Uma
tocha na escuridão é o segundo volume da quadrilogia Uma chama entre as cinzas,
da autora Sabaa Tahir. Com o lançamento eminente do quarto volume, decidi que
era hora de voltar para a série, relembrar o primeiro volume e seguir em
frente. E talvez eu tenha chegado um pouco tarde nessa leitura.
Se você gosta de histórias assim, vale a pena conhecer:
Essa
resenha vai conter spoilers do primeiro volume.
Depois
de fugir, Laia e Elias começam uma jornada para resgatar o irmão dela, Darin,
que está em uma prisão perigosa e mortífera a uma distância impossível. Eles
sabem que estão correndo contra o tempo, com o novo imperador ordenando uma
caçada a Elias e a comandante se erguendo como uma sombra cada vez mais
ameaçadora. Mas Darin pode ser a única esperança da rebelião, e por isso eles
precisam tentar.
Do
outro lado da moeda, Helene é a Águia de Sangue, o que significa que servir ao
imperador e ao império deve vir antes de qualquer coisa – em relação ao seu
coração, sua família e amigos. A ela cabe a missão de rastrear e capturar
Elias, mas como fazer isso quando há tanto conflito em suas ações?
Uma chama entre as cinzas foi uma das minhas leituras favoritas em 2015, antes de
sair por aqui. Relendo esse ano, encontrei uns pontos que já não me agradam
mais em fantasia – como o instalove e as enrolações desnecessárias comuns em YA
do tipo.
Laia. A garota erudita. Outra chama esperando para queimar o mundo.
Uma
tocha na escuridão acabou caindo nesses mesmos problemas; mas, depois da
repetição que foi no primeiro volume, só me encheu mais as paciências.
Não
é um livro ruim, mas é um livro enrolado. Ele tem conflitos interessantes, boas
cenas de ação, mas acaba ficando tudo no mesmo tom. Acontece uma coisa,
acontece uma ação, eles voltam ao marasmo daquela coisa. Personagem A se atrai
por Personagem B enquanto Personagem C fica de olhares irritados e ciumentos.
Sabe? É muito chato. Muito enfadonho. Não acrescenta em nada.
O
instalove dessa série é simplesmente imperdoável. O único casal que tem um
pouco mais de química – e isso por causa da construção de amizade entre eles –
é Elias e Helene, e olhe lá. As tentativas chatas de tentar fazer Elias/Laia ou
Laia/Keenan acontecer se tornam insuportáveis com o passar das páginas, e eu
tirei uma estrela inteira do livro só por isso.
Não
tem substância. Não tem emoção. Não tem nada que te faça acreditar que os
sentimentos descritos realmente estão ali. É pura e simplesmente instalove
porque eles se conhecem a pouco tempo; se ela tratasse como uma atração, eu
entenderia, mas a narrativa faz parecer que é algo grandioso em todos os lados
quando... Não é. Não chega nem perto disso. Só atrapalha o desenvolvimento
individual de cada personagem.
Eles
ficam presos a coisa do “ai mas o Elias pensa assim sobre a Laia” ou “a Laia
sabe que é importante e forte porque o Elias comentou isso com ela” pra dois
segundos depois estar olhando pro Keenan e pensando que está apaixonada por
ele. CHEGA!
Chato,
chato, chato.
Por
causa disso, como eu comentei, as jornadas acabaram não me agradando tanto. A
do Elias, principalmente. Putz, amigo, pra alguém tão foda, tão elogiado, um
soldado tão “olha é ele quem vem passando”, tu só toma decisão estupidamente
burra. Mesmo quando ele agia racionalmente, ainda tinha uns escorregões que eu
não perdoo em personagem dito tão fodão.
- Enquanto combater a escuridão, você ficará na luz.
A
Laia teve bons momentos, especialmente em relação à própria força e sua
história, e momentos em que, de novo, o romance e sua relação com os
personagens masculinos atrapalhavam tudo. Helene e Laia seria um ship muito
mais dramático e interessante, mas a cultura hétero estraga tudo.
Em
duas cenas elas tiveram mais química do que a Laia com todos os personagens
masculinos.
As
descobertas que a Laia faz sobre si mesma, sobre sua família, sua relação com a
rebelião – em questão de sentimentos e de força – é muito, muito interessante.
Ela é uma personagem feminina incrível e que merecia muito mais do que os plots
que sempre acabam voltando a flertes e beijos e etc.
E,
desculpa, mas é isso o tempo todo, sabe? Mesmo sozinha, sua mente acabava
voltando para o Elias ou para o Keenan, mesmo em situações de risco, mesmo em
situações de confusão. Não tem graça, não tem apelo. Os dramas solitários dela
são ótimos, a história dela é ótima. O instalove só arruína tudo.
Por
fim, a salvação de tudo, Helene. Assim como a Laia, ela é uma força a ser
reconhecida; assim como a Laia, ela tem uma jornada solitária. Vive conflitos
pra lá de complexos e impiedosos, à sombra de um imperador cruel, cercada por
políticos e generais que não veem nela a Águia de Sangue que deveriam
reconhecer.
Eu
sou apaixonada pela composição da Helene. Uma Máscara que vê sua realidade
dividida porque o melhor amigo traiu o império por uma causa estranhamente
justa; quanto mais Helene se aproxima das verdades sobre o governo ao qual
jurou lealdade, mais entende a sombra que ele representa. E mais tem seu
coração testado por isso.
- Mas você, Helene Aquilla, não é uma faísca que consome rapidamente. Você é uma tocha na escuridão... se tiver coragem de se deixar consumir pelas chamas.
Eu
amo essa mulher, e amo tudo que ela vive nesse livro. São capítulos tensos,
reviravoltas intensas e um final devastador.
Falando
em reviravolta, eu tiro um parágrafo da resenha pra deixar o meu “sério?” pro
plot twist ali do final. Foi tão súbito e sem sentido que eu realmente não
consegui comprar. E pensar em toda a relação dessa reviravolta com as
personagens que a cercam, especialmente uma personagem, é pra lá de creepy.
Em
relação ao resto, os plots se desenvolvem bem. Tem uma lentidão extremamente
arrastada no decorrer do livro todo, mas com a sensação de urgência por causa
de uma coisa que aconteceu a determinado personagem no começo do livro. Sempre
naquele passo de “o tempo está correndo e acabando”.
Uma
tocha na escuridão não foi bem o que eu esperava. Não é um livro ruim, porque
toda a composição política e bélica do império que a Sabaa criou é brilhante. É
realista em sua crueldade e opressão; é complexa nos desdobramentos que a
história apresenta. O mundo mágico também é incrível, com criaturas saídas de
fábulas para aterrorizar personagens e apresentar novos caminhos a eles.
O
que estraga mesmo é o romance, e ele está ali o tempo todo para ser ignorável
ou fingir que não existe. Eu espero que o próximo livro suma com isso, ou que
diminua de intensidade no decorrer das páginas. Tô curiosa para saber o que vai
rolar com a Laia e com a Helene, especialmente por causa do fim desse.
Sinopse: O segundo livro da história épica e eletrizante sobre liberdade, coragem e esperança. Ambientado em um mundo brutal inspirado na Roma Antiga, "Uma Chama Entre as Cinzas" contou a história de Laia, uma escrava lutando por sua família, e Elias, um soldado lutando pela liberdade. Agora, em "Uma Tocha Na Escuridão", ambos estão em fuga, lutando pela vida. Após os eventos da quarta Eliminatória, os soldados marciais saem à caça de Laia e Elias enquanto eles escapam de Serra e partem numa arriscada jornada pelo coração do Império. Laia está determinada a invadir Kauf, a prisão mais segura e perigosa do Império, para salvar seu irmão, cujo conhecimento do aço sérrico é a chave para o futuro dos Eruditos. E Elias está determinado a ficar ao lado dela - mesmo que isso signifique abrir mão da própria liberdade. Mas forças sombrias, tanto humanas quanto sobrenaturais, estão trabalhando contra eles. Elias e Laia terão de lutar a cada passo do caminho se quiserem derrotar seus inimigos: o sanguinário imperador Marcus, a cruel comandante, o sádico diretor de Kauf e, o mais doloroso de todos, Helene - a ex-melhor amiga de Elias e nova Águia de Sangue do Império. A missão de Helene é terrível, porém clara: encontrar o traidor Elias Veturius e a escrava erudita que o ajudou a escapar... e acabar com os dois. Mas como matar alguém que você ama desesperadamente?
Título original: A torch against the night
Autora: Sabaa Tahir
Editora: Verus
Tradução: Jorge Ritter
Gênero: Fantasia
Nota: 3,5
Oie
ResponderExcluirFaz tempo que não leio livros de fantasia, sou mais dos romances. Acho lindas as capas, mas ainda não me despertou interesse. Adorei saber sua opinião sobre.
Beijinhos
https://tecendoaliteratura.blogspot.com/
Tenho a impressão que sofri mais nesse volume e gostei bastante dele. É uma pena que não tenha gostado tanto.
ResponderExcluirBjs
Imersão Literária
Oi, Nizz
ResponderExcluirLi a resenha já com um certo receio porque eu odeio quando o autor fica brincando com a porra dos relacionamentos durante a trama, é algo que eu ODEIO! Nem li ainda o primeiro mas já sei que vou passar raiva KKKK Eu estou esperando os volumes chegarem, espero gostar!
Beijo
https://capitulotreze.com.br/
Finalmente alguém que pensa igual a mim, mulher, tu falou tudo que eu tava pensando
ResponderExcluirLAIA ENCONTRA O IRMAO NO PRIMEIRO LIVRO ?
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