Recordações de minha inexistência é uma biografia da filósofa feminista Rebecca Solnit. Publicado no Brasil pela editora Companhia das Letras - que nos cedeu um exemplar para resenha - o livro aborda a vida da autora e os anos de sua formação como feminista.
Se você se interessou por Recordações da minha inexistência, pode gostar de:
- Maria Bonita: sexo, violência e mulheres no cangaço, de Adriana Negrão
- A mãe de todas as perguntas, de Rebecca Solnit
- Os homens explicam tudo pra mim, de Rebecca Solnit
- Lute como uma garota, de Laura Barcella e Fernanda Lopes
- Fome, de Roxane Gay
- Quem tem medo do feminismo negro?, de Djmila Ribeiro
Rebecca Solnit foi um dos meus primeiros contatos com a literatura de não ficção feminista e aprendi muito com ela. Especialmente no começo, quando ainda não tinha muito ideia do que era o movimento, suas vertentes e ideias.
Por isso fiquei curiosa com a biografia dela. Infelizmente a expectativa não bateu com a realidade.
Acredito que eu esperava algo diferente de Recordações de minha Inexistência e por isso não funcionamos tão bem juntos. Rebecca Solnit tem alguns ensaios que gosto bastante e falo com frequência - como A Breve História do Silêncio e o Curioso caso do Abusador Desaparecido, ambos disponíveis no livro A mãe de todas as perguntas.
No entanto, como já comentei na resenha de outros livros dela, Solnit tem um lado um pouco positivo demais que passei a associar com uma visão branca/liberal do movimento e que não me agrada muito. Eu entendo a necessidade de ser positiva quando falamos de certas pautas - até porque a positividade é importante para não desanimarmos - mas existem alguns momentos que não me parece certo usá-los, já que ao fazer um recorte de classe, raça ou até mesmo orientação sexual é possível perceber que a coisa não está nada boa.
E um tanto dessa aura "positivista" por assim dizer está em Recordações de minha Inexistência. Além disso, Solnit também tem uma tendência de enfeitar demais os textos. O que pode agradar muita gente, mas não a mim. Quando falamos de biografias e livros de não ficção, geralmente prefiro textos mais diretos.
Fora isso, a experiência de leitura de Recordações de minha inexistência também foi bem diferente daquela que tive com os livros de ensaio dela. É, claramente, bem mais pessoal e intimista. Uma maneira de fãs e admiradores conhecerem sua construção quanto pessoas e a formação do seu próprio senso crítico.
De uma forma geral, Recordações de minha inexistência é uma biografia que também nos faz pensar nos temas sociais sobre os quais Solnit escreve tanto e pode agradar tanto os leitores que já conhecem seus ensaios como aqueles que estão fazendo o seu primeiro contato com a escrita dela.
Neste livro de memórias, a autora de Os homens explicam tudo para mim e A mãe de todas as perguntas narra sua formação como escritora e feminista ― e de que modo conquistou voz em uma sociedade que prefere silenciar as mulheres. “Ser uma jovem mulher significa enfrentar a sua própria aniquilação de maneiras inumeráveis”, escreve Rebecca Solnit nas primeiras páginas deste volume. A partir dessa constatação, a autora de A mãe de todas as perguntas reconstitui sua formação na Califórnia da era do punk e da pós-contracultura, rememorando desde o assédio e a violência que sofria na vida cotidiana e nos círculos intelectuais até as forças que a libertaram e a incentivaram a batalhar por mudanças. Narrado com a perspicácia que fez de Solnit uma das mais brilhantes escritoras de não ficção da atualidade, este livro é um testemunho dos avanços do movimento feminista nas últimas décadas e da luta contra as opressões ― silenciosas e escancaradas ― a que as mulheres estão sujeitas todos os dias.
Título original: Recollections of my nonexistence
Autora: Rebecca Solnit
Tradutora: Isa Mara Lando
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Não-ficção | Memórias
Nota: 3,5
Oi, Bibs
ResponderExcluirEu nunca li nada feminista e nem não-ficção feminista, então eu fico bem perdida sobre o assunto. Mas eu pretendo conferir alguns lançamentos da literatura que abordam isso, até porque não entendo muita coisa e é sempre bom a gente estar bem informado a respeito dos movimentos sociais.
Infelizmente é uma pena quando o autor não consegue fazer a obra funcionar porque acaba pesando demais os pensamentos dele a respeito de alguma coisa, o que deixa o negócio sem um senso mais crítico.
Nem conhecia a obra mas eu achei bem importante!
Beijo
https://capitulotreze.com.br/
Não conhecia a obra, e por enquanto não sei se leria, mas parece abordar assuntos bem interessantes.
ResponderExcluirBjs
Imersão Literária
Olá,
ResponderExcluirTenho curiosidade em ler o outro famosinho da autora, mas esse não sei se leria.
Biografias muito 'floridas' pra vender me incomodam. E seus pontos só confirmam.
até mais,
Canto Cultzíneo
Olá, Bianca.
ResponderExcluirQue pena que o livro não te agradou tanto. Eu particularmente raramente leio biografias, dou preferência para os livros de ficção que me ajudam a passar o tempo e esquecer um pouco o caos que estamos vivendo.
Prefácio