Resenha: O Crime do Vencedor - Marie Rutkoski - Queria Estar Lendo

Resenha: O Crime do Vencedor - Marie Rutkoski

Publicado em 15 de nov. de 2016

Resenha: O Crime do Vencedor - Marie Rutkoski

A Maldição do Vencedor me arrebatou, e sua sequência trouxe um impacto emocional ainda maior na minha vida. Com uma narrativa brilhante, desenvolvimento incrível e um final de tirar o fôlego, O Crime do Vencedor foi definitivamente uma das melhores leituras do ano.

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Kestrel fez um acordo com o imperador; em troca da paz com o governo Herrani, ela se casaria com seu filho, tornando-se assim futura imperatriz. Na corte real, no entanto, o jogo político é ainda mais perigoso e tenso do que Kestrel imaginava. Em meio a mentiras sórdidas e verdades ocultas, a corajosa garota precisará fazer escolhas arriscadas para proteger a si mesma e aqueles que ela ama, ainda que isso signifique perder a confiança e o amor dessas pessoas.

Pensa em uma trama política genial temperada por personagens vivos, cheios de medos e angústias. Pensa em uma protagonista poderosa, com presença em cena, o tipo de mulher que conseguiria parar uma guerra ou começar uma guerra só com algumas palavras. Pensa em um livro fascinante: é O Crime do Vencedor.

Kestrel fez uma escolha sem volta no fim do primeiro volume, e as consequências que resultam dessa escolha vão assombrá-la nessa sequência. A corte real é um ninho de víboras e o imperador é a mais traiçoeira delas. Ele é manipulador, cruel e se esconde atrás de sorrisos e ameaças veladas silenciosamente. Kestrel está na palma da mão do governante, mas ela não é uma donzela indefesa, tampouco ingênua a respeito desses jogos de poder. Ela é, na verdade, uma das melhores jogadoras.

Kestrel não entendia como a verdade podia ter duas faces, igual a uma moeda. Tão preciosa - e tão terrível.

Através de argumentações inteligentes e sugestões perigosas, Kestrel abre caminho para segredos muito bem escondidos, encontrando tramas políticas enraizadas dentro da corte. Ela sabe que investigar aquilo pode ser o seu fim, mas também vive com a sensação de que precisa fazer algo pela justiça; justiça por seu povo ou justiça pela própria consciência? É uma das batalhas que a personagem vive nesse volume.

Resenha: O Crime do Vencedor - Marie Rutkoski

O mais interessante da história é como a autora trabalha esse embate de ideias dentro da Kestrel. Ela é uma valoriana orgulhosa, mas também viveu muito da rebelião herrani para entender o lado deles nessa guerra. Mesmo com o acordo feito ao fim do primeiro livro, a tensão entre os dois povos ainda existe, assim como as diferenças sociais. O império é brutal, e pequenos focos de rebeliões crescem conforme sua brutalidade se estende pelo continente. É ai que Kestrel entende sua posição nesse jogo. Ela está ao lado do pai, do imperador e do governo, mas também está do próprio lado, agindo pelas sombras para encontrar justiça.

A relação de Kestrel com o pai é de vital importância para os caminhos que ela escolhe dentro desse livro. A protagonista tem um amor puro pelo criador, e vive em dúvida sobre a prioridade no coração dele. Seu pai prioriza os campos de batalha, a fidelidade ao governo, mas seria assim até o fim? Até que ponto a fidelidade do general Trajan repousa com o império? Até que ponto ele é fiel à própria filha?

- Nós dois sabemos o valor de uma mentira pelos motivos certos.

Do outro lado da moeda temos Arin. Ele é o governador de Herran agora, nomeado após o acordo com o império. Arin tem muito de rebelde e muito de altruísmo, disposto a tudo para conseguir a vingança pelo seu povo. Esses ideais acabam cegando Arin para algumas verdades bem óbvias, e por isso é tão incrível como a Marie trabalhou os conflitos entre ele e a Kestrel.

Existe um amor profundo e poderoso entre os dois, mas o foco é justamente como esse amor não pode coexistir com suas crenças em ideias tão opostas. Kestrel é uma jogadora silenciosa, que trabalha através da discrição e das manipulações. Arin é contido, mas bem mais óbvio em relação a escolhas e riscos aceitos. Os dois são poderosos juntos, mas igualmente poderosos separados, e por isso compõem um casal tão apaixonante. A tragédia no amor impossível deles dá um tom sombrio para a história, especialmente com as escolhas que Kestrel é forçada a fazer com o avançar da trama.

- Case-se com ele - Arin disse -, mas seja minha em segredo.

Personagens secundários, mais uma vez, muito bem desenvolvidos. Jess e Ronan voltam a aparecer, o segundo apenas brevemente - e em uma das cenas que mais partiu meu coração - como consequência dos acontecimentos ao fim do livro um. Jess está mais quebrada, traumatizada pela rebelião e pela tomada da capital, e Ronan carrega uma amargura magoada. A visão de Kestrel sobre os antigos amigos sofre um amadurecimento doloroso; afinal de contas, ela entregou seu coração a um herrani, e seu povo jamais se esquecerá de tal fato.

Resenha: O Crime do Vencedor - Marie Rutkoski

A corte real é um ninho de víboras, como disse, mas tem um pouco de luz em meio à escuridão desses nobres. Verex, príncipe herdeiro e noivo de Kestrel, é um rapaz ingênuo, adorador de artes que são mal vistas por seu pai, solitário com suas escolhas. Ele e Kestrel têm ótimas interações e constroem uma amizade adorável e importante para ambos os personagens. Risha, princesa oriental que é refém ali na corte, tem poucos momentos em cena, mas acredito que ela guarda uma grande surpresa para o fim da trilogia.

Eles o teriam feito rir se estivesse no clima para isso, de tanto que os valorianos eram ruins em beleza. Eles a roubavam. Eles a forçavam. Nunca haviam conseguido criá-la.

Por falar nos orientais, em determinado momento da trama somos apresentados à sua corte real e ao fato de que eles podem vir a se tornar aliados contra o império. Com a aproximação de uma guerra, os herranis buscam aliados para se erguer contra o governo opressor. A força da corte oriental é exatamente o que eles precisam para ter vantagem.

O Crime do Vencedor é um livro sobre política, escolhas e sobre a juventude perdida por uma guerra sem fim. Kestrel é uma protagonista poderosa, incrível em sua simplicidade e sutileza. Não é o tipo de guerreira que usa a força física, mas a inteligência, e por isso uma das mais perigosas e ardilosas que já tive a alegria de ler. Com um final desolador e a promessa de uma guerra capaz de mudar o mundo, o segundo volume da trilogia da Maldição do Vencedor é o tipo de livro que deveria marcar presença nas estantes de todos os leitores do mundo.

Sinopse: Existe a tentação e existe a coisa certa a se fazer. E está cada vez mais difícil para Kestrel fazer a melhor escolha. Um noivado imperial significa uma celebração após a outra: cafés da manhã com cortesãos e dignatários influentes, bailes, fogos de artifício e festas até o amanhecer. Para Kestrel, porém, significa viver numa gaiola forjada por ela mesma. Com a aproximação do casamento, ela deseja confessar a Arin, seu ex-escravo e atual governador de Harren: só aceitou se casar com o príncipe herdeiro do império em troca da liberdade dele, Arin. Mas será que Kestrel pode confiar nele? Ou, pior: será que pode confiar em si mesma? No jogo do poder, Kestrel está se tornando perita em blefes. Age como uma espiã na corte. Se for pega, será desmascarada como traidora de seu próprio império. Ainda assim, ela não consegue deixar de buscar uma forma de mudar seu terrível mundo... e está muito perto de descobrir um segredo tenebroso. Nesta sequência fascinante e devastadora de A maldição do vencedor, Marie Rutkoski desvela o alto custo de mentiras perigosas e alianças pouco confiáveis. A revelação da verdade é iminente e, quando finalmente vier à tona, Kestrel e Arin vão descobrir o preço exato de seus crimes.

Título original: The Winner's Crime
Autora: Marie Rutkoski
Editora: Plataforma 21
Tradução: Guilherme Miranda
Gênero: Ficção | Romance
Nota: 5

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