Resenha: Fahrenheit 451 - Ray Bradbury - Queria Estar Lendo

Resenha: Fahrenheit 451 - Ray Bradbury

Publicado em 21 de mai. de 2021

Resenha: Fahrenheit 451 - Ray Bradbury

Mais um clássico da lista dos 12 que eu pretendia ler esse ano, Fahrenheit 451 foi revolucionário e é, ainda hoje. A história de Ray Bradbury se passa num futuro (presente, talvez?) onde os livros são proibidos, e portá-los pode te condenar.

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Guy Montag é um bombeiro - eles são responsáveis por queimar casas em que livros são encontrados. Os portadores são criminosos, porque os livros se tornaram proibidos. Tê-los, lê-los, amá-los; tudo isso é contra a lei. O mundo apagou sua história em meio às cinzas, e revirá-las pode ser uma sentença de morte.

E é justamente isso que Montag faz.

Fahrenheit 451 é um livro curto - menos de 200 páginas, juntando prefácio e posfácio - e um impacto por si só. Assim como foi com 1984, eu me senti transportada para as páginas daquele futuro horrendo e opressor, onde páginas e histórias e a História foram apagadas pelas chamas do governo. Onde ler e recitar versos de um livro pode te condenar à prisão ou à morte.

Resenha: Fahrenheit 451 - Ray Bradbury

Montag é o responsável por causar incêndios. Por apagar a história junto às chamas. E, de repente, não quer mais fazer parte disso; lentamente, ele começa a se questionar e a pensar fora daquela realidade cinza e vazia. Começa a se lembrar e questionar. E, quando essa faísca se acende, a gente sabe o tipo de incêndio que uma ideia revolucionária pode trazer.

Esse livro não tem essas vibes de "vamos mudar o mundo", mas de "vou mudar a pessoa que eu sou e isso pode ser o suficiente agora". E eu gostei muito por isso.

O autor traz trechos bastante impactantes sobre o vazio que é essa realidade onde eles vivem; um mundo cinzento como as casas e as bibliotecas e os livros depois que os bombeiros passam por elas.

Montag é um bom protagonista justamente por trazer a sensação de perdição e de confusão e de revolta, tudo ao mesmo tempo. Ele entende e então ele odeia tudo que vive; ele teme; ele pensa e se pergunta sobre as coisas ao seu redor. Pequenos detalhes, imensos detalhes. Ao abrir os olhos para o mundo, ele repara em tudo.

Outro personagem interessante foi o chefe dos bombeiros, Beatty. Ele é a voz daquela realidade. Conhecedor do passado, usa isso para confundir; usa trechos de livros para perturbar; quer mostrar que o que eles fazem é certo ao mexer com as ideias de quem está questionando. Um opressor silencioso ou uma peça perturbada pela perturbação que causa? O livro traz alguns trechos ambíguos, para te deixar no questionamento também.

Resenha: Fahrenheit 451 - Ray Bradbury

A narrativa do Bradbury não é difícil. Tem alguns trechos com aparatos e invenções desse "futuro" que os personagens vivem que podem ser bizarros, mas se encaixam conforme a história avança. No mais, é o tipo de história que dá terror de pensar em viver.

Um livro sobre como os livros se tornaram perigosos pura e simplesmente por existirem, em sua infinidade de histórias e ideias.

Fahrenheit 451 é uma ficção científica com climas distópicos muito bem-vindo nos tempos atuais. Fala sobre intolerância e sobre opressão e fala, principalmente, sobre o poder de ideias. O quanto são revolucionárias, e o quanto tentar calá-las só vai inflamá-las mais.

Sinopse: Escrito após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1953, Fahrenheit 451, de Ray Bradubury, revolucionou a literatura com um texto que condena não só a opressão anti-intelectual nazista, mas principalmente o cenário dos anos 1950, revelando sua apreensão numa sociedade opressiva e comandada pelo autoritarismo do mundo pós-guerra. Agora, o título de Bradbury, que morreu recentemente, em 6 de junho de 2012, ganhou nova edição pela Biblioteca Azul, selo de alta literatura e clássicos da Globo Livros, e atualização para a nova ortografia. A singularidade da obra de Bradbury, se comparada a outras distopias, como Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, ou 1984, de George Orwell, é perceber uma forma muito mais sutil de totalitarismo, uma que não se liga somente aos regimes que tomaram conta da Europa em meados do século passado. Trata-se da “indústria cultural, a sociedade de consumo e seu corolário ético – a moral do senso comum”, segundo as palavras do jornalista Manuel da Costa Pinto, que assina o prefácio da obra. Graças a esta percepção, Fahrenheit 451 continua uma narrativa atual, alvo de estudos e reflexões constantes. O livro descreve um governo totalitário, num futuro incerto, mas próximo, que proíbe qualquer livro ou tipo de leitura, prevendo que o povo possa ficar instruído e se rebelar contra o status quo. Tudo é controlado e as pessoas só têm conhecimento dos fatos por aparelhos de TVs instalados em suas casas ou em praças ao ar livre. A leitura deixou de ser meio para aquisição de conhecimento crítico e tornou-se tão instrumental quanto a vida dos cidadãos, suficiente apenas para que saibam ler manuais e operar aparelhos.

Título original: Fahrenheit 451
Autor: Ray Bradbury
Editora: Biblioteca Azul
Tradução: Cid Knipel
Gênero: Ficção científica | Distopia
Nota: 5


5 comentários:

  1. Oi Denise,
    Há uns dois anos, eu fiz um projeto (que floppou total!) de ler um clássico por mês e esse livro estava na programação.
    Não é que desisti de lê-lo, só que como não faz meu estilo, eu vou ter que ter paciência e com a pandemia, panciência está em falta, rs.
    Preciso melhorar um pouco meu emocional, aí eu pego algo mais complicado para ler.
    beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

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  2. Oi Denise,
    Também me impressionei muito com a narrativa desse livro, mas acho que minhas expectativas estavam um pouco altas demais e acabei não favoritando, mas achando extremamente relevante mesmo assim!
    Beijos, Fantasma Literário

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  3. Oi Denise! Eu li apenas dois livros do autor, mas este que é o mais conhecido ainda não tive oportunidade. Eu quero, sim, conferir esta história e espero gostar desta leitura. Bjos!! Cida
    Moonlight Books

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  4. Oi Nizz, tudo bem?
    Ganhei esse livro de presente e ainda não li. Não sei nem o porquê! Parece fantástico. Só de você ter citado 1984 pra comparar a relevância já me fez ficar instigada de novo e querendo me estapear por sempre priorizar outros títulos rs. Mas vai rolar, um dia eu juro que vai rolar!
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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  5. Oi Dê, tudo bem? É um clássico que está na minha lista há muito tempo!! Eu sinto que vou amar, interessante que é curto e ainda assim impactante!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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