerra ocorrida há mais de 150 anos, é algo totalmente atemporal. A força daqueles que mandam seus entes queridos para a guerra, com a única esperança de que um dia eles possam voltar para seus braços.

Dentre essas fortes mulheres retratadas na minissérie, vou me ater a quatro delas. São elas as irmãs Manuela (Camila Morgado), Rosário (Mariana Ximenez) e Mariana (Samara Felippo), e sua prima Perpétua (Daniela Escobar). Manuela é a mais velha das três, uma jovem apaixonada, encantada pelo florescer do primeiro amor, e dentre as irmãs é a que melhor compreende as nuances da guerra. São por seus olhos, e trechos de seus diários, que acompanhamos boa parte das passagens de tempo da minissérie, bem como as narrativas mais do que emocionantes. 

Controle Remoto: A casa das sete mulheres.

Manuela se apaixona pelo italiano Giuseppe Garibaldi (Thiago Lacerda), o Capitão Garibaldi, tão logo ele chega a Estância (ou antes mesmo, devido as visões que ela tinha). E mesmo com a partida do Capitão, na Travessia dos Lanchões, cena memorável da história da Revolução Farroupilha, Manuela não deixa de amar ao homem que lhe roubou o coração e a apresentou ao amor. Não faz isso nem mesmo quando Garibaldi encontra em Anita a companheira ideal para sua vida de luta por igualdade e justiça. 

Manuela o amou e o esperou,por toda sua vida, ficando conhecida até o fim de seus dias como “a noiva de Garibaldi”.

Rosário, por sua vez, é ingênua e doce, e embora prometida a Corte Real (Murilo Rosa) acaba se encantando por Estevão (Thiago Fragoso), capitão das tropas caramurus (como era chamados os soldados imperiais), após ele salvá-la de uma situação muito complicada. O amor entre os dois é rápido e inevitável, Rosário e Estevão são o casal mais encantador de toda a minissérie. É impossível assistir a história e não torcer por ambos, e não chorar com ambos.

A mais nova das três, Mariana, é também a mais alvoraçada e talvez a que menos se dê conta do que a guerra significa. Mariana é jovem e louca para viver um grande amor, vê suas irmãs vivenciando amores impossíveis e fica buscando isso para si incessantemente. 

É uma menina em busca de alguém que a ame, de um homem nobre e muy guapo. Mariana pediu tanto por um amor, que quando ele aparece, mais do meio para o final da minissérie, ela não tem medo de lutar por ele, diferente das irmãs.

Controle Remoto: A casa das sete mulheres.

Por fim, Perpétua, filha de Bento Gonçalves e Dona Caetana (Eliani Giardini) é a mais austera das quatro, sempre pronta para ser o braço que acolhe e a voz da razão das primas. No entanto, acaba se rendendo a um amor avassalador e proibido. 

Perpétua é uma boa moça, tenta ser uma boa filha, um alento para a mãe durante a ausência do pai, ajuda a cuidar dos irmãos e tende a ser mais responsável que as primas, embora tenha se entregado a paixão. A dor e o arrependimento que a corroem por ter cometido determinados erros demonstram seu caráter e sua luta interna entre o amor e o dever.

Embora não seja do núcleo feminino principal, é impossível falar de A casa das sete mulheres e não citar Ana Maria de Jesus Ribeiro, que ficou conhecida na história como Anita Garibaldi (Giovana Antonelli). Tornando-se esposa de Giuseppe Garibaldi quando o mesmo ajudou a tomar Laguna dos imperiais, fundando a República Juliana. 

Diferente das demais mulheres retratadas, e das mulheres da época no geral, Anita deixou tudo o que tinha para trás - o marido sapateiro e sua casa - para seguir o seu amor na guerra. Lutando a seu lado nas batalhas e entrando para a história como uma heroína por amor. Anita chegou a ser capturada pelas forças imperiais, mas realizou uma ardilosa campanha de fuga, tudo isso carregando o filho de Giuseppe no ventre - aquele que viria a ser Menotti Garibaldi.

Entre romances e batalhas A casa das sete mulheres conta um marco na história do Rio Grande do Sul, e um pedaço muito importante da história do Brasil, falando sobre justiça e ideais, liberdade e escravidão, imperialismo e republicanismo. 

Recomendo a minissérie para todos, não apenas para os gaúchos, é imprescindível conhecermos a nossa história e as nossas batalhas. Prometo que não irão se arrepender, é impossível deixar de ser arrebatado pelas paisagens, músicas, figurinos e cenários espetaculares. 

A interpretação dos atores é ímpar, um trabalho sem igual até então, e que ainda não foi superado, ao menos no que se refere à interpretação de personagens gaúchos. E, por fim, a história é simplesmente linda. Assistam, assistam e assistam!

"Havíamos vivido a História, e seu gosto era amargo, no final."Cadernos de Manuela. – Pelotas, 30 de agosto de 1890

P.S.: A Rede Globo esta reprisando a minissérie no horário eleitoral, em cidades onde a mesma não possui filiais que cubram o sinal, para quem pode vale a pena sintonizar no canal e reviver essa história.


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