Resenha: O Filho Rebelde - Rainbow Rowell - Queria Estar Lendo

Resenha: O Filho Rebelde - Rainbow Rowell

Publicado em 1 de fev. de 2021

Resenha: O Filho Rebelde - Rainbow Rowell

O segundo volume da série Simon Snow, da Rainbow Rowell, chegou com dois pés no meu peito e me deixou perdida de tanta emoção. O Filho Rebelde, lançado pela Editora Seguinte é um bom exemplo de sequências que fazem jus a um primeiro livro muito bom; aqui, um segundo livro ainda melhor!

Conheça o volume anterior da série:

Vai ter alguns spoilers de Sempre em Frente nessa resenha, fica aqui o aviso.

Na história, acompanhamos Simon Snow alguns meses depois do fim do último ano letivo na escola de magia. Ele não se formou, obviamente, porque seu confronto com o inimigo supremo drenou toda magia que ele tinha - com exceção da asa e do rabo conjurados por ele, Simon é normal agora. O que o coloco numa espiral de frustração.

Do outro lado, Baz e Penelope têm feito seu melhor para equilibrar a vida mágica com a convivência com essa versão soturna e sem energia do Escolhido. Até que Penelope tem uma grande ideia: uma roadtrip pelos Estados Unidos a fim de visitar Agatha, que se mudou para lá alguns meses atrás. A ideia é um problema em vários sentidos, mas nada se coloca no caminho de uma Penelope determinada.

Simon encara essa viagem como uma chance de se reencontrar, e Baz, como uma oportunidade de se aproximar do namorado e entender tudo que ele vem sentindo - e como ajudá-lo a se recuperar.

Meio que espero ser parado quando passo pelo raio X do controle de segurança. Senhor, só precisamos ver esse rabo.

O Filho Rebelde começa bem, se desenvolve muito bem e termina incrivelmente bem.

Resenha: O Filho Rebelde - Rainbow Rowell

A história acontece toda através da roadtrip, uma viagem através de vários estados dos EUA para que o grupo chegue até Agatha - que, eles descobrem através de uma intromissão, viajou com uma colega da faculdade (normal, nada de magia) para um retiro nos confins de algum lugar que eles não descobriram qual é, mas precisam descobrir.

Diferente do primeiro que, a meu ver, demorou um pouco pra engrenar e me fisgar na história, esse aqui já começa muito carismático - com o Simon em crise (bastante compreensível, aliás), Baz tentando ser uma bússola para o equilíbrio, Penelope intrometida - e um desenrolar de história cheia de ação e momentos dramáticos.

Simon perdeu aquela aura de herói confuso e agora está apenas confuso. Ele não sabe o que fazer da vida uma vez que o cargo de Salvador do Mundo foi tirado dele; sem magia e sem missão ou destino, ele é só um jovem adulto com asas e um rabo que não se encaixa na sociedade normal e também não se encaixa na mágica.

Baz sorri para mim. Como não faz há um tempo. Como raras vezes fez em público. Como se fosse fácil.

Eu gostei de como esses rompantes de frustração aconteceram com o personagem, como foram críveis e compreensíveis dentro de tudo que ele já viveu. A viagem pelos EUA, para Simon, é uma oportunidade de se descobrir novamente. De se encontrar, depois de tantos meses em perdição.

Baz, por outro lado, está bem onde está e se vê frustrado justamente por ter que sair do conforto - até perceber que o conforto era, na verdade, uma zona que ele tinha imposto para não contemplar todos os problemas que estava vivendo.

Resenha: O Filho Rebelde - Rainbow Rowell

O maior deles, claro, é com o Simon. Os dois estão juntos, mas estão realmente? O quanto da frustração pelo Escolhido não ser mais o Escolhido atrapalha seu relacionamento? A falta de comunicação por medo e por teimosia faz com que os dois vivam uma crise de meia idade em plena juventude, e é gostosinho de acompanhar. É aquele tipo de angst que, bem escrito, funciona pra deixar a gente bem ansiosa pra ver como o casal vai se resolver.

Eu queria bater a cabeça dos dois na parede em vários momentos do livro, mas nunca foram dramas inverossímeis com o que estavam vivendo. Eram bem reais, em meio a ataques de monstros e vampiros sanguinários perseguindo todo mundo; eram problemas da juventude/começo de vida adulta, especialmente em um relacionamento amoroso.

Às vezes Simon me beija como se fosse o fim do mundo, e eu fico preocupado que ele possa acreditar que realmente é.

Baz, aliás, se mostrou tão maduro e maravilhoso e eu amo tanto esse menino! Foi o único que eu não quis socar durante o livro todo.

Falando em socar, aliás. Uau, a Penelope. Eu nunca pensei que a feiticeira perspicaz e sarcástica do primeiro livro fosse testar tanto a minha paciência, mas ai como eu ODEIO gente inconveniente. E isso é tudo que ela é durante o livro inteiro.

Inconveniente com os sentimentos dos outros, com as vontades dos outros, com a simpatia dos outros. Quando ela precisa confiar, desconfia até se tornar inconveniente. Quando precisa desconfiar, se entrega de bom grado pra situação que dá vontade de arrancar os cabelos. Não gostei das atitudes, das escolhas e fiquei com raiva durante todo livro. Ela vai ter que ralar muito pra conquistar minha simpatia de volta.

Agatha, por outro lado, teve um arco que foi de "mas como pode ser tão burra?" pra "ah, coitadinha, eu te entendo". A explicação das frustrações e medos dela foram um pouco corridas ali pro final, mas me reconquistaram o suficiente para eu dar mais uma chance pra personagem.

A Penelope não. Ela não pode sentar comigo no recreio.

Ah, também tem a participação especial do Shepard, um novo personagem que chegou muito bem humorado e um amorzinho de pessoa. Eu adorei suas interações com o grupo e como ele se tornou importante sem querer; uma peça essencial pra história toda.

O Filho Rebelde explora bastante o mundo mágico além das fronteiras da escola e da Inglaterra, e gostei de como aqui na América é tudo uma bagunça, mas uma bagunça organizada. Tem regras, mas também tem caos. A questão com os vampiros, principalmente, até levantou umas discussões bacanas. Eu gostei de como os ingleses receberam uns tapões verbais sobre como a Inglaterra não é o centro do universo e seu mundo mágico não passa de uma bolha; que eles preferem ignorar o resto do mundo do que lidar com esse.

Bem a cara de explorador mesmo, né não?

Resenha: O Filho Rebelde - Rainbow Rowell

A diagramação tá muito boa. Eu ainda não gosto muito das adaptações dos feitiços, ainda que nesse volume tenha usado mais referências a cantigas e ditados conhecidos da nossa língua. A magia só funciona assim, no fim das contas.

O final vai te dar um giro 360 no emocional, então se prepara pra ficar roendo as unhas e gritando pelo último livro. Até lá, a gente abraça O Filho Rebelde e Sempre em Frente e espera ansiosamente pelo desfecho dos nossos nenéns.

Sinopse: Simon Snow venceu. Ele pôs fim às forças do mal que ameaçavam destruir o Mundo dos Magos. Tudo deu certo. Ou quase. Porque, agora, Simon perdeu toda a sua magia. Ele não passa de um normal… Bom, tirando o fato de ter asas e um rabo de dragão. Vendo o melhor amigo mergulhar em um desânimo cada vez maior, Penelope decide levar Simon e Baz em uma viagem de carro para visitarem Agatha, que agora mora na Califórnia. O que era para ser um passeio divertido se mostra muito mais desafiador do que imaginavam. Afinal, os Estados Unidos abrigam todo tipo de criatura mágica mal-intencionada e disposta a causar problemas. Em meio a uma confusão enorme com uma legião de vampiros e outros seres malignos, talvez Simon finalmente seja capaz de reunir a força necessária para seguir em frente ― e deixar algumas pessoas para trás.

Título original: Wayward Son
Autora: Rainbow Rowell
Editora: Seguinte
Tradução: Lígia Azevedo
Gênero: Fantasia
Nota: 5

Se você gosta de histórias com Escolhidos e muitas reviravoltas, pode curtir a leitura de Magisterium - série da Cassandra Clare e da Holly Black.

3 comentários:

  1. Mulher, pulei tua resenha porque ainda vou ler esse livro esse ano e estou fugindo de todos os spoilers possíveis!!!
    Beijos
    Balaio de Babados

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  2. Denise,
    Sou tão apaixonada por essa dupla que nem sei por onde começar. Li o livro em inglês e quero logo ter essa versão da Seguinte, pra ter todos os volumes possíveis dessas histórias.
    Amei muito seu post!

    Beijos, Fantasma Literário

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  3. Oi Dê, eu não resisto a um spoiler rsrsrs Eu só li um livro da autora e foi uma ficção adulta, Ligações. Eu gostei bastante da escrita dela, preciso dar mais oportunidades para as fantasias.

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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