Do original, We Hunt the Flame, A Caçadora de Arz foi a nossa terceira leitura do Clube do Livro do QEL. A história de Hafsah Faizal acompanha dois pontos de vista, de uma caçadora e de um príncipe assassino. Enquanto ela corre contra o tempo para tentar recuperar um artefato que pode trazer a magia de volta ao mundo, ele a segue para matá-la.
Se gosta de histórias de fantasia com aventura, vai gostar de:
O mundo de Zafira sempre foi frio e desolado. Sua cidade é cercada por uma floresta mortífera, chamada Arz, que tem se expandido com o passar dos anos. Tudo que ela toca enlouquece. Todos que entram nela não voltam. Exceto Zafira, que parece ter algum controle nas sombras de Arz. Por isso, ela é a única caçadora da cidade. A melhor que existe, fez um legado com o seu nome; mas ninguém sabe que é uma mulher debaixo das roupas do Caçador.
E é por isso que ela é convocada para atravessar Arz e o deserto além dele, em busca de um tesouro antigo que pode restaurar a magia do mundo.
O mundo de Nasir sempre foi violento e desolador. Ele é um dos assassinos reais, impiedoso e mortífero. Obedece ao pai, o sultão, porque sentiu na pele o que significa desobedecê-lo. E é por isso que ele é convocado para caçar o Caçador.
A Caçadora de Arz tinha potencial. A ambientação é incrível, traz uma riqueza cultural muito grande que quebra os padrões de livros de fantasia que a gente vê aos montes, e oferecia um leque de personagens muito interessante. Uma pena que o desenvolvimento deixou a desejar.
Vou começar com os elogios. Como comentei, a ambientação é realmente maravilhosa. A autora nos apresenta esse mundo cinzento depois que a magia se foi; reinos abandonados à própria sorte, comandados por um sultão cruel. Já vimos isso em outras inúmeras fantasias, mas gostei do que a história fez aqui contornando esses clichês.
A Caçadora de Arz é inspirada em várias lendas do Oriente Médio. Isso contribui na riqueza do universo, na diversidade visual que a autora nos propõe a conhecer. A questão com a floresta assombrada e a ilha que guarda todos os monstros desse mundo é muito legal; toda vez que isso era citado no livro, eu devorava essa parte da história. Como o mundo foi criado, como ele entrou em colapso, o que aconteceu para a magia sumir, é tudo muito instigante e bem usado pela história.
Outro ponto alto foi inclusive a questão mística da trama. Vemos poucos traços de magia pelo mundo justamente pela questão com o sumiço dela, mas ela existe ali no deserto, na ilha, nas criaturas místicas que atravessam o caminho dos protagonistas. Eu espero que a autora explore ainda mais disso no segundo volume da duologia, porque aqui foi só uma palhinha do que podemos realmente ver.
Também gostei demais do desenvolvimento de alguns personagens, como o Altair. Ele parecia, a princípio, aquele arquétipo de "personagem sarcástico que só está ali para ser charmoso", mas, como outros como ele, ganha um destaque grandioso e ainda me surpreendeu com as reviravoltas às quais foi inserido.
Agora, para as críticas. Faltou desenvolvimento. Em tudo. A autora parecia ter preguiça de desenvolver um pouco mais das descrições para garantir que os leitores entendessem onde estavam, o que os personagens estavam sentindo, como esses sentimentos cresceriam e se transformariam.
Tudo é muito imediatista. E, num livro de quase 500 páginas, isso é surpreendente. Porque o que tomou A Caçadora de Arz foi enrolação. Meu deus do céu, do começo ao fim parece que a história não saiu do lugar, apesar de ter saído. As informações do final foram jogadas na nossa cara de qualquer jeito e o gancho para o segundo volume mais me frustrou do que instigou a ler.
Zafira e Nasir são dois grandes clichês da fantasia YA, sim. Ela é praticamente a Katniss Everdeen (caçadora que alimenta a família, tem uma mãe catatônica depois da morte do pai, uma irmã enfermeira, um melhor amigo apaixonado por ela que ela não consegue retribuir os sentimentos, é exímia em arco e flecha). O Nasir é o garoto triste e solitário que sofre com um familiar abusivo e desconta isso na violência que emprega em seus alvos.
Não vejo problema no clichê, contanto que a história ofereça um desenvolvimento interessante para o relacionamento entre eles. Mas deu pra sentir no meu tom ali que não rolou isso, né? Rola um instalove tão absurdo entre os dois, e uns saltos de crescimento tão sem sentido.
E o instalove. Meu deus do céu, que coisa mais forçada. Nasce um sentimento ali entre os dois que surge do mais absoluto nada, de mínimas interações que não passam química, muito menos conexão emocional. A relação da Zafira com o amor é interessante, mas tão mal explorada quanto todos os outros dilemas que o livro apresenta para os personagens.
Eu passei o livro inteiro shippando os dois com personagens que não eram os dois. E um dos meus ships, inclusive, foi arruinado com um plot twist digno de Cassandra Clare. Vou fechar as rodovias em protesto!
Das 480 páginas de A Caçadora de Arz, 300 são pura enrolação. Eu juro. Enquanto o começo instiga com os mistérios, o meio se arrasta de tal maneira que eu me recusei a acreditar naquele final corrido. Tudo "se resolve" em menos de 40 páginas. É apressado e desinteressante, com decisões abruptas e resoluções do surgem do mais absoluto nada.
Num contexto geral, A Caçadora de Arz tinha potencial mas acabou desperdiçando. Tudo o que eu mais queria ter visto a autora explorou pouco e o que não me interessava tomou centenas de páginas. Eu ainda vou ler o segundo porque o gancho do fim me instigou, mas não rendeu aquele surto de "meu deus, preciso do segundo AGORA". Vai ser uma leitura pra acontecer eventualmente em algum momento.
Sinopse: Zafira é a Caçadora, uma jovem que se disfarça de homem para enfrentar a floresta amaldiçoada de Arz e alimentar seu povo. Nasir é o Príncipe da Morte, um assassino impiedoso que obedece às ordens de seu autoritário pai, o sultão. Se a verdade sobre Zafira fosse exposta, todas as suas conquistas seriam rejeitadas; se Nasir demonstrasse compaixão, seu pai o puniria de maneira brutal. Ambos são lendas vivas no reino de Arawiya, mas nenhum deles quer ser. Uma guerra espreita no horizonte e a floresta de Arz cresce mais a cada dia, envolvendo a terra em sombras. Quando Zafira embarca numa missão para encontrar um artefato perdido capaz de restaurar a magia ao seu mundo sofrido e deter Arz, Nasir é enviado pelo sultão em uma missão semelhante: recuperar o artefato e matar o Caçador. Mas um mal antigo se revela à medida que a jornada se desenrola e o prêmio que procuram pode representar uma ameaça maior do que qualquer um poderia imaginar. Situado em um mundo ricamente detalhado inspirado pelos antigos impérios do Oriente Médio, A Caçadora de Arz é uma história emocionante sobre a superação dos medos e a retomada da própria identidade.
Título original: We hunt the flame
Autora: Hafsah Faizal
Tradução: Flávia de Lavor
Editora: Morro Branco
Gênero: Fantasia
Nota: 2
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário, sua opinião é sempre muito bem-vinda!