QEL Entrevista #3 - Monomito Editorial - Queria Estar Lendo

QEL Entrevista #3 - Monomito Editorial

Publicado em 12 de out. de 2018

QEL Entrevista #3 - Monomito Editorial

No começo de outubro a Monomito Editorial, em parceria com a autora Claudia Lemes, trouxe uma incrível novidade para os fã de romance policial: o projeto de publicação do livro O Crime da Quinta Avenida, de 1878, tido como o percussor de romances em série de detetives como os publicados por Agatha Christie e Arthur Conan Doyle.

De autoria da americana Anna Katharine Green, o livro nunca tinha sido publicado no Brasil e chega através de financiamento coletivo, com uma capa arrasadora desenvolvida pela Project Nine, agência que também é responsável pelos projetos gráficos de Eu Vejo Kate, Um Martini com o Diabo e Santa Adrenalina.


Anna Katharine Green foi a criadora de elementos que são usados até hoje nos romances policiais, e seu primeiro livro, O Crime da Quinta Avenida (The Leavenworth Case: A Lawyer's Story) foi um best-seller que vendeu cerca de 75 mil cópias - um feito que poucos autores alcançaram. Anna também escreveu, escondida do pai, por seis anos.

E para comemorar esse projeto incrível, que busca trazer para o conhecimento do público uma pioneira no gênero de romance policial, conversamos com a Adriana Chaves, editora da Monomito Editorial!


QEL Entrevista #3 - Monomito Editorial

Que tal a gente começar com vocês apresentando quem foi Anna Katharine Green e porque escolheram ela para ser a primeira publicação estrangeira da Monomito Editorial? 

Anna Katharine Green foi uma romancista policial que há 140 anos publicou um best-seller que mudou o gênero de mistério para sempre. Quando a Cláudia Lemes nos falou sobre a autora, todos começamos a pesquisar a fundo sobre a vida dela, a importância que ela teve. Há menos material do que gostaríamos, mas havia informação mais do que suficiente para percebermos a importância dela para a literatura mundial.

Saber que uma tradução brasileira nunca havia sido feita, ou seja, há ineditismo na publicação também nos empolgou. 

Sobre o processo de publicação nacional, sabemos que essa é a primeira vez que o livro é publicado no Brasil, então falem um pouco sobre os desafios que encontraram para tornar isso possível. 

O livro é longo o que faz com que os custos precisem ser tratados com bastante zelo. O financiamento foi pedido usando um orçamento bastante enxuto. No entanto, estamos com uma equipe apaixonada pela obra e se dedicando a superar qualquer dificuldade.

Sobre a tradução: eu percebo que em alguns livros, existe uma grande diferença entre o material original e a tradução, como se algo se perdesse nesse processo. Quais os desafios que um tradutor encontra para traduzir uma obra como essa e mantê-la fiel a voz original?

Bem, já tivemos acesso a parte da tradução que está sendo feita pela Cláudia Lemes. Percebemos que o trabalho de edição vai ser trabalhoso porque deverá respeitar o estilo da época e da autora, mas também sofrer pequenas alterações que permitam facilitar a leitura para o leitor em 2018. Tudo sempre respeitando a obra.

O papel do tradutor, nesse caso, passeia no limite entre ser fiel e entender as nuances do idioma original, e do nosso também.

Por exemplo, algo que pode ser dito em uma única expressão em inglês, às vezes necessita de uma frase inteira em português. As escolhas das palavras que formam essa frase é onde o desafio reside. Elas imporão o ritmo da escrita, o estilo da autora e a precisão da história. Portanto, não há margem para erro.

QEL Entrevista #3 - Monomito Editorial
Como um livro escrito há 140 anos, o que vocês acham que  O Crime da Quinta Avenida pode trazer de novo ou interessante para os fãs do gênero?

Vamos por parte.
O livro é a novidade em si, já que nunca foi traduzido por um brasileiro, já que a maioria esmagadora dos fãs do gênero nunca o leram ou mesmo ouviram falar.

A ideia não é mostrar algo novo, mas onde tudo começou. Mostrar a genialidade da autora, dar a ela o papel e destaque que ela merece ao lado de grandes nomes que a tinham como referência, aliás, como, Arthur Conan Doyle e Agatha Christie para citar alguns.

Conhecer o princípio das coisas, é uma maneira de respeitá-las. Pense assim: imagine um fã de Sherlock Holmes tendo a chance de conhecer a fonte de onde Doyle bebeu e nunca negou tal fato. A simples leitura de obra dessa é fazer parte da história.

Ainda sobre a história, Anna Katharine Green é chamada de “a mãe dos romances de detetive”. Podemos assumir que fãs de Agatha Christie e sir Arthur Conan Doyle vão se sentir em casa lendo O Crime da Quinta Avenida? Para os fãs de quais autores vocês recomendam o livro?

Com certeza. Doyle visitou Anna porque era seu fã, Agatha disse em sua biografia que ela era sua referência. Então, esse trio: Anna, Arthur e Agatha estão no mesmo panteão.

Olha, Anna foi a pessoa que, pela primeira vez, usou investigação forense, criou o detetive em série, adotou um estilo de escrita que convida o leitor a desvendar os mistérios apresentando pistas enigmáticas. Ela ainda conseguiu empregar um ritmo acelerado se comparado com a maioria dos autores antigos.

Enfim, qual autor atual ou série ou filme de investigação não bebe dessa técnica? De forma geral eu diria, se você é fã de romance policial vai se deliciar com esse.

Mas além dos clássicos, fãs de James Patterson, Rex Stout, Georges Simenon.

Sobre o projeto gráfico do livro, que ficou absolutamente lindo, o que vocês podem contar para a gente? Onde foram buscar referências e inspirações?

Quando conversamos com Francisco Martins, da Project Nine, só precisamos falar a história da autora, para também se apaixonar; e a história do livro, para ele se envolver. Existe uma pesquisa feita pela editora que disponibilizamos ao designer, mas a pesquisa é acima de tudo por conta do designer, por isso contratamos um dos melhores que o mercado tem.

A capa é sensacional. Ele teve a ideia de esconder três elementos na capa – easter-eggs – e isso despertou muitos interesses. O estilo que mostra que o livro se passa em outra época, mas não é um livro velhaco, funcionou muito. Estamos bem orgulhosos.

QEL Entrevista #3 - Monomito Editorial

Sabemos que o processo de publicação de um livro é longo e envolve vários setores. De tudo que vocês viveram com esse projeto, qual foi a parte ou etapa preferida?

O livro não está pronto. Precisamos conseguir a aprovação do financiamento coletivo. Parte do processo está encaminhado, mas as etapas mais duras – e mais deliciosas - com certeza ainda virão. Arrisco dizer que a edição do texto vai ser a mais interessante.

Os teasers começaram no mês passado, mas o projeto existe há ainda mais tempo. Como foi guardar esse segredo? E como lidar com a expectativa?

Nervoso. Dá vontade de contar para todo mundo, como quando a gente se apaixona. Agora estamos na expectativa do financiamento coletivo sair. É outro tipo de ansiedade, porque nessa a gente fica nervosa, mas trabalhando.

Por fim nós queremos saber: podemos esperar outros projetos como esse para o futuro?

Ah, com absoluta certeza. Esse passou a frente de um que vai ser uma delícia de fazer e envolve um quadrinista.

Para contribuir com o projeto e garantir seu exemplar de O Crime da Quinta Avenida com brindes exclusivos, é só acessar a página do projeto no Catarse.
Seu livro de estreia, The Leavenworth Case: A Lawyer's Story, foi um bestseller na época, e considerado por alguns homens "bom demais para ter sido escrito por uma mulher". Nele, o senhor Leavenworth, um homem rico, é encontrado assassinado dentro de sua biblioteca. A principal suspeita é sua sobrinha. Dois homens começam a investigação: o detetive Gryce e o protagonista, um jovem advogado que mesmo sem experiência em investigação, sente-se compelido a inocentar Eleanore Leavenworth, pois está apaixonado por ela. O livro é considerado por experts o primeiro livro de detetives norte americano e foi o primeiro desse tipo escrito por uma mulher.

4 comentários:

  1. Olá, Bibs.
    Não entendi muito bem onde é para clicar para ir até a página do projeto. Cliquei ali na frase mas não direcionou para lá. Porque claro que já me interessei. Ainda mais em saber que ela foi referencia para a Agatha de que sou fã a vida toda. Espero que o projeto dê super certo.

    Prefácio

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    Respostas
    1. Oi, Sil!
      Ah, o link tá consertado agora! Obrigada por avisar :D

      Bjs.

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  2. Oi Bibs!
    Nunca tinha ouvido falar, mas foi muito bom saber, adoro esse gênero! Com certeza ficarei de olho nesse livro. Parabéns pra editora por essa iniciativa!
    Bjs
    http://acolecionadoradehistorias.blogspot.com

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  3. Oi, Bibs
    Acho legal porque nunca vi uma entrevista com editoras e a gente nem sabe porque eles resolvem publicar certo tipo de histórias, a gente precisa focar mais nisso. Eu adorei conhecer esse processo mas não leria o livro só porque o gênero não me chama atenção, mas eu gostei da capa.
    Beijo
    http://www.capitulotreze.com.br/

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