Resenha: O Bosque das Coisas Perdidas - Shea Ernshaw - Queria Estar Lendo

Resenha: O Bosque das Coisas Perdidas - Shea Ernshaw

Publicado em 15 de jun. de 2022

Resenha: O Bosque das Coisas Perdidas - Shea Ernshaw

Meu primeiro contato com a autora Shea Ernshaw, de A Maldição do Mar, foi incrível. O Bosque das Coisas Perdidas é a história de uma garota herdeira de bruxas. E de um garoto perdido na floresta. E da floresta entre eles. Hoje a resenha é pra falar sobre esse livro!

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Nora Walker vive em uma cabana isolada, em uma floresta antiga, desde sempre. Ela é filha de uma bruxa, neta de uma bruxa, herdeira de bruxas que já se foram. As Walker são conhecidas por serem estranhas. Cada uma delas tinha um poder único. E o livro de feitiço da família fala sobre ele. Mas Nora não tem nenhum. O que faz com que ela se pergunte se é, realmente, parte do legado mágico.

Numa noite de lua cheia, quando visita o Bosque de Vime, um lugar ancestral e terrível que adormece nas luas cheias, Nora se surpreende. Diferente das coisas perdidas, ela encontra um garoto adormecido. E esse garoto sozinho na neve e na escuridão sobreviveu ao Bosque de Vime. Coisa que ninguém consegue.

Ela o leva para casa e descobre que Oliver não se lembra de como foi parar ali. E nem por que. O que desencadeia segredos, mistérios e uma sensação crescente de que tem alguma coisa errada naquela floresta. Mais do que a magia e as sombras.

As histórias que os garotos contam sobre como ela entra no bosque sombrio, um lugar em que ninguém deve entrar, onde encontra coisas perdidas.

O Bosque das Coisas Perdidas foi uma agradável surpresa. Do começo ao fim, é um livro rápido, com uma narrativa simpática. E tem um plot fantástico ótimo! A jornada da Nora envolve entender o mistério. A do Oliver, ser o mistério. E isso culmina em quase 400 páginas de uma fantasia YA em partes sombria, em partes instigante.

Resenha: O Bosque das Coisas Perdidas - Shea Ernshaw

A narrativa de Shea Ernshaw nos apresenta à floresta e seus mistérios. É um lugar vivo, tal como os personagens da história. Assustador, antigo. Cheio de perigos escondidos. É um lugar que a família Walker entendia, mas que Nora não. Porque ela não sabe se é, realmente, uma bruxa.

Ela conhece a história, as receitas da família. Ela e a avó eram muito próximas, e a avó ensinou a Nora tudo que entendia sobre a magia. Mas Nora está sozinha agora. Sozinha em uma casa solitária, no meio de uma floresta solitária. E ela encontra um garoto perdido, em um bosque assombroso. Quais os segredos que Oliver esconde? Por que ele estava lá?

Há mais a temer no coração dos homens do que nessa floresta.

Eu gostei do desenvolvimento da história dos dois. O ritmo da narrativa é acelerado, mas constrói tensão. Apesar de ter adivinhado rapidamente um dos plot twists, o segundo me surpreendeu. Foi bem conduzido pela narrativa, e apareceu no momento certo. Uma reviravolta interessante, ainda que não muito corajosa da parte da autora.

Nora e Oliver são bons protagonistas. Os pontos de vista dela são marcados pela magia ancestral, pelo amor à avó e à família. E pelo medo e reverência à floresta e ao Bosque de Vime. Nora entende o desconhecido. Teme o que não pode controlar. E sabe que, bruxa ou não, aquele lugar antigo merece respeito.

Resenha: O Bosque das Coisas Perdidas - Shea Ernshaw

Oliver, por outro lado, oferece muito ao mistério. Conforme conhecemos mais sobre os arredores, e outros coadjuvantes aparecem para acrescentar tensão à narrativa, mais enigmático o Oliver fica. O que aconteceu com ele para acabar ali naquela clareira sinistra. O que o levou a aceitar a ajuda de Nora. Quem é ele, e qual sua história? São coisas que a história responde aos poucos, nos momentos precisos.

O Bosque das Coisas Perdidas é um mistério em meio à fantasia. Fala sobre bruxas, sobre a juventude e inconsequência. Fala sobre garotos cruéis, solidão e garotas corajosas. Tem um romancinho, mas ele é bem sutil e por isso eu gostei. Não parece repentino, apesar de acontecer cedo, porque se envolve com a magia e o suspense ao seu redor.

Por somos mais trevas do que mulher. Mais sombras do que sol de agosto. Somos as filhas do bosque, minha avó costumava dizer.

A edição da Galera Record tá linda demais, e eu amo o detalhe que eles colocaram na capa, com o brilho localizado nos galhos que formam a arte. Também gostei da tradução do Guilherme Miranda; fez jus à narrativa, que é em partes poética, em partes melancólica e sombria.

Resenha: O Bosque das Coisas Perdidas - Shea Ernshaw

O Bosque das Coisas Perdidas é uma história de bruxas e florestas antigas. Uma história de garotas e garotos solitários. Uma história de coisas perdidas que deveriam ser encontradas. E coisas encontradas que deveriam continuar perdidas.

Sinopse: Nora Walker vem de uma longa linhagem de bruxas naturais e tão antigas quanto o Bosque de Vime. Há quem diga, inclusive, que elas originaram do próprio bosque, com raízes nos cabelos e terra sob as unhas. Mas Nora Walker tem um segredo: ela nasceu sem a dádiva que une as Walker à floresta. Oliver Huntsman também tem seus segredos. Desaparecido por duas semanas desde a noite da nevasca, ele é encontrado por Nora na floresta, mas suas memórias permanecem perdidas. Como o vento que sussurra, os caminhos dos dois se entrecruzam enquanto a magia da floresta permeia um misterioso romance tão real quanto sobrenatural.

Título original: Winterwood
Autora: Shea Ernshaw
Editora: Galera Record
Tradução: Guilherme Miranda
Gênero: Fantasia | YA
Nota: 4


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