Controle remoto: A Substância - Queria Estar Lendo

Controle remoto: A Substância

Publicado em 8 de nov. de 2024

Controle remoto A Substância

Assisti um dos filmes de horror mais hypados atualmente! A Substância é dirigido por Coralie Fargeat, a mesma diretora de Vingança, e estrelado por Demi Moore e Margaret Qualley e faz um excelente estudo de personagem ao falar sobre o envelhecimento e pressão da indústria cinematográfica.

Sobre a história de A Substância


Elisabeth Sparkle era a estrela do seu programa matinal de exercícios, mas ela acaba de fazer 50 anos e o estúdio está prestes a demiti-la. Eles precisam de uma mulher jovem para representá-los. Ninguém quer ver uma cinquentona na sua TV.

Em crise, ela recebe um convite misterioso de uma empresa sem nome. A oferta fala sobre a substância: uma injeção que vai dar vida à melhor versão dela. Elisabeth aceita e, em circunstâncias sinistras, recebe os aparatos para fazer isso acontecer. Uma injeção para ativar e uma série de regras, sendo a mais importante delas a de que sete dias é o máximo que a outra versão dela pode ficar ativa.



Quando Elisabeth se injeta com isso, um clone mais jovem dela nasce e passa a viver a sua vida. O problema é que Sue, a sua melhor versão, não quer viver à sombra de Elisabeth, e um conflito de interesses movido por ego e narcisismo começa a movê-la. Quando as regras da substância começam a ser quebradas, coisas terríveis passam a acontecer.

O que eu achei do filme


Maravilhoso! Vale todo o hype que está tendo, e mais. A Substância é um horror psicológico, a meu ver. Tem a questão com o gore (e tem muito body horror, tá?), mas a parte que realmente perturba tem a ver com a pressão e perturbação que movem a Elisabeth e todo o egoísmo e a prepotência da Sue.

Controle remoto: A Substância

É um conflito de interesses nascido da mesma pessoa. Uma que já viveu e só queria continuar tendo a chance de continuar brilhando e a outra que acabou de nascer e está ansiosa para viver o máximo que a vida tem a oferecer.

A Substância é um estudo de personagem muito bem feito. Trata dos dilemas sobre envelhecimento, a pressão da indústria cinematográfica (e do mundo) sobre as mulheres muito bem. Fala abertamente sobre a violência que cometemos com a gente ao tentar alcançar padrões impossíveis de beleza. Com sensibilidade, a história que é contada não mede esforços em mostrar como o mundo olha de maneira diferente para uma mulher de 50 anos e uma em seus 20, e como uma mulher de meia-idade passa a se olhar por causa da influência do mundo.

Esse tratamento para com a personagem é representado asquerosamente (isso é um elogio) pelo Dennis Quaid, que interpreta o chefão da empresa. Com Elisabeth, é uma frieza. Com a Sue, é uma objetificação exacerbada. Ela é um sorriso, um produto, uma estrela. A Elisabeth era o lixo a ser descartado na sexta-feira.


Tem tantas camadas nessa história que é quase impossível cobrir tudo num texto só! É uma crítica à indústria cinematográfica, farmacêutica, de cosméticos, plásticas, tudo. É também uma crítica à sociedade, por julgar e objetificar e tratar as mulheres como produtos a ser descartados quando "passou do prazo" estabelecido. É uma crítica às pessoas que se submetem a isso, à lavagem cerebral que a mídia faz com a cabeça delas, ao ego. É uma conversa sobre como o amor próprio é difícil de ser construído, mas fácil de ser destruído.

As atrizes principais estão um espetáculo. A Demi Moore entrega toda a frustração e a raiva que a Elisabeth vai carregando no passar do filme, num tom quase cômico em alguns momentos, tamanho absurdo. Enquanto a Sue da Margaret é angelical e adorável em alguns momentos e um capeta completo em outros (na maior parte deles), representando muito da ambição.

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A montanha-russa do horror começa quando a Sue passa a abusar da substância. Eu também gosto de pensar numa alegoria às drogas e ao escapismo que muitos artistas escolhem viver. Apesar das maravilhas - vividas pela Sue - tem os horrores - vividos pela Elisabeth. E bicho... quanto horror.

O body horror de A Substância é magistralmente desenvolvido com próteses artificiais e vai ficando mais e mais grotesco com o passar do filme. O final é um surto completo, no melhor sentido da palavra e do horror. Uma consequência radical ao que Elisabeth, e Sue, escolheram viver.

Controle remoto: A Substância

Eu poderia passar horas falando sobre esse filme, mas a graça de assistir ele sem saber muito é justamente as surpresas e os terríveis acontecimentos que permeiam a personagem. Se você tem estômago fraco para sangue, violência gráfica e body horror, fica aí o aviso de que é um filme pesado.

A Substância me impactou em todos os sentidos, e com certeza vou pensar nesse filme por um bom tempo.


Um comentário:

  1. Oie., Nizz. Assisti esse filme esses dias, e no começo eu não gostei não, eu não curto tanto roteiros com menos diálogos e mais jogos de câmera, mas depois que a relação entre a Sue e a Elisabeth foi ficando mais intensa, eu senti que o filme foi me ganhando. Só o final que eu achei demais kkkk senti que a história se passou e poderia ter terminado antes. Mas gostei da crítica e foi uma experiência diferente.
    Beijo!
    https://www.capitulotreze.com.br/

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