O primeiro volume da aclamada série da autora Becky Chambers é uma viagem intergaláctica criativa, que traz discussões sensíveis e maravilhosas sobre pertencimento, família e política. A longa viagem a um pequeno planeta hostil me surpreendeu em todos os quesitos.
Se você curte ficção científica, vai gostar de conhecer:
A história acompanha a tripulação da nave Andarilha em uma viagem longa em direção a um espaço galáctico recém-pacificado através de um acordo entre o conselho galáctico e uma raça hostil. O trabalho para o qual o pessoal da Andarilha é contratado é o de perfurar uma passagem, abrindo caminho entre esse planeta distante e a região já "pavimentada" da galáxia.
Nessa jornada, conhecemos mais dos seus tripulantes e acompanhamos paradas e mini aventuras enquanto eles se aproximam do seu destino final.
"As pessoas podem fazer coisas horríveis quando se sentem seguras e poderosas."
A longa viagem a um pequeno planeta hostil é um livro diferente, extremamente criativo e bastante influenciado por clássicos de ficção científica como Duna e Fundação. Nota-se na maneira com que a Becky Chambers constrói seu universo; as influências estão ali nas explicações sobre buraco negro, elevadores planetários, trajes, clãs, etc.
É um universo vasto e ela desenvolve suas explicações de acordo com essa vastidão. É fascinante acompanhar a expansão do mundo como o conhecíamos e o que ele se tornou; a Terra deixou de ser habitável e, por isso, os humanos foram para Marte - aqueles com privilégio, pelo menos - enquanto outras gerações sobreviveram em naves de expedição.
É brilhante como a Becky trata a questão humana como uma mudança ínfima em um universo em constante expansão. O que a raça humana viveu, outras já viviam há tempos infinitos. Há uma diversidade gigantesca de alienígenas na história criada pela autora, com raças de maior poder, raças de maior conhecimento, raças que dominam artes nunca antes vistas.
Em relação a Andarilha, sua tripulação é igualmente diversa - representando bastante do universo gigantesco que há entre as estrelas.
"Os humanos não sabem lidar com a guerra. Tudo que sei sobre a nossa história mostra que a guerra desperta o que há de pior em nós."
Ashby é capitão da nave, um homem centrado e responsável que vive pequenas aventuras amorosas proibidas com uma desconhecida. Sissix é a piloto; sua raça tem uma composição criativa e, assim como os outros personagens de origens inéditas, ganha seu devido destaque quando a história a coloca como centro de uma situação - o que o livro faz com cada um dos seus personagens.
Rosemary é a recém-chegada, contratada como a administradora da papelada da Andarilha. Uma humana nascida em Marte que está fugindo do seu passado misterioso. Kizzy, a mecânica, é pura energia e sarcasmo e eu amo todas as cenas com ela. Jenks, igualmente debochado, mas um pouco mais responsável que a amiga, também cuida da parte de engenharia e mecânica da nave, e tem uma relação especial e interessante com a Inteligência Artificial responsável por todo o sistema - a Lovey.
O cozinheiro e médico da tripulação é o Dr. Chef, meu favorito. Ele é 100% o coração e a mente daquele pessoal, e vem de uma raça curiosa com uma história triste e melancólica. Corbin é o pé no saco, como toda família tem; ninguém suporta, mas também não pode viver sem. Por fim, Ohan - Eles são outro mistério extremamente bem encaixado na história; seu desenvolvimento, história individual e desfecho foram surpreendentes.
A longa viagem a um pequeno planeta hostil é aquele tipo de leitura para te tirar do esperado; é um livro diferente em todo seu conceito, mas que se encaixa perfeitamente na nossa realidade por falar muito sobre tolerância, preconceito, discutir sobre políticas extremistas e causas sociais. A história é sobre uma grande família diversificada e suas histórias dentro da trama principal.
"Nunca pensei em medo como algo que possa simplesmente desaparecer. Ele está lá, só isso. O medo me lembra que eu quero continuar viva."
Eu me apaixonei por tudo. Desde a introdução, que te deixa perdida porque é assim que a gente se sente quando começa uma nova aventura, até o desfecho, que foi agridoce e soou como uma despedida para jamais esquecer esses personagens.
O modo como ela costura os relacionamentos entre os personagens, suas vivências e diferenças, o amor entre eles, de todos os tipos, é muito lindo. E real. E diverso. É um livro 100% queer em muitos aspectos e eu amei como um universo tão enorme quanto esse abraça o sentimento do amor, pura e simplesmente.
A edição da Darkside é linda, uma das mais bonitas que já tive na estante. A diagramação tem um espaçamento ótimo para leitura, e a tradução e revisão estão ótimas.
A longa viagem a um pequeno planeta hostil é lindo, cativante e cheio de emoção. Uma viagem, de fato, por um universo gigantesco e fascinante.
Título original: The long way to a small, angry planet
Autora: Becky Chambers
Editora: Darkside
Tradução: Flora Pinheiro
Gênero: Ficção científica
Nota: 5
Olá...
ResponderExcluirRecentemente vi um post no instagram sobre esse livro e fiquei curiosa. Porém, ao ler sua resenha fiquei toda encantada, pois, é impossível ler essa resenha toda apaixonada e não desejar ler também!
Amei conferir suas impressões e, é claro, já anotei A Longa Viagem a um Pequeno Planeta Hostil na minha lista de desejados.
Beijos
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