Resenha: Um Estranho Sonhador - Laini Taylor - Queria Estar Lendo

Resenha: Um Estranho Sonhador - Laini Taylor

Publicado em 7 de set. de 2017

Resenha: Um estranho sonhador - Laini Taylor

Um Estranho Sonhador é o mais recente título da Laini Taylor. Essa história fala sobre um sonhador, sobre criaturas mágicas que assumiram o lugar de deuses e sobre uma cidade desaparecida. É um livro bastante simples, mas extremamente peculiar, marcante e cheio de emoções por causa disso.

Se você gosta de histórias bizarras e fantásticas, conheça:

Lazlo é um órfão. E um bibliotecário. Ele foi criado por monges em um monastério solitário e silencioso. Lazlo sonha em conhecer a misteriosa cidade de Weep (algo como Lamento em uma tradução literal); o nome verdadeiro dessa cidade foi roubado magicamente de sua memória, e os motivos para isso derivam o sonho de Lazlo em uma busca desesperada por respostas.

Quando lhe é estendida a chance de viajar até a cidade, no entanto, as coisas podem se provar diferente do que seus muitos livros disseram ser verdade. Do outro lado, temos Sarai. Ela é a prole dos deuses, com sua pele azul e sua habilidade mágica. Uma das cinco sobreviventes de um massacre que os sentenciou a habitar uma cidadela isolada, escondendo-se dos humanos que os matariam se soubessem de sua existência.

Como tudo o que a Laini escreveu até hoje, Um Estranho Sonhador mescla emoção e aventura em uma narrativa poética de tirar o fôlego. Dessa vez, além de magia, nós temos também muito de alquimia e ciência, misturando a fantasia a uma ideia de modernidade.

Resenha: Um estranho sonhador - Laini Taylor

É uma jornada de descobrimentos, principalmente. Temos dois jovens muito distintos unidos pela curiosidade e por uma cidade há muito esquecida. Lazlo e Sarai não se conhecem, mas o destino uniu seus caminhos. Sarai é uma prisioneira acima da cidade que Lazlo deseja desvendar; ela é filha de uma deusa cruel e de uma história horrenda e carrega um poder que a assombra todas as noites. Ele é só um garoto que sonha com o impossível e com coisas que talvez nunca lhe pertençam.

"Mas você pode fazer melhor. Sei que pode. Você é um contador de histórias. Sonhe algo selvagem e improvável, algo belo e cheio de monstros." 
"Belo e cheio de monstros?" 
"Todas as melhores histórias são assim."

Lazlo recebe a proposta de viajar até Weep para ajudar um grupo de guerreiros a desvendar os segredos da cidade esquecida, mas principalmente da cidadela abandonada. Ele, sendo um mero bibliotecário, acredita que será ofuscado pelo colegas que também foram convidados a se juntar à incursão; um minerador, um incendiário, um cientista. Mestres de conhecimentos úteis. Lazlo é só um leitor apaixonado por um milhão de histórias, e isso talvez se prove muito mais útil do que a habilidade de escavar ou explodir coisas. Afinal de contas, o conhecimento é valioso, e pode ser a resposta para tudo o que eles têm procurado.

Eu amei a composição do Lazlo. Toda a sutileza, a ingenuidade e o desejo ambicioso. Enquanto outros personagens sonhavam com glória, o jovem bibliotecário queria um nome e a razão para todo aquele mistério envolvendo a cidade perdida. Ele tem muito receio de que seus sonhos sejam frívolos, de que ele almeje coisas que possam se tornar motivo de chacota. Lazlo é gentil e frágil como as coisas mais belas desse mundo rico e estranho que Laini Taylor criou.

Ele é facilmente identificável, especialmente por leitores, porque seu mundo está nas páginas dos livros. Das centenas de milhares de páginas pelas quais já passou, pelas quais se aventurou. Assim que confronta o mundo, no entanto, Lazlo entende que fantasia e realidade são opostos muito extremos; que as histórias que sempre ouviu, que sempre teve como verdade, podem significar as maiores mentiras de uma vida. E isso não é uma coisa ruim. A vida é feita de descobertas, de aceitar riscos e conhecer coisas novas.

Lazlo tinha cruzado continentes e bebido o brilho das estrelas de rios sem nome. Não havia como voltar para sua antiga vida.

Eis que entra Sarai. Minha favorita, minha Musa dos Pesadelos. Ela é uma prisioneira na cidadela, uma das sobreviventes de um extermínio. Extermínio esse liderado pelo homem a quem Lazlo segue; há um lado certo nessa guerra silenciosa? Não. E o ponto fantástico desse livro é esse: mostrar todos os lados, todas as histórias, todos os medos. Humanizar cada personagem, cada perda e cada conquista. Existe um lado ruim, mas ele se foi junto com os deuses cruéis que regiram aquele mundo, que transformaram sonhos em pesadelos. Que deixaram uma prole amaldiçoada para trás. Sarai é uma delas.

Resenha: Um estranho sonhador - Laini Taylor

A garota de pele azul, cabelos vermelhos e poderes terríveis. Ela é a senhora dos sonhos e dos pesadelos, uma garota curiosa com o mundo que existe lá fora. Seu poder a deixa conhecer as pessoas abaixo da cidadela, os humanos que permaneceram em Weep. É uma força inofensiva, mas que pode ser usada para destruição. O desejo de Sarai é de ter liberdade, pura e simplesmente. Mas a liberdade definitiva, distante do horror e do medo do que as pessoas pensarão a respeito da filha de uma deusa cruel. Sarai é doce e carinhosa, uma menina apaixonada por sonhos e pela liberdade dentro deles.

A função do ódio era erradicar a compaixão.

E quando ela e Lazlo finalmente se encontram, se tornam uma ponte entre o sonho e a realidade. Entre a liberdade e a coragem. Entre o desejar e o fazer. Duas almas distintas, de mundos completamente diferentes, mas que se entendem tão bem a ponto de pertencerem uma a outra antes que percebam tal fato. Esse é o tipo de relacionamento poderoso, que está prometido desde as primeiras páginas.

Mas nem tudo são flores, claro. A Laini sabe escrever felicidade tão bem quanto sabe escrever muita tragédia. E esse livro tem dor demais!

Nós somos todas crianças mergulhadas na escuridão, aqui em Lamento.

Junto a Sarai, temos outros personagens coadjuvantes importantes, todos filhos de deuses que foram salvos do massacre. Fera, Ruby e Pardal; e Minya, salvadora desses 4 bebês, que permaneceu em seu corpo de criança pelo tempo que se seguiu. Os três primeiros são poderosos, mas Minya é uma massa de terror crescente.

Ela viveu todos aqueles quinze anos de cárcere reunindo rancor e ira e uma fúria avassaladora para despejar sobre os humanos, principalmente aqueles responsáveis pela invasão à cidadela. Controladora de espíritos, Minya é uma ameaça crescente à paz instaurada depois da morte dos deuses.

Fera, Ruby e Pardal participam como pesos para o equilíbrio na cidadela. Enquanto Sarai é a ordem, Minya é o caos, e os três se mantém entre elas para estabelecer a balança. Minya carrega muitos traumas do que a guerra entre deuses e homens fez com tudo que ela conhecia, e enquanto outros personagens buscam superação, ela quer retaliação.

Ela quer vingança, quer sangue para pagar pelo sangue derramado. Minya controla e comanda os fantasmas que passam por Weep, prende-os às suas vontades, e ela é uma arma tal como é uma comandante. Ela é um perigo para qualquer um que se coloque contra os seus desejos, e o mais interessante nisso tudo é que, mesmo com as cenas onde você vai odeia a personagem, ainda dá para entendê-la. Ela é um mártir dos horrores da guerra.

Mas sonhos eram diferentes. Ele era Lazlo, o Estranho Sonhador. Aquele era seu reino, e não havia limites ali.

Fera, sério e amargurado e solitário. Ruby e suas chamas ardentes, a personalidade rica e cheia de vida, e Pardal, gentil e tímida e com um coração tão cheio de amor completam o grupo esquisito e abandonado à cidadela. Fera e Ruby têm muitas interações, especialmente por entenderem um ao outro quanto ao desejo de viver.

Presos ali, eles não sabem sobre o mundo nem sobre o que existe além do seu raso conhecimento, e acabam por decidindo descobrir parte dos prazeres e da realização de desejos ocultos um com o outro. Ruby, aliás, é uma força elemental de fato. Ardente e apaixonada como a representação física de uma chama. Pardal, por outro lado, é a sonhadora e amorosa controladora da natureza; apaixonada por Fera, guarda esses sentimentos bem longe dos olhos dos seus companheiros de vida. Eu amei cada um deles, suas forças e fraquezas.

Resenha: Um estranho sonhador - Laini Taylor

Em relação à Weep e os moradores da cidade, conhecemos o seu medo e seus traumas da época da guerra através de relatos que chegam até Lazlo. Sabemos pouco do que houve com os deuses, mas para chegar até o extermínio as coisas ficaram obscuras a ponto de muito da humanidade dentro de cada personagem ter sido perdida. Foi uma coisa horrível, o que os deuses fizeram com Weep e seus cidadãos, e uma dor que muitos deles carregam até aquele momento e muito além dele.

Se tem medo dos seus sonhos, você é bem-vinda nos meus.

A construção de mundo desse livro foi uma das coisas mais ricas e poderosas que já li. A história dos deuses e deusas sobre a cidadela, o que eles significaram para a história de Weep e de seus moradores, o que deixaram para trás depois de desvanecer; os poderes de sua prole e como isso interfere na vida desses jovens.

A parte da alquimia e da ciência, com um foco gigantesco no poder e na composição de metais místicos, na força que se pode extrair dos metais mais raros daquele mundo. O universo fantástico da autora traz alguns elementos conhecidos da outra série dela - e eu ouso acreditar que existe um paralelo entre Feita de Fumaça e Osso e essa obra - é tudo muito, muito bem explicado, coerente e crível. É um mundo fantástico tão real que dá para acreditar na sua existência, perdido em algum universo paralelo.

Um Estranho Sonhador foi uma viagem através de um cenário peculiar e mágico, através de sonhos com deuses e pesadelos com monstros.

Sinopse: O sonho escolhe o sonhador, e não o contrário – e Lazlo Estranho, órfão de guerra e bibliotecário júnior, sempre temeu que seu sonho tivesse escolhido mal. Desde os cinco anos, ele era obcecado pelos mistérios de Lamento, uma cidade mítica perdida. O que aconteceu lá duzentos anos atrás que a separou do restante do mundo? Que tipo de deuses existiam lá e foram mortos pelo Matador de Deuses? Essas respostas o aguardam em Lamento, mas também mais mistérios – incluindo a deusa de pele azul que aparece nos sonhos de Lazlo.

Título original: Strange the Dreamer
Autora: Laini Taylor
Editora: Little, Brown Books for Young
Gênero: Romance / Fantasia
Nota: 5+


5 comentários:

  1. Oi, Dê!
    Desde que saiu esse livro, eu já tenho, mas ainda não li #shameonme Depois dessa resenha maravilhosa, só me resta colocar ele como próximo na lista.
    Beijos
    Balaio de Babados
    Participe do sorteio de aniversário do Balaio de Babados e O que tem na nossa estante

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    1. Oi Lu!
      AAAAAAAAAAAAH corre ler! Não te julgo porque demorei pra comprar - esperei até baixar o preço e mds como demorou pra sair promoção. Lê pra gente surtar KJANSFJOASBAGBGAS

      Bjs.

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  2. Oi, Denise

    A Laini gosta mesmo de azul... primeiro era a Karou com os cabelos e a agora a Sarai com a pele! Hahahah
    Eu gosto muito da proposta dessa história e esse universo criado por ela parece ser interessantíssimo. Eu não curto muito fantasia, mas as histórias da Laini têm um lado mais obscuro e melancólico que me atraem bastante. As características da Sarai chamam muito minha atenção e acho que iria curtir muito ela.
    Outra coisa que me atraiu foi o fato de ser uma história mais dolorosa... eu quero comprar, mas o livro tá caro. Os livros em inglês estão carinhos ultimamente.
    Aliás, essa resenha fez com que eu lembrasse que ainda não li Sonhos Com Deuses e Monstros, tenho que comprar logo!

    Beijos
    - Tami
    http://www.meuepilogo.com

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    1. Oi Tami!
      A Laini tem sim alguma cisma com azul pras protagonistas dela UHASUHASUHASUHASUHASUH no próximo vamos ver quem tem algo azul.
      Eu amo fantasia, mas as fantasias que a Laini escreve sempre fogem do comum e acho que por isso que são tão ricas. São bizarras, e encantadoras nessa bizarrice toda. Strange the Dreamer tem esse mesmo feel inusitado <3
      Pois é, guria. Tá muito caro! Eu vi o preço outro dia e assustei D: consegui ele por 40 reais uns tempos atrás, quem sabe abaixa logo.
      COOOOOORRE LER SONHOS, MELHOR LIVRO DA TRILOGIA ASJIFAUIBGA

      Bjs.

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  3. Oi, Denise!

    Que incrível esse livro! Não conhecia, mas fiquei curiosa e quero muito ler. E a capa é linda!

    Beijos,
    Isa
    http://viciadas-em-livros.blogspot.com.br/

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