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Controle Remoto: The Mask You Live In

Publicado em 29 de ago. de 2017

Controle Remoto: The Mask You Live In

The Mask You Live In (A Máscara na qual Você Vive, em tradução livre) é um documentário que hoje está disponível no netflix e levanta uma discussão sobre o conceito tóxico de masculinidade, que em essência, é uma rejeição massiva do feminino, e como isso afeta os garotos.

Através do depoimentos de crianças, adolescentes e homens adultos, e também especialistas em neurologia, psicologia, educação e ciências políticas e sociais, o documentário se propõe a abranger a questão da construção da masculinidade e como a sociedade exige que os garotos provem, vez e outro, que são "homens o suficiente" de forma agressiva e ampla.

A discussão lembra que masculinidade (assim como feminilidade) não é algo natural, mas uma construção social que se baseia na completa rejeição do oposto. Desde muito cedo, os meninos são ensinados a agir "como um homem": não demonstrar emoções, não chorar, demonstrar interesse em esportes, ser "pegador", resolver seus problemas através da violência, encontrar validação através do sucesso financeiro. E se existir qualquer deslize nesses itens, nós, como sociedade, exigimos, através da humilhação e ridicularização -- que muitas vezes levam a respostas explosivas e violentas -- que ele se retrate 

A forma como socializamos os garotos exige deles um padrão de comportamento irreal e inalcançável, especialmente quando os ensinamos que eles são o gênero dominante da sociedade e exigimos que eles guardem todas as suas emoções, problemas e sentimentos para si mesmo. Esse combinação, em particular, mostra-se completamente perigosa para o convívio social, retornando na forma de misoginia e machismo.

Controle Remoto: The Mask You Live In

Ensinamos aos garotos que um homem de verdade consegue o que quer, que um homem de verdade é um pegador e que um homem de verdade não fala sobre como se sente, e depois nos mostramos chocados e sem entender o que leva um estudante a abrir fogo contra seus colegas de universidade, em especial contra as garotas de uma certa irmandade que tinham o rejeitado -- como foi o caso do atirador de Isla Vista, nos EUA, em 2014. 

A socialização dos garotos, com a persistente ideia tóxica de masculinidade como uma compulsória repulsa pelo feminino, leva a um contigente de homens que são menos capazes de serem empáticos e carinhosos, e embora a discussão esteja se ampliando e a cultura alterando, ainda insistimos em papeis tradicionais que levam a perpetuação de papéis de gênero tóxicos, onde não encaixar no que é esperado de "masculino" torna você um pária.

A primeira vez que eu assisti ao documentário foi assim que ele entrou na netflix, e ele veio para agregar informações e dados importantíssimos as minhas descobertas sobre o feminismo. Falamos muito sobre o machismo e como combatê-lo nos meios mainstream, mas pouco falamos da origem dele, que não é apenas na construção do feminino. 


Falamos constantemente sobre deixar as crianças brincarem com o que querem, usarem a cor que quiserem, insistimos que não existe "brinquedo de menina" e "brinquedo de menino", mas não nos aprofundamos muito no assunto para apontar e dizer "olha, é aqui que está nascendo o problema".

Acredito que The Mask You Live In é um adendo importante na nossa luta diária contra o machismo e a misoginia, porque as mulheres são as principais vítimas, mas os homens os principais perpetradores da violência de gênero, e compreender as raízes e como reagimos e continuamos a disseminá-la, é também um caminho para iniciar -- ou dar continuidade -- a transformação.

8 comentários:

  1. Oi Bibs!
    Não conhecia esse documentário, mas fiquei interessada! Realmente os meninos e homens também sofrem muito com o machismo... O feminismo, que é a luta por direitos iguais, pode ajudar a mudar isso.

    Beijos,
    Sora | Meu Jardim de Livros

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    1. Oi, Sora!
      Acabar com o machismo só vai deixar o mundo melhor pra todo mundo, né.
      Indico fortemente o documentário!

      bjs

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  2. Oi, Bia!
    Eu não conhecia o documentário, mas gostei muito do assunto abordado.
    O que mais me choca é que, por conta desse negócio de "ser homem", os homens sofrem bastante pressão e por isso a taxa de suicídio entre eles é bastante alta.
    Beijos
    Balaio de Babados
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    1. Sim, Luiza!
      O documentário também aborda isso. Quando os garotos chegam a adolescência, eles são 7 vezes mais prováveis de cometerem suicídio do que as garotas da mesma idade. Essa noção de masculinidade só está prejudicando os meninos, é um impacto emocional e psicológico muito grande e perigoso. :/

      bjs

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  3. Olá!
    Eu adoro assistir documentários, e não sabia desse que está na Netflix. Achei super interessante e vou assistir
    Beijos,
    Meise Renata.
    viciadas-em-livros.blogspot.com.br

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    1. Oi, Renata!
      Também adoro documentários, a Netflix tem alguns super legais.
      Espero que você ache esse tão produtivo quanto eu achei!

      bjs

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  4. Olá, Bibs.
    Não sou muito de assistir documentários. Mas pelo tema abordado eu me interessei bastante em assistir esse. Acredito que esse é um problema que muitas vezes é causado pelos próprios pais quando os garotos são ainda crianças. Vou anotar aqui para assistir.

    Prefácio

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  5. Oi, Bibs

    Achei o tema do documentário excelente. E o engraçado é que nas postagens do Facebook em que alguém levanta algo sobre machismo os próprios homens vêm atacar as mulheres como se nossa opinião ferisse o direito deles de agir de determinada forma.

    Já tive problema até dentro de casa sobre a questão do que é de menina e o que é de menino... mas no caso foi com o desenho Ladybug e um abençoado chegou e falou pro meu sobrinho assistir desenho "de homem", que, por sua vez, sempre são violentos.

    Enfim, eu não sou de assistir documentário, mas por esse me interessei.

    Beijo
    - Tami
    http://www.meuepilogo.com

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