Por que os livros estão caros? - Queria Estar Lendo

Por que os livros estão caros?

Publicado em 26 de mai. de 2022

Por que os livros estão tão caros

A bem verdade, tudo está caro no Brasil. Gasolina, gás, água, energia elétrica, respirar. E, como em toda crise econômica, a gente vê o aumento afetando outros setores além dos essenciais, como é o caso do mercado literário. Mas, afinal de contas, por os livros estão caros?

Não, não é culpa da editora. Não é culpa do autor. Não é culpa nem mesmo da livraria. A culpa tá lá em cima, no setor governamental, primeiramente; no COVID e no que ele fez com o mundo, também. E no preço das matérias primas.

Livro não é feito em um passe de mágica. Ele passa por dezenas de processos; os internacionais, desde o leilão de direitos autorais, ao pagamento dos direitos autorais para quem detém os direitos estrangeiros, ao trabalho de tradução, revisão, diagramação, acabamento, impressão, marketing e venda. 

Tem muitos setores dentro da editora que precisam funcionar para um livro ficar pronto. Os nacionais são menos complicados no que concerne a aquisição de direitos, mas passam pelo mesmo processo de produção. Por que os livros estão caros? Porque, até chegarmos no preço final, tem um longo caminho a ser percorrido.

E um dos problemas está justamente na produção: o papel e outros insumos para a produção estão caros.


O preço do livro no Brasil vêm aumentando desde 2020, o início da pandemia. Conforme uma thread bem informativa feita pela Editora Nacional lá no Twitter: "a pandemia impulsionou o comércio digital que, por sua vez, impulsionou as demandas por embalagens de papel que, por sua vez, ocasionou mais procura do que oferta. Logo, quem produz papel hoje está, literalmente, no lucro."

Ou seja: o que se usa para produzir livros está em constante e crescente demanda; e, quando tem demanda, tem preço alto, porque as editoras são completamente dependentes de fornecedores de matérias-primas. Não tem como olhar para a oferta de um papel e pensar "ah, tá muito caro, vou eu mesma fazer em casa" porque não tem como produzir papel em casa, né não?

A gente também tem que considerar o dólar, que está custando exatamente um rim, e a inflação no Brasil, que está o completo apocalipse.

Tanto é que, se pararmos para comparar os preços dos livros importados com uns anos atrás, é de cair o cu da bunda. Livros capa comum internacionais que eu pagava de R$ 59,90 a no máximo R$ 79,90 hoje em dia não saem por menos de R$ 100,00 - o vilão da história? O dólar.

Aí eu te pergunto: como você espera que um LIVRO continue custando seus R$ 49,90 numa pré-venda, que era a base dos mais caros lá em 2018, quando R$ 100,00 não estão valendo mais nada num supermercado?

A gente sabe que acesso à cultura e à leitura é essencial, mas não tem como fazer mágica num país que está, eu repito, numa monstruosa crise financeira. A inflação tá comendo solta, o dólar está massacrando todo mundo, e o papel tá uma fortuna.

Vamos parar pra pensar um minuto, fazendo cálculos imaginários - sem números porque eu sou formada em História:

  • Se a editora paga X nos direitos autorais
  • Gasta Y pra produzir, editar e distribuir as cópias
  • Considerando ambos os valores altos por motivos de: é óbvio que são
  • Como é que se espera uma pré-venda barata pra garantir que a editora tenha pelo menos um retorno suficientemente aceitável pra continuar publicando novas coisas?

Essa polêmica sobre o preço do livro recente surgiu nas redes sociais por causa da pré-venda da EDIÇÃO DE COLECIONADOR (no nome, você já sabe que é uma edição de luxo, feita para ser de luxo) de Corte de Névoa e Fúria. O livro saiu aqui por R$ 109,00, com um marcador de brinde.

E não, gente, não foi o marcador que deixou a pré-venda cara. Foi a edição especial, porque ela é feita para isso. Se o livro tem um acabamento especial, ele fica mais caro de produzir. Se o livro tem papel de alta qualidade, ele fica mais caro de produzir. E eu nem entro no fato de ser um livro da Sarah J. Mass, que deve ter um adiantamento de muitos e muitos reais por direitos autorais, tendo o nome que tem.

Por que os livros estão tão caros?

Se você considerar que as últimas pré-vendas de editoras grandes como a Intrínseca e a Morro Branco não saíram por menos de R$ 69,90 para livros de capa COMUM, com papel normal, sem acabamento nem nada, essa EDIÇÃO ESPECIAL DE COLECIONADOR tá num preço compreensível.

E a edição normal de Corte de Névoa e Fúria tá R$ 41,90 na Amazon, até o momento em que fiz esse post. Tá na média de preço de livros do tipo, então essa edição extra é sim para quem quer ter uma coisa especial e luxuosa em casa.

Não tem como dizer que não entende porque os livros estão caros. Sim, é complicado. Sim, fica bastante inacessível. Mas não, não é um absurdo do ponto de vista logístico e racional.

Tudo no Brasil está caro. O livro não é exceção.


Existem alternativas? Claro. Várias editoras estão lançando edições mais simples, com papéis finos e de menor demanda, pra dar uma driblada nos preços - como foi o caso da Intrínseca com Sol da Meia-Noite (e todo mundo reclamou na época, porque deus me livre papel fino barateando livro, né?!); mas o drible vai até certo ponto, ainda mais considerando a comunidade bookstan que acha que é o brinde que aumenta o preço do livro...

Aqui eu não entro em questão de livros digitais e preços de e-books porque não trabalho na área e não sei como funciona a taxação de edições do tipo.

Por que os livros estão tão caros?

Mas aí o que podemos fazer? Comprar em promoção. Esperar cupons de desconto. Aguardar aquelas semanas de ofertas que as grandes redes de venda como a Amazon, Submarino e Americanas sempre fazem. Comprar em várias parcelas.

Ter ciência de que os livros estão caros por motivos que reclamação nenhuma vai mudar - mas um botãozinho da eleição talvez ajude. É uma crise, e a gente tem que colocar nossa cabeça no lugar dentro desse cenário. Tem centenas de livros que eu queria muito estar comprando em pré-venda, mas é um momento de prioridade.

E não me venha falar em pirataria porque eu vou te deixar falando sozinhe. No mercado que a gente tá, a pirataria só atrapalha a chance de você ver aquele livro desejado, ou aquela série querida, sendo publicados ou finalizados. Mas isso é discussão pra outro dia.

As editoras estão fazendo o que podem do lado delas, a gente faz o que pode do nosso.

3 comentários:

  1. Olá, Denise.
    Eu sai do grupo do Zap da CIA porque cansei de ver o povo usando o preço do livro como desculpa para "pegar" PDF. Acho um absurdo isso vir de blogueiros ainda por cima. E como você disse, está caro, mas se pensar que um pé de alface custa 6,00 reais. E um lanche? E a gente não paga? Eu espero promoções e pego cupons e assim vamos indo.

    Prefácio

    ResponderExcluir
  2. Fui outro dia passear em umas livrarias, até quis ver o preço de uns livros, mas não tinha me tocado que andavam tão caros. Tenho diminuído os livros que compro ao ano. Tanto que sai apenas com um porque encontrei ele por $10 e ainda era um que eu queria para começar a completar a minha coleção espírita.
    Mas gosto mesmo é de esperar promoções, ou então garimpar por aí em algum sebo.

    Blogger | Instagram | Pinterest

    ResponderExcluir
  3. Oi Denise! Hoje compro bem menos livros e espero promoção ou arrumo cupom. Realmente os preços estão altíssimos e não tem muito para onde correr. Tudo está muito caro.


    Bjos!! Cida
    Moonlight Books

    ResponderExcluir

Deixe seu comentário, sua opinião é sempre muito bem-vinda!



@QueriaEstarLendo