Resenha: Contos da Academia de Caçadores de Sombras - Queria Estar Lendo

Resenha: Contos da Academia de Caçadores de Sombras

Publicado em 7 de out. de 2019

Resenha: Contos da Academia de Caçadores de Sombras

A resenha de hoje é pra falar um pouquinho sobre os Contos da Academia de Caçadores de Sombras. Eles compõem essa pequena antologia que dá seguimento à história dos Caçadores de Sombras, da Cassandra Clare. Um pequeno aviso aos navegantes: vai ter spoilers do fim da série Os Instrumentos Mortais e também de As Peças Infernais.


Sinopse: Os Caçadores de Sombras estão de volta numa novíssima aventura. Todas as histórias são verdadeiras. E, dessa vez, Simon Lewis está pronto para contar a dele. Numa história contada em 10 contos que revisitam o passado dos Caçadores e aponta para uma nova direção, Cassandra Clare, Sarah Rees Brennan, Maureen Johnson e Robin Wasserman presenteiam os fãs da série com uma jornada de tirar o fôlego, cheia dos personagens que todos já amam. Simon não se lembra do seu passado, das aventuras que viveu ao lado dos amigos... Nem sequer sabe quem é, de fato. Então, quando a Academia de Caçadores de Sombras reabre, o rapaz mergulha nesse novo mundo, determinado a se reencontrar. Mesmo sem ter certeza de que quer voltar a ser aquele velho Simon de antes. Mas o local é muito hostil e Simon acaba enxergando muitos problemas em sua nova escola. Como o fato de os alunos mundanos serem obrigados a viver no porão, ou sofrerem com as piadas e os preconceitos dos Nephilim. Numa jornada para se redescobrir, para voltar a se reconhecer entre os antigos amigos, como Clary Fairchild e sua amada Isabelle Lightwood (mesmo que ele não se lembre desse amor), Simon vai descobrir que pode ser mais do que antes. Que seu destino como Caçador de Sombras vai muito além de sua missão de voltar a ser quem era.

Simon Lewis se esqueceu de toda a sua jornada ao lado de Clary e dos outros Caçadores de Sombras. Ele não se lembra dos seus atos heroicos, das guerras, do Submundo ou mesmo da sua transformação em vampiro - e depois re-transformação em humano. Mas foi dada a ele uma segunda chance: agora participante da Academia de Caçadores de Sombras, Simon tem a oportunidade de treinar para a Ascensão, para se tornar um deles e, quem sabe, recuperar as memórias perdidas.


Eu vou fazer uma resenha para cada conto, porque eles são bem específicos e fechadinhos e, apesar de seguir uma ordem cronológica, têm uma história dentro de cada um.

1 - Bem-vindo à Academia de Caçadores de Sombras. 
Nota 2,5/5

Para um conto de abertura, esse foi um belo tédio. Essas primeiras 55 páginas mostram a viagem do Simon até a Academia, a estrutura e o funcionamento do lugar e a alocação dos treinandos para a futura vida de Caçadores. Também fala um pouco sobre o Simon, seus receios e hesitações quanto a essa nova fase da vida, ter aceitado passar por esses treinamentos para tentar recuperar o que foi perdido. E, meu Raziel, como o Simon está chato aqui.

Eu costumava gostar dele em Os Instrumentos Mortais (exceto em algumas fases) e achei que seria legal acompanhar suas aventuras nesse mundo de guerra e luta; esse começo pode ser uma amostra de que não vai ser bem assim. Não se o Simon continuar com essa atitude.


Resenha: Contos da Academia de Caçadores de Sombras

O meu problema com ele é que Simon está batendo muito na tecla do "tudo o que aconteceu no passado não reflete em quem eu sou agora". Está tentando se provar para ser "merecedor" do título de herói, quando poderia simplesmente aceitar que perdeu o passado e tentar ser ele simplesmente. Fica nesse chororô de "não posso ser o Simon de antes" e só torna a leitura enfadonha.

E a Academia, preciso dizer, é uma mistura de Hogwarts e Acampamento Meio Sangue. Esperava mais originalidade, mas tem todos os elementos das outras duas escolas citadas. Magisterium, que tem uma estrutura parecida com Hogwarts, conseguiu exaltar extrema originalidade. Ai vem Cassandra nesse livro e me dá um CTRL C + CTRL V... Ai ai.


2 - O Herondale Perdido
Nota 2/5

Esse conto foca muito no Simon (de novo) e talvez por isso tenha sido tão chato de acompanhar. Ele está ainda mais insuportável do que nos seus piores momentos em Os Instrumentos Mortais.

Não aguento mais o chororô porque ele perdeu as memórias e não é mais o Simon de antigamente e blá, blá, blá sendo um porre com todo mundo que quer ajudá-lo - aqui nesse conto, a Isabelle. Ele merece umas belas chicotadas na cara para parar de drama. Ok a sensação de perdição, mas a maneira com que o livro aborda isso torna tudo muito chato.

A única coisa que eu salvo nesse conto é a história sobre o tal Herondale perdido. Não foi uma grande revelação, mas foi interessante porque aprofundou um pouco mais a história dessa família que eu amo tanto.


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3 - O demônio de Whitechapel
Nota 5/5 +

Eu pouco me importo com o Simon e com a Academia nesse conto porque MEU HERONSTAIRS VOLTOU! O demônio de Whitechapel nos leva de volta à Londres durante os anos de 1800. A mesma Londres onde Tessa, Will e Jem ainda vivem. Sim, o trio protagoniza esse conto, e meus sentimentos nunca foram tão esmigalhados desde Princesa Mecânica.

A história gira em torno do mito do Jack, o Estripador e quem - o que - na verdade foi ele. Tessa e Will estão investigando os misteriosos assassinatos brutais que têm acontecido nas ruas de Londres e Jem aparece para ajudá-los - isso com o Will convocando o Jem nos momentos mais inoportunos só pela presença do antigo parabatai. Tem todas aquelas emoções maravilhosas que a trilogia As Peças Infernais conseguiu construir, toda a nostalgia de reencontrar esse trio tão querido, de ler seus sentimentos e emoções e o quanto os três são importantes um para o outro. É aquele sentimento que a Cassandra nunca mais vai conseguir escrever igual, não importa o quanto tente - estou olhando para você, Dama da Meia-Noite de Meia Tigela.

Eu chorei de soluçar com esse conto. Chorei e berrei com o Jem e o Will e a Tessa. A história nem é lá grande coisa, mas o que importa realmente são os personagens e aqui eles estão vivos e intensos como sempre.

4 - Nada além de sombras
Nota 4/5

De novo temos um grande flashback, desta vez para nos apresentar alguns personagens que ganharão destaque na próxima série dos Caçadores das Sombras - As Últimas Horas, que deve sair nos próximos anos. Acompanhamos o filho de Tessa e Will, James Herondale, em sua ida até a Academia dos Caçadores de Sombras. É um conto emotivo e bem trabalhado que, de novo, me emocionou e me ganhou por ter desenvolvido bem os sentimentos e a presença dos personagens, tanto os nostálgicos quanto os novos.

James é carismático, fofo e tímido. Suas interações com outros membros da Academia são regadas a hesitações até que ele conhece Matthew Fairchild, com quem vai construir um tipo de amizade inusitada - e, eu gosto de rezar, talvez algo mais.

A história é sobre descobertas e sobre sua real identidade e é muito boa dentro dessa proposta, definitivamente um dos contos mais legais do livro. E, com licença, Will e Jem aparecem de novo. Eu chorei, sim ou claro? Com certeza.


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5 - O mal que amamos
Nota 3,5/5

Esse conto traz Robert Lightwood para a Academia dos Caçadores de Sombras. Sua visita ali tem a ver com algumas histórias que ele tem para dividir com os jovens estudantes, e todas elas envolvem Valentim Morgenstern e a criação do Círculo - um grupo de caçadores de sombras que causou uma rebelião no passado, em busca da supremacia da sua raça.

As histórias do Robert são relacionadas a uma data específica antes do Círculo se formar de fato, quando Valentim ainda mantinha suas ideias entre poucos Caçadores de Sombras em quem ele confiava - sendo Robert um deles. Eu acho a história do Círculo muito fascinante e toda a construção dos principais personagens envolvidos nela é incrível. Robert e seu parabatai, Michael, dividiram ótimos momentos dentro do conto. E foi impossível não se emocionar com o Michael e sua gentileza e presença frágil; o pouco que a gente conhecia dele já se mostrou nem o mínimo perto de quem ele era realmente. Também dá uma profundidade maior aos sentimentos de Robert a respeito de Valentim, da rebelião, dos segredos de seu parabatai e até mesmo da sua família, no presente.

E, lógico, as partes do Simon eu dispensei porque que dificuldade de manter o personagem interessante. Dar um livro só pra ele foi uma ideia terrível. É muito chororô por nada, muito drama por motivos repetitivos e enfadonhos. Eu não conseguia comprar os medos e as vergonhas do Simon, ele parecia só um adolescente reclamão que tem tudo nas mãos e ainda assim não acha suficiente. Se a Cassandra tivesse feito uma obra só com os flashbacks teria sido tão melhor...

6 - Os reis pálidos e a princesa 
Nota 3/5

O ponto chave dessa história é da Helen Blackthorn, que vai até a Academia para dividir com os estudantes algumas histórias sobre uma fada que enganou dois caçadores de sombras e como isso levou ao nascimento de Helen e seu irmão, Mark. A parte chata do conto fica no fato de o Simon participar muito, uma vez que a narrativa da Helen é bem curta.


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Apesar disso, a trama tem umas críticas muito legais em relação ao tratamento que os Caçadores de Sombras oferecem ao Povo das Fadas - especialmente depois da guerra e da Paz Fria assinada ao fim dela. Existe todo um preconceito ácido e perigoso em relação às Fadas, uma coisa não saudável que prejudica principalmente aqueles que nada tiveram a ver com a traição do seu povo. Do mesmo jeito que existem Caçadores de Sombras ruins, existem Fadas ruins. Mas, como os Caçadores foram os vencedores da guerra, eles contam a história.

Eu gostei bastante da participação da Helen - e é impossível não se revoltar com o motivo que a Clave colocou ela ali. Porque eles fizeram ela se subordinar a contar uma história que certamente a machuca - uma vez que sua mãe enganou o pai e usou da magia feérica para ele se "apaixonar" - e humilha; tem um final feliz para a Helen e para todo o conto, e apesar da chatice do Simon, que já se tornou tediosa a esse ponto, valeu a pena ser lido.


7 - Língua afiada
Nota 2/5

Esse aqui eu quase desisti quando soube que ia ter o Kieran - que, caso vocês não saibam, é um príncipe do Povo das Fadas que cavalga junto com a Caçada Selvagem e é um dos personagens abusivos mais romantizados que já li. Um dos motivos para eu ter odiado Dama da Meia-Noite com tanta força. Mas isso não vem ao caso agora. Eu resolvi me arriscar no conto por causa do Mark, e por causa do Mark quebrei meu coraçãozinho em dor e dó. Essa nota só existe porque ele salvou o conto.

Simon acaba preso pela Caçada Selvagem porque é um grande inútil e a história se desenvolve com ele conhecendo e entendendo Mark e precisando ser resgatado dali antes do amanhecer.

Mark é um prisioneiro da Caçada. É metade-Fada, metade-Caçador. A Clave deu as costas para ele depois da Paz Fria, e Mark ainda não sabe disso. Ele tem esperança de que os Caçadores de Sombras virão resgatá-lo para devolvê-lo à família, para rever seus irmãos e voltar para casa. Dói muito ler a esperança dele e a quebra disso, e dá ainda mais raiva da Clave e de toda a hipocrisia nojenta e egocêntrica deles em cima dessa rivalidade com o Submundo.

E, claro, para não variar, fiquei emputecida com uma atitude do Simon - e da Isabelle, de bônus. Os dois foram tão OC nesse conto que nem me surpreendo mais.


Resenha: Contos da Academia de Caçadores de Sombras

8 - O teste de fogo
Nota: 3/5

Esse conto foi uma surpresa porque eu estava prestes a abandoná-lo - já que, aparentemente, o fato ia ficar com o Simon durante a história toda - mas eis que teve uma reviravolta. Meu querido, amado e idolatrado Jem Carstairs apareceu junto a outros personagens muito importantes, e com eles um pedido: para Simon ser a testemunha na cerimônia parabatai de Emma e Julian.

Emma e Julian são os protagonistas da série Os Artifícios das Trevas - que agora conta com dois volumes publicados. Conhecer um pouquinho sobre como foi as tramoias por traz da cerimônia parabatai deles acabou sendo uma ótima experiência; apesar de eu estar brigada com a Emma pelas babaquices dela em Dama da Meia-Noite, amo suas interações com os Blackthorn e o pouco que o conto entregou foi de bom tamanho para me deixar satisfeita. Aí tivemos o Jules e ele é um fofucho que eu gostaria de proteger do mundo.

A história termina com o casamento de duas personagens muito importantes e dá para se emocionar com a cerimônia (mesmo ela acontecendo pelos olhos do Simon - sim, eu peguei ranço), até porque é sempre bom quando nossos ships zarpam para a felicidade. Uma felicidade perturbada pela Clave, sim, mas felicidade.

9 - Nascido para a noite sem fim
Nota 5/5

Eis o meu favorito, o meu queridinho, precioso, conto mais cheio de emoções e sentimentos que me fez rolar pelo chão e chorar como eu não fazia há tempos com um livro da Cassandra. E tudo isso porque: Magnus e Alec. E um bebê feiticeiro deixado à porta da Academia.

Sem me arrastar em acontecimentos importantes da história, vou designar meus comentários ao fato de que Malec é um hino (a Cassandra melhorou bastante desde os primeiros volumes de Os Instrumentos Mortais, onde tinha toda a bifobia e esteriótipo bissexual exagerados. Não é perdoável, mas é uma evolução notável e eu ainda amo Malec o bastante para continuar acompanhando as histórias deles).

Amo as hesitações do Magnus e como ele encontra força e coragem na presença e nos sorrisos do Alec. A trama envolvendo o bebê feiticeiro abandonado dá espaço para um importante avanço no relacionamento dos dois; o conto deixa um gostinho de quero mais que a trilogia do Magnus deve saciar (eu digo deve porque não confio mais na Cassandra, né, gente. Ela conseguiu estragar Emma/Jules).


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10 - Anjos que caem duas vezes
Nota 3,5/5

A última história é, de fato, o desfecho para todas as aventuras do Simon na Academia dos Caçadores de Sombras. Sua cerimônia de ascensão está chegando e Simon é confrontando com alguns últimos medos que, surpreendentemente, me ganharam dessa vez. Deu pra sentir e entender os motivos daqueles temores, não foram chororôs excruciantes, mas algumas hesitações que valeram a pena serem levantadas.

Principalmente em relação à Clave! Mais uma vez, um bando de cretinos, hipócritas desprezíveis que não merecem o chão que pisam. Deu até pra chorar um pouquinho com o fim dessa história. Por um acontecimento trágico e chocante e pela promessa de que as coisas podem melhorar, porque muita gente vai tentar fazer isso acontecer.


Num todo, Contos da Academia de Caçadores de Sombras deveria ter sido melhor. O protagonista de toda a história foi o típico personagem principal que, se não estivesse ali, tornaria a aventura uma coisa mais legal de se acompanhar. E quando isso acontece, é um problema, porque a gente deveria se importar com ele.

Para os fãs de Cassandra Clare (o que eu não me considero mais), com certeza vale a pena a leitura. Se não pelo Simon, por todas as tramas secundárias que seguraram essa obra e me arrancaram todas as emoções nos momentos mais inesperados.


Título original: Tales from the Shadowhunter Academy
Autora: Cassandra Clare, Sarah Rees Brennan, Maureen Johnson e Robin Wasserman
Editora: Galera Record
Tradução: Rita Sussekind, Ana Resende
Gênero: Young adult | Aventura
Nota: 3

5 comentários:

  1. Oi Denise! Eu preciso confessar que nunca lina nada da Cassandra e hoje em dia a vontade já passou! Mas ao menos os super fãs devem gostar!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  2. Oi Denise! Eu não canso dos livros da autora, por mim ela pode escrever muito mais sobre Caçadores de Sombras. Preciso muito ler esta obra. Bjos!! Cida
    Moonlight Books

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  3. EU AMO CASSANDRA CLARE.
    Já li esse livro, na verdade já li todos menos os contos do mercado das sombras sabe.
    Me aguarde black friday!
    Fiz um post no meu Blog com meus autores favoritos da vida, dá uma olhadinha lá. ♥
    Beijinhos ;*

    Blog Menina Caprichosa | Canal Youtube | Facebook | Insta

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  4. Olá, Denise.
    Eu já fui fã da autora, porque achei As Peças Infernais maravilhoso. Mas Os Instrumentos Mortais eu nem consegui terminar até hoje. Estão lá na estante pegando pó hehe. Se um dia eu terminar talvez eu leia esse, e já vou preparada porque já não gosto do Simon hehe.

    Prefácio

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  5. Melissa Tardelli7.10.20

    Gosto muito dos livros da Cassandra, mas por causa desse universo todo, e as voltas que dão e como se encontram. Mas também tive dificuldade em ler a dama da meia noite. Estou relendo todos agora, e consigo pontuar o que gosto e que não gosto. Realmente o queridinho de todos é as Peças infernais, meu coração bate mais forte quando o Jem aparece em outros livros. Os instrumentos mortais os 3 primeiros foram ótimos, os 3 últimos mais cansativos (pegava gosto lá pra metade/final da trama). Vou reler a dama da meia noite agora, mas já sei que não será fácil. Ainda mais que para esse romance funcionar teria que mudar muita coisa (ainda não li o 3º). O livro do Simon eu gostei de alguns contos também, o Simon fica um pouco cansativo, mas entendo, deve ser uma merda esquecer de outra vida e ficar tendo flashbacks e você ficar se perdendo em ser o que era ou em ser o que sou agora.

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