Em minhas aventuras por terror e horror no mês do Halloween, resolvi assistir a minissérie Missa da Meia-Noite, do criador de A Mansão da Residência Hill e A Maldição da Mansão Bly. E, rapaz, que boa escolha eu fiz.
Missa da Meia-Noite tem sete episódios e acompanha o retorno de Riley Flynn (Zach Gilford) à sua ilha natal, depois de anos encarcerado por um acidente de trânsito com consequências terríveis. Ele não é o único a colocar os pés ali, no entanto, porque a chegada de um novo padre à congregação cristã pequena e íntima muda toda a atmosfera da ilha.
Padre Paul (Hamish Linklater) traz carisma e louvor com tamanho entusiasmo que coisas estranhas começam a acontecer por toda região; milagres na igreja, mas terrores pela ilha.
Missa da Meia-Noite parecia um grande clichê sobre religião e fanatismo, mas acabou me surpreendendo com uma trama que fala sobre amor, morte e fé em todas as suas nuances.
Não cheguei a assistir as obras anteriores de Mike Flanagan por motivos de sou uma grande medrosa e já peguei spoilers suficientes para saber que a temática não vai cair bem na minha consciência. Porém, essa nova minissérie me chamou a atenção desde o trailer e, depois que a Bibs assistiu e me garantiu que não era assim tão assustadora quanto parecia, sentei para assistir. E terminei no mesmo dia.
O roteiro é delicado e dramático e aterrorizante na medida certa, e ao mesmo tempo em que o crescente da tensão e do medo escalona com as coisas bizarras que começam a acontecer pela ilha, o desenvolvimento de todos os personagens também tomam o seu devido tempo. E que leque de personagens mais incrível!
Começando pelo protagonista, com a dor do acidente que causou e da vida que foi levada com ele, tentando e falhando ao retornar à normalidade de um lugar que não se parece exatamente com um lar, ainda que tenha tudo para fazer essa sensação crescer. Riley foi uma surpresa agradável porque eu geralmente pouco me importo com personagens principais, especialmente em terror, mas é sempre gratificante acompanhar personagens que soam reais.
E o roteiro está cheio deles.
Erin (Kate Siegel), amiga de infância de Riley, também voltou para a ilha depois de um tempo. Grávida e disposta a recomeçar a vida em um lugar que nunca a acolheu de verdade, ela tem algumas dos diálogos mais impactantes de toda a minissérie. O xerife Hassan (Rahul Kohli) é uma figura simpática, recém-chegado e instalado na cidade, lidando com a xenofobia e racismo e intolerância religiosa (ele é muçulmano) descarados ou discretos dos moradores, e entrega o melhor monólogo da história num momento brilhante e emocionante.
O XERIFE!!!!!!!!!!!!
(E PS.: que eu sofri e meu coração sangrou porque o personagem tem inspiração no Joel de The Last of Us em questão de postura e vestimenta e eu nem tive forças pra lidar com isso).
Enquanto esses personagens e mais alguns trazem sensibilidade, tolerância e visões saudáveis sobre fé e amor, personagens como a beata Bev (Samantha Sloyan) é a imagem do fanatismo religioso tóxico e nocivo que aparece em tudo quanto é canto.
É impossível assistir essa minissérie sem querer jogar essa mulher de um precipício, e acho que o brilhantismo do roteiro está justamente na maneira descarada e óbvia com que constrói a figura da Bev. Racista, intolerante, crente de que é a mais querida por Deus e que por isso é a voz da razão em tudo; como eu odeio.
Missa da Meia-Noite tem boas doses de terror e susto e adquiri uma reviravolta interessante lá pela metade, que traz novos ares e novos horrores e um final tenso e agridoce para a história. Se você quer alguma coisa temática para assistir nesse mês, são sete episódios incríveis para acompanhar.
Uau, já quero Conhecer essa minissérie já gostei dela.
ResponderExcluirBjs
https://deliriosdeumaliteraria.blogspot.com/?m=1
Olá,
ResponderExcluirBem curiosa pra assistir, adoro séries com esse tipo de crítica - sobretudo com pegada mais sombria.
Só de ler sua opinião lembrei de um par de gente que conheço, da família, que age como uns aí. haha
até mais,
Canto Cultzíneo