O Silmarillion é uma obra para ler com calma e paciência. A bíblia da Terra-média e do universo criado por J.R.R. Tolkien que eu demorei, mas finalmente tive tempo para ler. A quem é apaixonade por essa história e pelas inúmeras que a envolvem, esse livro é um espetáculo.
Se você ama fantasia, vem conhecer:
O Silmarillion reúne várias histórias da criação do mundo que compreende o universo de O Senhor dos Anéis. São relatos desde a criação desse universo até as guerras e traições e tramoias políticas que seguiram a isso.
Eu tentei ler várias vezes com o passar dos anos, sendo fã de O Senhor dos Anéis desde que me entendo por gente, mas nunca tinha conseguido avançar. Com calma e paciência, dessa vez, eu segui em frente, e foi recompensador.
Sou apaixonada por fantasia e O Silmarillion é uma aula sobre construção de universo. A imersão é tão grande que você se sente realmente lendo a bíblia daquele povo mágico; desde os primórdios do tempo, quando Eru, o deus acima de tudo e todos, cantou a canção da vida e deu origem ao que conhecemos como aquele mundo - Arda, como é chamada a terra - aos Valar, o povo semidivino que o seguiu, e todas as ramificações que vieram através deles e de suas criações.
O começo do livro é muito lírico e etéreo e se prende bastante ao extranatural, falando sobre deuses e divindades e semi-divindades; o mais interessante, para mim, foi como o Mal nasceu naquele universo. Quando uma das divindades, Melkor, se dobrou ao poder e à sede de controle e de superioridade e passou a ser conhecido como Morgoth (o chefe do Sauron).
Daí para frente, o que era pacífico começou a ser maculado, e o que era compreensível passou a ser caótico. Morgoth corrompeu Arda e seus povos e é através dele que todas as tretas subsequentes se desenvolvem.
A narrativa é de um bardo contando histórias, como o Tolkien faz muito bem. Com exceção daquele começo onde é compreensível ficar perdido, o resto do livro fluiu bem demais e me recompensou pela paciência em entender a criação do mundo; o desenvolvimento do mundo foi muito interessante.
Como os povos nasceram, como se dividiram, o que forçou líderes e Reis a tomarem decisões terríveis, como foram as guerras passadas, como foi confrontar uma batalha onde deuses marcharam contra deuses. Tudo é muito, muito bem explicado.
Eu fiquei completamente apaixonada por algumas das histórias, como a de Beren e Lúthien - um amor impossível entre um humano e uma elfa que, juntos, se uniram para cumprir uma missão perigosa a fim de recuperar um tesouro que poderia garantir sua união - ou a tragédia de Túrin Turambar - um dos filhos de Húrin, marcado por perdas e horrores até um fim mais terrível ainda.
Tem algumas dissonâncias nas histórias porque o Tolkien escrevia de maneira solta e, quando seu filho reuniu as obras para montar O Silmarillion, algumas informações não batiam. Mas deixa tudo mais instigante, porque é ver uma obra incompleta ainda assim ser absurdamente completa.
Me deu uma margem muito interessante sobre a segunda era, também, quando Sauron começou a tocar o terror entre os Númenor (inclusive, quem eram os Númenor, qual sua história, por que eles foram apagados dela, é tudo explorado aqui) após a queda do seu senhor; tudo que o levou a se transformar no Inimigo dos povos livres, e que pode aparecer na série da Amazon.
A quem ama O Senhor dos Anéis, esse é um livro essencial.
O Silmarillion é um livro lento, mas recompensador. É uma história com infinitas histórias dentro dela, e é de encher os olhos e o coração a quem ama esse universo.
Sinopse: O Silmarillion, publicado quatro anos após o falecimento do seu autor, é um relato dos Dias Antigos, a Primeira Era do Mundo. Em O Senhor dos Anéis, foram narrados os grandes eventos do final da Terceira Era; as histórias de O Silmarillion, no entanto, são lendas derivadas de um passado muito mais remoto, quando Morgoth, o primeiro Senhor do Escuro, habitava a Terra-média, e os altos-elfos guerrearam com ele pela recuperação das Silmarils. Mas O Silmarillion não relata apenas os eventos de uma época muito anterior àquela de O Senhor dos Anéis em todos os pontos essenciais de sua concepção, ele também é, de longe, a obra mais antiga. Na realidade, embora na época não chamasse O Silmarillion, já existia meio século antes. Em cadernos velhíssimos, que remontam a 1917, podem ser lidas as versões iniciais das histórias mais importantes da mitologia, muitas vezes escritas às pressas, à lápis.
Título original: The Silmarillion
Editora: Martins Fontes
Autor: J.R.R. Tolkien
Tradução: Waldéa Barcellos
Gênero: Fantasia
Nota: 5
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