Controle Remoto: Chernobyl - Queria Estar Lendo

Controle Remoto: Chernobyl

Publicado em 9 de ago. de 2019

Controle Remoto: Chernobyl


No último mês, a série da HBO foi assunto em tudo quanto foi mídia e até em rodinhas de conversa. Dirigida por Johan Renck, diretor de Breaking Bad, Chernobyl se propõe a retratar a tragédia que foi a explosão da usina nuclear na Ucrânia sob uma ótica cinematográfica. É importante ressaltar esse ponto, pois nem tudo é baseado nos fatos. 

A série, que possui somente 5 episódios de aproximadamente 1 hora cada um, foi pensada para ter somente uma temporada, ao longo dos episódios, a história completa se desenrola. Desde o momento em que houve a explosão até 3 meses após a tragédia. 

Segundo entrevista de Craig Mazin, roteirista da série, o processo de pesquisa e escrita da série levou mais ou menos 2 anos e meio entre preparação, pesquisa e estruturação. Entretanto, alguns estudiosos com foco na antiga União Soviética apontam a propaganda estadunidense presente na série. Propaganda ou não, a verdade é que a tragédia de fato ocorreu. 


Controle Remoto: Chernobyl


Num aspecto geral, a ambientação da série ficou bem próxima do que eu imagino que era a região naquela época e até mesmo nas vestimentas. Fiquei chocada com a semelhança entre o ator sueco-dinamarquês David Dencik com o seu personagem, o ex-presidente da URSS Mikhail Gorbachev.  A cidade de Pripyat também ficou bem parecida com as imagens que conhecemos e até a usina antes e depois do acidente tem um aspecto bem semelhante ao que chega até nós aqui no ocidente.

A representação dos russos, apesar de terem sido bastante colocados como “vilões que deixaram seu povo sem informação do desastre”, também ficou bem melhor do que geralmente é mostrado nos filmes e séries produzidos nos EUA. Em geral, criou-se uma cultura de mostrá-los de forma caricata, sendo “mauzões”.

O problema para mim começa na organização. Os eventos não ocorrem de maneira linear, fazendo com que em alguns momentos os acontecimentos pareçam meio confusos. Em diversas cenas a série avança para instantes após a explosão para em seguida retornar para ações antes do incêndio acontecer. Não chegou a prejudicar minha compreensão dos fatos, mas por ser uma história densa, facilitaria se estivesse numa ordem mais clara.


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Outro ponto que me incomodou um pouco foi o andamento dos episódios. Em alguns não acontecia muita coisa, enquanto em outros, parecia que acontecia tudo de uma vez. O que também fez com que a série ficasse mais densa do que o necessário, ainda que, estamos falando de um acidente nuclear, realmente não teria como ser algo leve.

Agora o que mais me incomodou disso tudo, foi a propaganda anticomunista embutida em toda a série e que vai passar despercebida aos olhos de pessoas menos críticas. É claro que eu não esperava nada muito diferente disso, já que é uma série da HBO, que é uma emissora norte-americana e foi idealizada por um roteirista da mesma nacionalidade. Diferente das produções da época da Guerra Fria, essa propaganda não fica tão evidente, uma vez que não trata os russos de maneira caricata, mas ainda assim está lá. 

Por ser baseada num acontecimento real, ainda que tenha várias inserções de cunho artístico, o fato de não ficar claro o que é fato e o que é invenção do roteirista, faz com que tudo pareça verdade e recria aquele ambiente meio Guerra Fria. Além disso, nada mais estadunidense do que ter um salvador da pátria, alguém para chamar de herói, e isso é feito fortemente com a personagem de Emily Watson, a cientista Ulana Khomyuk.


Controle Remoto: Chernobyl


Em geral, a minissérie é bem produzida, como não deixaria de ser uma produção da HBO e acho que entre os aspectos positivos ficam a ambientação, tanto de cenário quanto por parte do figurino e o elenco. Destaque especial para os atores Jared Harris, que interpreta o cientista Valery Legasov e Paul Ritter, responsável pela representação do cientista Anatoly Dyatlov.

8 comentários:

  1. como td serie da HBO achei super bem feita e apesar do tema pesado vale super a pena assistir

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    1. Sem dúvida! A série é impecável com relação à estética. Mas acho que não deve ser levada a sério como uma série documentário. ;)
      bjsss

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  2. Oi, meninas.
    Essa série deu o que falar e se eu fosse do time que gosta de ver, com certeza teria adorado porque Chernobyl é aquele assunto que a gente sabe muito pouco e qualquer explicação sobre esse episódio causa interesse. Minha irmã assistiu e ficou fascinada!
    Beijo
    https://www.capitulotreze.com.br/

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    1. Oii Miriã! Adoro seus comentários, rs.
      Ela é super bem produzida, mas eu não usaria essa série como base pra entender o que rolou em Chernobyl, pelo menos não como única fonte. Ela é bem sutilmente enviesada.
      beijão

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  3. Oi, meninas!
    Estou querendo assistir essa série desde que ela saiu. Algumas pessoas falaram coisas bem negativas e outras amaram, então fiquei com um pouco de dúvida se deveria assistir correndo ou não. Ainda não comecei, mas quero fazer em breve. Espero gostar!
    Beijinhos,

    Galáxia dos Desejos

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    1. Marii, tudo bem?
      A melhor forma de saber é assistindo, rs. A produção é super bem feita, então é válido conferir. Só não dá pra levar a sério tuuuudo o que rolou na série, porque ela apresenta uma visão bastante parcial do acontecimento, a partir de uma perspectiva estadunidense.

      bjss

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  4. Olá, meninas

    Para mim a série teve zero defeitos. Achei a produção excelente e não senti que a montagem ficou confusa, em todo momento me situei muito bem. Como eu sabia que a personagem da Emily era uma homenagem aos tantos cientistas que se envolveram na tragédia enxerguei a personagem dela com outros olhos. Para mim valery foi o grande nome da produção.
    Agora vou ficar aguardando a chuva de Emmys que eu espero que a minissérie receba.

    Beijos
    - Tami
    https://www.meuepilogo.com

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    1. Oii Tami!
      Eu tinha certeza que essa seria uma resenha polêmica, rs.
      A produção da série foi bastante detalhista e até onde a gente tem acesso, bem fiel ao cenário.
      Entretanto alguns dados nunca foram abertos pela União Soviética e foram criados com liberdade artística do criador, o fato de isso não ficar claro pode deixar margens para uma interpretação dos fatos bastante enviesada e sob uma ótica que não teria como ser 100% fiel aos acontecimentos.
      Eles de fato citam no final da série que a Ulana era uma representação de todos os cientistas que trabalharam na usina, mas ainda assim, na minha visão, foi retratada de uma forma bastante "heróica", principalmente considerando que a série se propunha a ser mais realista, sob o ponto de vista do criador.

      beijão.

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