Resenha: O Olho do Mundo - Robert Jordan

O primeiro volume da série A Roda do Tempo, do autor Robert Jordan, finalmente chegou para mim, bem a tempo de me afundar nesse universo antes da estreia da adaptação. O Olho do Mundo é um primeiro livro extremamente cativante, que abre as portas para um mundo de fantasia de roubar o fôlego.

Se você ama o melhor da fantasia, conheça:

• Mistborn, de Brandon Sanderson
• Filhos da Degradação, de Felipe Castilho
• A Quinta Estação, de N.K. Jemisin

No passado, uma Guerra rompeu o mundo, mas os acontecimentos daquele grande conflito se perderam no tempo, transformando-se em lendas. Sombras estão se reerguendo, no entanto, e podem significar a ascensão de uma das muitas antigas profecias; a que falava sobre um Dragão Renascido, aquele que pode batalhar contra esse mal terrível.

E é no vilarejo de Dois Rios, perto de um festival há muito aguardado, que nossa história começa. Conhecemos Rand, Perrin e Mat, melhores amigos que estão muito confortáveis com a simplicidade e o isolamento daquele lugarzinho. Com a chegada do festival, chega também um menestrel - e dois estranhos, um homem e uma mulher, de aura misteriosa, que trazem consigo falas intensas e olhares mais ainda.

É noite quando esse vilarejo é atacado por criaturas que, até então, pareciam personagens de lendas esquecidas; Rand, Perrin e Mat, junto aos dois estranhos, o menestrel e Egwene, uma garota aventureira do vilarejo, precisam partir. Seu destino está conectado ao da Roda do Tempo e de tudo que rege aquele mundo, porque um deles pode ser o escolhido para selar uma antiga profecia.

O Tenebroso está voltando, e eles têm que correr contra o tempo para pará-lo.

O girar da Roda do Tempo não tem inícios nem fins. Mas era um início.

O Olho do Mundo é tão grandioso quanto o tamanho da série. São quatorze volumes, e entende-se logo nesse primeiro o motivo para isso; A Roda do Tempo é imensa. Em detalhes, curiosidades, construção de universo, sistema de magia. 

Esse primeiro livro é uma jornada, pura e simplesmente. Eu me senti nos meus jogos de RPG favoritos, avançando por territórios desconhecidos, desbravando novos perigos, com uma missão principal para alcançar - distraída por outras dezenas de missões secundárias.

Robert Jordan abre sua série de maneira espetacular. É tudo de uma grandiosidade tão desconcertante, tão apaixonante, que eu simplesmente não conseguia parar de ler. O Olho do Mundo tem tudo que uma alta fantasia precisa para cativar.

É o tipo de história que fãs de O Senhor dos Anéis vão se afundar, porque tem aquela nostalgia que só voltar para a Terra-média poderia causar; personagens carismáticos muito bem construídos - e de personalidades marcantes bem diferentes entre si - uma aventura grandiosa, perigos imensuráveis e crescentes e um inimigo maior se tornando mais e mais instigante a entender e decifrar para (tentar) derrotar.

Eu sou apaixonada por mundos fantásticos, e o que Jordan construiu aqui é de encher a imaginação. Tudo é vivo nas páginas desse livro; as paisagens, as cenas de luta, as viagens, as cidades que visitam e as que deixam para trás, os protagonistas e seus companheiros. A Roda do Tempo me conquistou pela grandiosidade que entregou logo nas suas primeiras 100 páginas. Até o fim do livro, eu já me sentia familiarizada e parte daquele universo.

O leque de personagens principais que compõem essa jornada é fascinante. Rand, Perrin e Mat, garotos saídos de uma realidade rural e pequena, confrontando a enormidade do mundo lá fora com o perigo em seu cangote. Eles estão em constante ameaça, e eu gostei de como continuaram agindo de maneira verossímil às suas personalidades.

Rand, o protagonista de fato, é um pouco descabeçado e saudoso. Apaixonado por Egwene, fiel ao pai e à memória de casa, tudo que ele quer é seguir viagem para garantir que o que ele ama e quem ele ama estará a salvo - mas o preço para isso o apavora, especialmente com a crescente dos horrores em seu caminho.

- Nas guerras, garoto, tolos matam outros tolos por causas tolas.

Perrin foi meu favorito; muito garoto com coração de ouro, ele tem uma virada interessante na história, lá pela metade do livro, que eu não esperava e que definitivamente reserva grandes surpresas no futuro para ele. Mat, o que eu menos gostei, ainda entregou boas cenas; era o mais irritante e burro (todo grupo precisa de um desses) e a quantidade de estupidez não valia pelo pouco carisma. Mas vá lá, dá pra simpatizar com ele às vezes.

Egwene, a garota aventureira do grupo, está ali mais do que por uma aventura. Mas a surpresa em relação a ela é a melhor parte, então vou deixar aqui meu elogio e amor à personagem. Além dela, Nynaeve é outra figura importante no desenrolar da história.

Onde Egwene é gentileza e empatia, Nynaeve é força e teimosia. E vocês sabem que eu amo uma personagem teimosa, então fica aqui outra parte do meu amor para Nyn; por tudo que ela representa, sendo mais velha do que o grupo - como uma irmã cuidadosa, preocupada com seus caçuças - e pela jornada que tem pela frente.

A Roda do Tempo é uma série regida por personagens femininas poderosas, e eu amei amei amei a construção de mundo por isso. As Aes Sedai, que controlam a magia do mundo e são as responsáveis por mantê-lo em equilíbrio, são fodas demais. E é uma delas que guia nosso grupo em direção à salvação.

Moiraine Sedai poderia me esfaquear e eu agradeceria, esse é o tanto que eu me apaixonei por essa personagem. Sábia e cuidadosa, madura e fria; ela é uma personagem principal cativante por carregar tanto mistério, e por entregar as respostas no tempo certo, garantindo suspense e reviravoltas interessantes. Ela, por si só, é um espetáculo.

E, ao lado de uma Aes Sedai, sempre teremos um Guardião; e o Guardião de Moiraine é Lan, um sujeito sério e sucinto, corajoso até o último fio de cabelo. Eu amei a relação intensa entre os dois, de puro companheirismo e fidelidade. Não há romance entre eles, mas uma irmandade silenciosa, uma devoção quase espiritual. Eu amo esses dois mais do que o universo todo!

Quem sabia o que poderia sair de uma discussão entre uma Aes Sedai e um Guardião?

As cenas de ação são ótimas, e eu gostei de como, para um livro introdutório, O Olho do Mundo conseguiu equilibrar muito bem momentos monótonos de viagem e apresentação de mundo com adrenalina pura em outros.

O sistema de magia é pura e simplesmente UAU. Toda a questão com o Poder Único, os fios que o seguem e que ligam as controladoras a diferentes elementos, mostra a delicadeza com que cada detalhe desse universo foi criado. E as complexidades por trás desse domínio, as histórias antigas que envolvem guerras centenárias, monstros saídos dos maiores pesadelos, seguidores do Tenebroso e de todo o horror que ele quer usar para varrer o mundo. NOSSA!

Eu sinto que não falei o suficiente sobre esse universo, mas é difícil colocar em palavras o que essa história me causou. É uma fantasia completa, capaz de te transportar para esse mundo cheio de perigos, onde o Tenebroso assombra cada canto e sonho, ansioso por ser libertar.

- Lide com a vida conforme ela vier. Fuja quando precisar, lute quando for necessário, descanse quando puder.

Eu mal posso esperar pela adaptação, mas mal posso esperar para continuar mergulhando nesses livros. Tô desesperadamente esperando uma promoção pra comprar o 2 porque o 3 já está em casa, mas essa é a minha nova religião e obsessão, e vocês vão ouvir muito de A Roda do Tempo por aqui!

Sinopse: Um dia houve uma guerra tão definitiva que rompeu o mundo, e no girar da Roda do Tempo o que ficou na memória dos homens virou esteio das lendas. Como a que diz que, quando as forças tenebrosas se reerguerem, o poder de combatê-las renascerá em um único homem, o Dragão, que trará de volta a guerra e, de novo, tudo se fragmentará. Nesse cenário em que trevas e redenção são igualmente temidas, vive Rand al'Thor, um jovem de uma vila pacata na região dos Dois Rios. É a época dos festejos de final de inverno - o mais rigoroso das últimas décadas -, e mesmo na agitação que antecipa o festival, chama a atenção a chegada de uma misteriosa forasteira. Quando a vila é invadida por Trollocs, bestas que para a maioria dos homens pertenciam apenas ao universo das lendas, a mulher não só ajuda Rand e seus amigos a escapar dali, como os apresenta àquela que será a maior de todas as jornadas. A desconhecida é uma Aes Sedai, artífice do poder que move a Roda do Tempo, e acredita que Rand seja o profético Dragão Renascido, aquele que poderá salvar ou destruir o mundo.

Título original: The Eye of the World

Editora: Intrínseca

Autor: Robert Jordan

Tradução: Fábio Fernandes

Gênero: Alta Fantasia

Nota: 5+

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