O final da primeira era de Mistborn foi minha última leitura de 2021, e não poderia ter sido uma escolha melhor. O Herói das Eras é um épico encerramento para uma trilogia cativante, com um dos sistemas de magia mais incríveis que eu já tive a alegria de ler.
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Esta resenha vai conter alguns spoilers dos livros anteriores.
Depois de libertar o que estava preso no Poço da Ascensão, Vin sabe que alguma coisa grandiosa está a caminho. E não uma coisa boa. Mas ela também sabe que existe uma trilha de pistas deixadas pelo Senhor Soberano que pode guiá-los a uma maneira de parar essa coisa poderosa.
As brumas são perigosas agora, e estão surgindo durante o dia. O que era temido apenas à noite agora mata uma parcela dos que as desbravam; e não só as brumas, mas as cinzas estão mais pesadas, e o vulcão parece prestes a explodir.
O tempo que passa cobra seu preço do império recém construído por Elend, e as cidades que não se rebelaram ou não se curvaram à sua proteção agora representam perigo. Seus grupos se dividem para tentar organizar alianças - ou, se for necessário, tomar as cidades para garantir sua segurança.
Uma teia de mistérios e política se desenrola em O Herói das Eras, culminando no fim que a primeira era de Mistborn merecia.
Eu me apaixonei por esse universo e pelo carisma dos seus personagens logo em O Império Final; O Poço da Ascensão, até o momento, era meu favorito, com reviravoltas intensas e um final bombástico. Eis que O Herói das Eras resolveu roubar esse posto, porque pense num final bom!
O Brandon Sanderson já começa esse livro com um personagem-chave e dá voz ao horror que foi solto do Poço; com isso, temos uma ideia do que está por vir, mas não temos ideia de como pará-lo. Se é que isso vai ser possível. Como se para uma força que nasceu para destruir?
Parecia a ele que o fim do mundo deveria ser o momento em que a humanidade encontraria fé, não um momento em que a perderiam.
O ponto-chave dessa história está no sistema de magia, que se tornou o meu favorito de todos que já li. Toda a questão com a Alomancia, o poder de controlar metal, se torna mais e mais importante para o desenrolar da trama como um todo; o que é, como foi criada, o que representa nessa guerra silenciosa entre a força oculta e o que rege o mundo. Como se alinha aos personagens, principalmente.
Vin e Elend são os pontos principais desse final; imperatriz e imperador, Mistborn e Mistborn, agora - uma vez que o confronto no Poço da Ascensão transformou Elend em um deles - movidos pela certeza de que precisam salvar aquele mundo, custe o que custar.
"Eles dizem que você vai parar as cinzas. Que vai trazer o sol amarelo de volta. Eles a chamam de Herdeira do Sobrevivente. A Heroína das Eras."
Eu gosto muito do heroísmo dos dois e de como cada um o mostra de um jeito diferente. Elend ainda é aquele cara centrado, inteligente e racional, mas está muito menos honrado e mais justo; ele sabe o preço que a guerra cobra, sentiu isso na pele, e sabe que não pode ser um imperador sem firmeza. Sabe que governar exige mais dele do que deveria, mas é o preço a ser pago para proteger seu povo.
Vin, por outro lado, está obcecada com a força que liberou do Poço, e sabe que a salvação do mundo, na questão mística, depende dela. A profecia sobre o Herói das Eras fala sobre alguém capaz de salvar o mundo da Ruína, e é em Vin que recai essa responsabilidade.
Eu os amo tanto! Eles são fortes, mas vulneráveis; eles são responsáveis, mas cometem erros. Eles são salvadores, e conhecem o preço do sacrifício.
Elend me surpreendeu muito se tornando o meu favorito dessa trilogia. Foi intenso demais acompanhar o crescimento daquele garoto estudioso para um governador sonhador até o imperador firme e corajoso que confrontamos nesse final. E a dualidade do seu personagem, o modo como ele reage às situações, testam tanto sua honra quanto seu coração.
Eu gostei de temer por ele, na questão de vê-lo se entregar ao poder ou resistir a ele. Eu gostei demais dos dilemas morais que o Elend confrontou, e de como se situou diante deles. Eu gostei demais de cada momento com esse personagem, e meu coração ficou com ele até o fim.
"A guerra costuma ser a desculpa de tiranos."
Vin, outro dos meus amores, foi uma heroína, do começo ao fim. Da ladra assustada para a Mistborn poderosa e, enfim, uma imperatriz ciente do poder e da responsabilidade que carregava. Vin foi mais do que Kelsier, porque ela se agarrou à esperança e à fé, e não à vingança.
Ela e Elend formaram um casal incrível, com seus corações divididos entre eles e a causa da guerra, e representaram isso até o fim dessa história.
Outros personagens encheram as páginas e tiveram seus grandes momentos, especialmente Sazed e TenSoon. O primeiro, estudioso, confronta o luto e a desesperança no momento mais crucial, onde emoções estáveis são mais do que necessárias. TenSoon, por outro lado, vive o dilema de ter traído seu povo e de estar orgulhoso disso, porque representa uma liberdade que o permite lutar pelo que acredita ser certo.
Sazed foi outro favorito meu no decorrer dessa trilogia. Aqui, ele está no seu melhor momento justamente por ser o mais frágil e vulnerável que já viram dele. Sua jornada pelo luto e a perdição de não conhecer e nem encontrar alguma fé que o ajude a entender essas dores é muito impressionante narrativamente. E seu final foi o mais impecável possível, para tudo que ele viveu.
Spook, o membro mais jovem do grupo rebelde de Kelsier, me surpreendeu com cenas grandiosas, vivendo reviravoltas importantíssimas para a trama principal. Ele experimentou poder, mas nunca se dobrou a ele.
"Fé significa que não importa o que aconteça. Você pode acreditar que alguém está observando. Que alguém vai fazer com que tudo fique bem. Significa que sempre vai haver uma maneira."
O Herói das Eras representou muito do que eu procuro em finais de histórias fantásticas; tem guerra, tem política e tem sacrifícios. Me fez chorar como eu não chorava desde A Tempestade de Ecos, me fez sorrir como em todos os outros volumes da trilogia Mistborn. Me emocionou porque foi uma história sobre fé e esperança num mundo que pouco conheceu sobre elas; sobre recomeço e amor, também.
As respostas que faltavam foram entregues aos poucos, usando personagens e situações em que eles se colocavam. A questão com a profecia, o Herói das Eras, a guerra entre poderes opostos, tudo se resolveu de maneira cristalina e bem feita. Pequenos detalhes lá do primeiro livro muito importaram aqui; teve linearidade no decorrer do plot principal, e seu encerramento foi mais do que satisfatório. Foi emocionante!
"A vida de uma pessoa é mais do que o caos de sua passagem. Emoção, Ruína. Essa é a sua derrota."
Mistborn se consagrou como uma das minhas séries de fantasia favoritas, e o gancho que o Sanderson deixou para a segunda era foi animador! Eu mal posso esperar para voltar para esse universo, em um tempo futuro, onde metal mágico e fé guiam heróis em busca da salvação.
Sinopse: O capítulo final da trilogia Mistborn, de Brandon Sanderson Após subverter a lógica dos livros de fantasia tradicional e arrebatar uma quantidade incrível de admiradores, entre eles George R. R. Martin em pessoa, Brandon Sanderson encerra a trilogia fantástica Mistborn de forma no mínimo surpreendente. Para acabar com o Império Final e restaurar a liberdade, Vin matou Lord Ruler. Mas, em consequência, poderosos terremotos causaram o retorno das trevas, e a humanidade parece estar definitivamente condenada. Resta saber como Vin poderá se livrar da culpa e reverter este cenário. A conclusão da série promete não decepcionar os leitores dos dois primeiros volumes, já que está repleta de revelações e reviravoltas, dignas dos leitores mais exigentes.
Título original: The Hero of Ages
Autor: Brandon Sanderson
Editora: Tor Fantasy
Gênero: Alta fantasia
Nota: 5+
Oie, li algumas obras do autor e me apaixonei. Espero ler mais em breve. O livro é lindo por dentro!
ResponderExcluirBjs
Imersão Literária